CAIXA DE PANDORA - 1º TOMO

"Se Você se For" - PARTE 2

3

Dabi observava as câmeras dentro da van de fuga com um interesse parecido com o de Toga. Desde que havia colocado os olhos em Pandora, sentiu por ela o que podia facilmente chamar de apreço, e era a quantidade de afeto que se permitia sentir por hora. A conversa breve nos bancos fez com que ele apreciasse a inteligência, a sagacidade e a língua afiada, apesar de olhar pra ela e ver apenas mais uma pessoa iludida pela podridão da sociedade.

E naqueles minutos breves, entre a explosão de suas esferas e ela ser retirada de cima de Phellipe, o seu sorriso machucou onde os aros seguravam sua pele, de tão aberto. Havia ali algo que podia ser nutrido. Ele mesmo sabia que pessoas não nasciam vilãs, a sociedade as moldava assim, desastre por desastre, dor por dor, desilusão por desilusão. E ver a força da garota, atracada no pescoço do homem ferido, o fez enxergar um diamante bruto. Ela seria uma boa aliada.

Pensou que encontraria mais resistência, mas talvez o entendimento tivesse chegado pra ela ali, naquele momento. Primeiro porque Shigaraki era um desgraçado determinado, ela não teria um segundo de paz; segundo porque aquele era um ponto difícil de voltar atrás: quando você vê a possibilidade de eliminar parte da memória do abuso, ceder aos impulsos assassinos se torna uma opção... muito viável.

E lá estava ele, cantando sua vitória mentalmente, sentindo virem os elogios, depois da entrada triunfal e de mais um dos seus monólogos incríveis, quando a voz da garota ecoou no salão como um gongo:

— ... esqueceu qual era a minha individualidade?

Ele mal teve tempo de pensar o tamanho da merda que tinha feito, quando sua cabeça de repente pareceu que ia explodir numa dor insuportável, seus ouvidos zumbiam alto e ele se viu caindo de joelhos no chão. Pandora, por sua vez, sentiu a "Voice" reverberar em seus ouvidos, e depois dentro de si com um terremoto, fazendo seu nariz sangrar e deixando-a zonza, o que a fez vacilar em sua postura por um instante.

— Pandy! - gritou Kirishima.

Mas a garota ainda se ajeitou ainda a tempo de gritar:

— Deku! Shoto! Tirem o resto das pessoas daqui!

— SIM! - eles gritaram em uníssono.

— Lizardy, White Noise, NÃO SAIAM DO LADO DO ESQUENTADINHO. Mantenham posição, Real Steel, Battle Fist!

— Pode deixar! - disse Tokage.

— VUDUUUUUUUUUUUUUUUUU... - resmungou o loiro.

— Roger! - confirmou Shinso.

— Entendido! - falou Kendo.

— Ninguém chega perto! - afirmou Tetsu, se aproximando de Alex.

Ela então limpou o sangue com as costas das mãos, e se virou pro ruivo ao seu lado:

— Vamos deixar as coisas feias pro lado deles?

— Achei que nunca fosse chamar! - disse o garoto, endurecendo os braços.

— O que você pensa que está fazendo? - perguntou Eraser, achando graça.

Ela olhou pra ele, jogou os braços pros lados do corpo e começou a cobrir seus punhos com o Energy Burst, falando:

— Conduzindo uma missão, sensei.

Pandora então se virou pros vilões caídos, e foi surpreendida por duplicatas de cada uma das pessoas que estavam ali, passando pela porta da cozinha. Os vilões recém chegados, cópias fiéis feitas por Twice, estavam em perfeitas condições. Eles pararam por um instante, perto deles, para tentar observar o que estava acontecendo, mas não tiveram muito tempo, porque a brasileira logo gritou: