"Evidências" - PARTE 3

30 9 22
                                    


5

Já eram cinco e meia quando Bakugo saiu do banho, secando a cabeça com a toalha mal e porcamente, como sempre fazia. A deixou enrolada nos ombros enquanto pegava uma calça de moletom preta para vestir, e uma camisa de manga comprida, uma vez que não fazia mais tanto frio quanto há um mês atrás.

Terminou de passar os braços, voltou pro banheiro, esticou a toalha e foi pra frente do computador. Puxou sua pasta, alcançando o pequeno pacote com chocolates com pimenta. Enfiou um na boca, enquanto ligava e colocava no YouTube, correndo os olhos pelos vídeos recomendados e colocando um do seu canal de culinária favorito em "Assistir mais tarde". Pegou então o papel laranja, e digitou o endereço escrito ali.

A tela se abriu, aparentemente numa música de encerramento de um anime qualquer. "Michiyuki" era o nome, então ele correu para encontrar a letra completa, uma vez que acreditava que aquilo poderia revelar a ele quem tinha entregado a mensagem. O toque suave do piano e a voz encantadora que o acompanhava davam a Bakugo uma sensação de melancolia.

"Mesmo que nos abracemos até que seja sufocante

Jamais nos tornaremos um só

Num lugar mais profundo que a gentileza

Nos tocarmos é apenas dor"

"Que sensação horrível", pensou. Ele sentia como se... fossem duas vontades irmãs, destinadas a não se cruzar jamais. Como o sol e a lua. Como alguém que ele não imaginava que gostaria dele, talvez?

"As verdadeiras palavras estão certamente

Em algum lugar do mundo real,

Se escondendo

Em nossa noite sem palavras.

Mesmo agora"

Palavras realmente não eram seu forte, mas ele tinha melhorado. Algum trauma passado, que ele havia feito na pessoa? Era realmente um enigma que ele estava falhando em decifrar. Pensou talvez na cara de morta, mas que necessidade teria de presenteá-lo e fazer isso? Não fazia sentido nenhum. A cara redonda, talvez? A luta dos dois foi bem brutal no festival... não é como se vivessem em bons termos sempre depois daquilo, mas ela sempre estava com a sapinha...

Pensou um pouco mais e desistiu, daquele ponto em diante não ia dar certo continuar tentando: melhor deixar que o subconsciente faça se trabalho e tente juntar as informações para que elas fizessem algum sentido. E assim ele decidiu se deitar um pouco, ainda pensando o que o nerd de merda ia aprontar em alguns minutos.

Não muito longe dali, dois andares acima, Pandora, Alex e Midoriya andavam de um lado pro outro no terraço. O pobre garoto de cabelos verdes parecia estar com um frio sem noção, de tanto que tremia. Se atrapalhou várias vezes, tropeçando na decoração impecável do brasileiro, que toda hora tinha um mini infarto quando algo era tirado do lugar. Vendo que talvez aquilo estivesse se tornando o prelúdio de um desastre ou de um infarto, a pequena estrangeira puxou o garoto pra um canto e disse:

— Uhm, Izu... por que não desce de uma vez? Vá se arrumar.

— M-mas... não posso deixar vocês na mão, aqui... E-eu preciso aj-

— Às vezes a gente ajuda mais não atrapalhando, meu bem. Vai lá, vai.

Midoriya olhou ao redor, e percebeu que quase tudo estava pronto. Percebeu também Alex num canto, aparentemente conversando sozinho, levando com frequência as mãos à cabeça. Talvez fosse realmente melhor descer e dar conta do resto, faltava pouco pro horário combinado.

CAIXA DE PANDORA - 1º TOMOOnde histórias criam vida. Descubra agora