CAIXA DE PANDORA - 1º TOMO

"Minha Alma" - PARTE 2

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Aquele domingo pela manhã chamava para fora o sol e tentava espantar as temperaturas ainda baixas, sem sucesso. Shinso olhava pra fora da janela do carro duas vezes mais apreensivo. Tanta coisa tinha acontecido naquele último mês e a sua cabeça ainda espiralava pra frente e pra trás no tempo, pensando o que havia acontecido e tentando não surtar com o que iria acontecer dali a pouco mais de vinte dias.

Assim que desceu, passou na frente do muro cinza, parou diante do portão e tocou o interfone. Ajeitou a echarpe no rosto e tentou relaxar um pouco, sacudindo as mãos. Hanasu abriu, com seu entusiasmo costumeiro, e logo se jogou em cima do garoto:

— Oooh meu filho, bom dia! - disse, enquanto espremia o garoto num abraço.

— Oi pai, bom dia, haha - respondeu, com um meio sorriso no rosto.

— Olha pra você, como você cresceu. E esses músculos hein?! - dando uma apertada nos braços do garoto e bagunçado ainda mais seus cabelos.

— Heh, tenho me esforçado! - respondeu, numa tentativa inútil de domar os fios novamente.

— E você deve ser o incrível Aizawa! Muito prazer, obrigado por cuidar do meu filho. Ele fala muito de você! - continuou, fazendo uma reverência profusa para o professor parado atrás do menino.

— PAI! - protestou Shinso, sem jeito.

— É um prazer tê-lo como aluno. - respondeu serenamente o herói profissional.

— E bom dia pra você também, Dora-chan! Como vai?

— Eu vou bem, Shinso-san! - disse a garota, fazendo uma reverência, esticando uma nova cesta com frutas e alguns chocolates - Trouxe um presente, espero que gostem.

— Muito obrigado! Vamos, entrem por favor!

— Eu agradeço, - disse Aizawa - mas vou aguardar aqui.

— Nanão, eu e minha esposa insistimos. Por favor.

Perante a reverência do pai do garoto, Eraser ficou sem ter como dizer não. Ele então pediu licença e foi na frente, seguido de Shinso, que entrou, tirou seus sapatos e colocou o casaco no cabideiro. O garoto deu uma risadinha quando viu que Pandora já estava lá dentro, cumprimentando sua mãe e se oferecendo para ajudar com qualquer coisa. Foram para a sala de televisão e Shinso sentou-se perto do professor, enquanto seu pai trazia um chá quente e oferecia aos dois.

— É impressionante ver como Hitoshi cresceu e tem se dedicado. Ficamos preocupados no evento do ataque aos hospitais, mas ele disse que ficou tudo bem no final. - falou Hanasu, enquanto se sentava no outro sofá.

— Obrigado. - respondeu, bebendo um pouco do chá - Shinso é um excelente aluno. Em breve será um grande herói. Ele têm se dedicado, acredito que está pronto para a prova da licença provisória.

Shinso deu uma pequena estremecida no lugar, que foi imediatamente percebida por Aisuru, que tinha acabado de entrar na sala juntamente com Pandora, carregando um prato com frutas cortadas e outro com alguns petiscos.

— Vocês estão falando sobre a prova? - perguntou a mãe de Shinso.

— Sim, querida. Já é no próximo final de semana, certo? - continuou o pai.

— Sim. Eu mesmo irei acompanhá-lo. - assegurou o professor, que corria os olhos por uma pintura de gato, pendurada na parede esquerda.

— E você já escolheu seu codinome de herói, Hitoshi?

O garoto corou e coçou a cabeça, novamente. Pandora, sentada ao lado dele, deu uma risadinha e fez um carinho no braço, como sinal de estímulo. Ele então falou: