CAIXA DE PANDORA - 1º TOMO

"Céu Azul" - PARTE 2

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A quinta cedo levou um sorriso pro rosto da garota, ela adorava as aulas de inglês. Sentiu ter tirado um peso das costas com a conversa do dia anterior, mesmo que tivesse precisado escutar Bakugo gritando com ela por uns cinco minutos sem interrupção "MAS NÃO FOI VOCÊ QUEM FALOU 'CHEGA DE PREOCUPAR VOCÊS'?!". Ele tinha razão de estar bravo. Ainda assim, era bastante coisa pra cabeça da aspirante a heroína, e ainda tinha o fato de ter apenas mais alguns dias de aula.

Depois da aula de japonês, já no ginásio para o treino, Aizawa orientou que ela praticasse seu Mind Chat, achando que talvez ajudasse a garota a relaxar, por não ter que se preocupar com os colegas tentando socá-la ou coisa do tipo. Pandora acreditou que talvez seu alcance melhoraria se ela se concentrasse com mais vontade, ao invés de pensar se as pessoas iriam se incomodar de ter a mente momentaneamente invadida por ela. Decidiu rodar rapidamente o ginásio, falando com os colegas e pedindo por permissão, para só então achar um lugar, exatamente no meio de todas as zonas de treino, nas vigas perto do teto do ginásio, para poder se sentar.

Puxou seu telefone, seus fones de ouvido, escolheu uma batida lo-fi e fechou os olhos. Respirou profundamente, deixando a música envolver seus sentidos. Lembrou das vozes que sempre diziam "um com o todo", e tentou fazer exatamente isso: esquecer as explosões, gritos e descargas elétricas abaixo de si, enquanto buscava encontrar esse caminho misterioso. A respiração desacelerada a levou pra dentro de si, o corpo respondeu afrouxando a musculatura, e depois de passar pela escuridão, viu uma magia estranha acontecer.

De olhos fechados, parecia que havia... um outro campo de visão. Semelhante aos seus encontros estranhos com a borboleta, o espaço em que estava havia tomado aspecto etéreo. Dentro dele, vários pulsares de diversas intensidades. E havia o seu próprio, o centro de tudo, uma energia incrivelmente densa e escura. Expirou, desejando que pudesse alcançar cada uma daquelas energias vibrantes, e pensou nelas aos poucos. Tentando manter a respiração compassada.

Aizawa estava concentrado, observando satisfeito a melhora no desempenho de Koda, que daquela vez conseguiu trazer mais de cinquenta pássaros pra dentro do ginásio, aumentando um pouco o tom de voz que usava normalmente, e eles agora faziam uma pequena pilha de pedras aos pés dele. O professor tinha certeza que ele seria um monstro se continuasse treinando. Depois de elogiar o garoto, se preparou para dar instruções para Kaminari, quando ouviu... música.

Correu os olhos pelo solo, procurando os cabelos enormes e coloridos, sem sucesso. Caminhou um pouco para o lado, e viu que alguns dos alunos murmuravam coisas como "Nossa, gostei dessa música", "Relaxante mesmo", "Boa, Dora-san!". Eram mais de quinze, o que ele achou impressionante. Continuou sem saber, até ver Sero de cabeça pra baixo, "subindo" com suas fitas na direção ao teto, ao lado de Shinso, que fazia isso com sua echarpe especial. Foi aí que achou a aluna, com os cabelos esvoaçantes, de olhos fechados, sentada em uma das vigas. Deu de ombros, já que ela parecia bem, e voltou ao que estava fazendo.

Mais alguns minutos se passaram, e os alunos continuaram nos mais diversos treinamentos. Aoyama e Hagakure agora conseguiam fazer um canhão de luz ultra forte, Bakugo e Ochako fizeram praticamente uma chuva de meteoros, tomando como base o que aconteceu no Festival Esportivo, Mina e Tsuyu fizeram um super arremesso do Acidman, Satou e Deku fizeram algo parecido, com o Black Whip. Já se aproximava do fim daquele horário quando Aizawa foi para o meio da área e gritou:

— Vamos parar por aqui, fim do primeiro horário! Não se atrasem! Shinso, Sero, Pandora, desçam daí!

Alguns alunos pararam pra se alongar, depois das atividades físicas intensas. Iida se jogou no chão, ao lado de Momo, virando sua garrafa de água, enquanto Jirou jogava o corpo pra baixo, esticando a coluna. Os garotos já estavam na metade da descida, quando Eraser achou estranho o fato de que a aluna não havia se mexido. Muito estranho.