"Capitães de Areia" - PARTE 2

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As lembranças da primeira conversa com sua mãe sobre os perigos que enfrentaria vieram como bigas em um coliseu, trazendo mais memórias consigo. Pandora lembrou da primeira visita à terapeuta da escola, logo depois do último ataque, e da que se seguiu, quando ela lembrou que precisava ir embora. "É muita coisa, né?", perguntou de forma retórica a profissional, que era tão competente e carinhosa com ela.

Nas semanas que se passaram, depois do ataque às instituições que visitavam, Pandora se esforçou em estudar, em fazer o melhor nos treinos. Depois do que aconteceu entre ela e Shinso, o medo de perdê-lo, as descobertas com a ajuda de Mei e da pessoa que havia conseguido as informações ultra sigilosas, vindas diretamente do Comitê de Segurança, sua mente e seu coração experimentaram momentos de indecisão e fraqueza. Mas, logo depois, ela decidiu que ia colocar na pauta mais alguns esforços.

Além de lidar com as questões da escola e os problemas pessoais de uma adolescente, a profusão de hormônios, provas, treinos, período menstrual, família e amores, havia o bônus das pessoas que queriam matá-la, e agora ela sabia exatamente quem eram. Mas, assim como All Might havia decidido, numa fria noite de inverno, à frente do dormitório dos professores, a brasileira também tomou pra si essa resolução. Dessa forma, se esforçou em ter o dobro de disposição e fazer melhor uso do tempo que teria naquele país, mesmo perante uma certa resistência do seu professor residente, que elaborou um esquema de segurança para que ela sempre tivesse um herói profissional por perto.

No dia primeiro daquele mês, depois de se empanturrar no "Sugarman's Sugartime" e de levar Ochako pro quarto, Pandora correu para a porta de Shinso, bateu duas vezes e esperou que se abrisse.

— Posso entrar? - perguntou a garota.

— Claro! - disse ele, dando um passinho pro lado, vendo a menina passar - Como foi com nossa bela adormecida?

— Felizmente ela beijou a sapinha e dormiu como uma rainha, e espero que sejam felizes para sempre. - respondeu, se virando pra ele com a mão nas costas.

— E você, bela donzela? O que faz por essas bandas? Já é noite, os perigos são iminentes para uma senhorita andar sozinha por aí. - falou, colocando a mão no queixo, como se estivesse realmente pensativo.

— Na verdade, meu caro senhor, - respondeu, fazendo uma pose empertigada - vim aqui porque VOCÊ parecia alguém que poderia precisar de proteção contra esses perigos noturnos.

— Você acha? - perguntou - E como eu deveria pagar pelos seus serviços?

Ela olhou pensativa e disse:

— Ouvi dizer que beijos e carinho são uma moeda universalmente valiosa. Seria do seu interesse?

Shinso sorriu largamente, puxou a garota pelo braço e a apertou contra si, dando nela um beijo intenso. Dora deu uma risadinha de surpresa, segurou os pulsos por baixo da bunda do garoto e o ergueu, fazendo com que ele gargalhasse alto, enquanto ela o jogava na cama, trocando carícias.

Na quinta, depois do treino com Aizawa, correu pro banho, sentindo que tinha passado por um moedor de carne ao sair dele. Por mais cansada que estivesse, não ousaria se atrasar. Mal tinha colocado seus cabelos num coque bagunçado, ouviu alguém bater à porta. Quando abriu, deu um gritinho de alegria ao ver os dois garotos, que logo entraram a abraçando e levantando:

— Seus doidos, vocês vão me derrubar!

— Pandas sabem rolar. - justificou o garoto de olhos bicolores, dando nela um beijo estalado na bochecha.

— Uhnn... que cheiro bom. - disse o de cabelos verdes, enterrando o nariz frio no pescoço dela.

— Pfft! Bobos. - respondeu ela, dando um beijo em cada um.

CAIXA DE PANDORA - 1º TOMOOnde histórias criam vida. Descubra agora