"Tangerina" - PARTE 3

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Bakugo deu por si ouvindo uma sequência de batidas na porta. Percebeu que estava gritando antes de despertar e levou a mão à boca, numa tentativa inútil de tentar esconder o que tinha acontecido. Também estava chorando, seu moletom estava ensopado de suor. Assim que conseguiu se sentar, mesmo tremendo, ouviu uma voz baixinha chamar:

— Kacchan?

"Merda!", pensou ele.

— QU'IÉ QUE VOCÊ QUER?!- esbravejou.

— Tá tudo bem? Posso entrar?

— EU NÃO VOU ABRIR A PORTA, VAI EMBORA!

— ... quer mesmo que eu vá?

O loiro demorou alguns segundos calado, pensando. Estava morrendo de vergonha, com os olhos ainda marejados e não tinha parado de tremer.

— Estamos só nós dois no dormitório ainda. Me deixa ajudar.

Ainda hesitou por alguns segundos. Parou para ouvir por instantes e ela pareceu estar dizendo a verdade. Arrancou o moletom, o passou para enxugar os olhos, se levantou caminhando até a porta e falou:

— Pode, vou abr...

A brasileira se materializou na frente dele como num passe de mágica, e ele tomou um meio susto, enquanto pensou que nunca se acostumaria com aquilo. Ela caminhou até a frente dele, ficou na ponta dos pés e esticou o braço para dar um cutucão na testa dele, dizendo:

— Ôh cabeça de ameba, eu não pedi pra você ABRIR a merda da porta, eu te perguntei SE EU PODIA ENTRAR. E da próxima vez que você me mandar embora, eu não pergunto se você quer mesmo que eu vá. Combinado?

Ele engoliu seco, olhou pra ela e fez que sim.

— Não desconta nos outros os seus sentimentos ruins. Dói. - continuou ela, sentando na cama dele, batendo a mão pra que ele se sentasse ali também.

Bakugo sentou ao lado dela, cruzando os braços, enquanto passava os olhos pelo quarto, ainda muito nervoso.

— Posso tocar você? - ela perguntou.

Mais uma vez, acenou a cabeça positivamente. Ficou surpreso e sem graça quando Pandora passou a mão pela cabeça dele e o puxou pra que deitasse no seu colo¹. Sentiu o rosto corar, quando ela começou a acariciar seus cabelos, e se permitiu fechar os olhos e passou a mão pelo joelho dela. A garota sentiu o coração acelerar, e pôde perceber que o corpo do garoto ainda tremia.

— Sonho ruim?

— ... o que você ouviu? - perguntou ele.

— Eu tinha descido para levar o Starlight na porta, e assim que saí do elevador eu... ouvi você gritando. Fiquei preocupada e vim ver o que aconteceu.

O loiro se calou novamente e se apertou no colo¹ dela. Aquele sonho tinha sido muito realista, trazendo de volta todas as angústias que ele tinha em relação ao seu comportamento passado com o amigo de infância. Ainda não tinha se resolvido completamente com ele, principalmente depois que entendeu quão errado ele tinha sido ao sugerir que uma das pessoas que ele amava se matasse. Ele queria dizer que sentia muito, pedir que ele o perdoasse, mas ainda não havia tido coragem.

— Às vezes esses sonhos são um alerta, sabia?

— Como assim? - falou baixinho.

— Pode estar mostrando algo para o qual você precisa dar atenção. Mesmo que tenha sido algo ruim, tente aprender com o que aconteceu.

CAIXA DE PANDORA - 1º TOMOOnde histórias criam vida. Descubra agora