"Era Uma Vez" - PARTE 3

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No momento em que a água bateu em sua nuca no banheiro, Pandora sentiu seu mundo voltar pro eixo, depois de ele ter girado 180º. Saiu do banheiro e chamou os colegas e o professor pela Mind Chat, que era no momento o canal mais seguro, e disse:

"Warlock para Eraser Head e Phantom Thieves of Hearts. Alvo reconhecido, permissão para fazer o primeiro movimento."

"Tem certeza, Warlock? Sabe quem é?", perguntou o professor.

"98% de chance de eu estar certa. E se estiver, vai ser perigoso se não for neutralizado rapidamente." - respondeu ela.

"Permissão concedida. Fiquem todos a postos, mas ajam naturalmente." - recomendou o professor.

Assim que avistou a máscara de Kabuki, sua ideia era: desmascará-lo e neutralizá-lo. Impedi-lo de dizer qualquer coisa a quem quer que fosse. Acabar com as chances dele de fazer qualquer coisa e descobrir por que ele se aliou à Liga.

Entrou em cena, arrancou a máscara, deixou a raiva sair do peito. Um segundo de distração, motivado pelo seu receio de qualquer outra pessoa ali se ferir, levaram seu primeiro impulso a perder a energia numa distração falha. O plano A tinha ido pro saco.

Fingiu conivência, tentando ganhar tempo. Sem combinar com ela de antemão, Alex veio como uma distração digna e um antagonista necessário naquele momento. Ela precisava pensar.

Lembrou do encontro no hotel com muita dor, seu corpo respondendo involuntariamente ao trauma por meio de náuseas e a sensação constante. O medo constante. Aquele homem lhe dava os mesmos arrepios que o Nomu. Pandora jamais imaginara que o impacto daquele momento havia sido tão, tão forte, a ponto de ela empurrar as memórias para o fundo da mente e lá deixá-las escondidas até de si mesma.

Ainda assim, vislumbrou um plano.

— E... aconteceu de eu haver feito um serviço, há uns anos atrás, para um cliente. E ele me contactou de novo...

Era simples. Ele tinha um limite. Parecia infinito agora, dada a quantidade de pessoas que ele estava controlando ao mesmo tempo sem parecer cansado, diferente do último encontro dos dois. Ela só precisava provocá-lo até que ele ficasse exausto. Mantê-lo dando cada vez mais ordens, em algum momento iria falhar.

Mas... algo na fala dele. Ele havia trabalhado para a Liga dos Vilões antes...

Pandora pôde ouvir seu coração bater dentro dos ouvidos. Um arrepio atravessou o corpo dela, que logo começou a tremer, numa reação quase cadenciada com o aumento da sua sudorese. Olhou pra ele, e fez a pergunta, à qual ele respondeu:

— ...Não faço ideia do que poderiam querer com uma clínica de fertilização, mas foi um trabalho simples...

Achou que ia desmaiar, de tanto ódio e nojo que sentiu. Sua cabeça foi atravessada por uma dor insuportável, que a fez piscar e contrair as pálpebras. Num instante, percebeu seu entorno tremeluzir nas luzes roxas espectrais que já conhecia, mas aquela forma parecia... diferente. O mundo à sua volta parecia em câmera lenta, enquanto sua mente ia acelerada.

— O QUE FOI AGORA?! - esbravejou mentalmente.

Viu a borboleta roxa bailar à sua frente, à medida que parecia que o tempo ficava mais e mais lento, e aquele lugar mais e mais escuro. A borboleta pareceu se dividir em dois pontos de luz, que piscaram à frente dela, como duas chamas fantasmagóricas. Um rosnado gutural ecoou em sua mente, e logo as vozes vieram, sussurrando:

CAIXA DE PANDORA - 1º TOMOOnde histórias criam vida. Descubra agora