"Era Uma Vez" - PARTE 1

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Olá meus amores, tudo bem com vocês? Espero que estejam se cuidando!

O capítulo de hoje é bem especial pra mim, e acho que um dos mais pesados que já escrevi. Foi uma catarse enorme, e acho que é um alerta também para todas as mulheres que lêem a FIC. É difícil dizer, mas é libertador reconhecer que a gente foi vítima já de abuso, e saber que há em nós força pra superar, seguir em frente e levar apoio pra outras pessoas como nós.

Eu sonho de verdade com um dia em que a sororidade realmente vai ser um fato!

No mais, a música tema de hoje vai trazer o nosso primeiro dilema moral, e vamos mostrar ainda mais os acontecimentos que possibilitariam que HARBINGER acontecesse (mesmo que ele ainda seja um AU). Fiquem comigo, respirem fundo, cuidem-se e respeitem os avisos!

Com amor,

Bia <3

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"Era uma vez" é uma música de Kelly Smith.

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[Brasil, aproximadamente 9 meses atrás.]

A cabeça de Alex espiralava entre equações matemáticas e as malditas fórmulas orgânicas. Tentar encarar biologia meramente como mais contas não estava ajudando naquele momento, mesmo que ele estivesse enterrado em livros por mais tempo do que efetivamente gostaria.

Tinha cortado o tempo de lazer o máximo que pôde, assim como as viagens para visitar o namorado, uma vez que seu sonho de ir pra escola inglesa especializada em heróis de suporte não ia esperar que ele assistisse as séries que tinha pendentes ou jogasse só mais uma partidas do bendito joguinho de cartas. Disse pros amigos que ia sumir até a data da prova, mas deixou-se à disposição caso fosse urgente e precisassem dele.

Pandora, por exemplo, já havia ligado umas duas vezes, em parafuso com geometria, e ele a havia ajudado com paciência, se contentando com as mensagens breves dela depois das provas ou trabalhos, agradecendo. Aquele período de reclusão era importante pra ele, e saber que a mulher mais preciosa da sua vida (depois de Adriana) também entendia e o apoiava, indo inclusive contra seus instintos cuidadores e sua tagarelice diária, o fazia estudar com mais força de vontade e se sentir muito amado.

Por isso, naquele fim de tarde, quando seu telefone tocou "Close to You", não se espantou em ler "Stitch" na tela. Sorriu de leve, esticou os braços, se espreguiçando, e apertou o botão verde, levando o aparelho ao ouvido.

— Alô, aqui é seu guru de matemática pessoal, digite um para fórmulas, dois para grá...

— ... Alê...

O estômago do garoto parecia ter sido jogado do alto de um prédio. A voz de choro do outro lado e o que ele achava que tinha ouvido fizeram seu sangue gelar. Ele rapidamente olhou a tela do celular, apertou o botão para gravar a chamada e voltou pra ligação. Ele tinha medo de ter ouvido o que pensava que ela tinha dito, mas ainda assim ousou perguntar:

— Stitch, respira fundo. Eu tô aqui, fala de novo o que aconteceu.

— ... Alex... Ele me bateu, Alex.

O garoto negro levou a mão à boca, mordendo a falange dobrada do indicador numa tentativa de conter o ódio que subiu dentro dele, suas tranças brilhando num vermelho intenso, mas tão intenso, que iluminou o quarto inteiro e chamou a atenção do pai que passava ali na porta. Ele a abriu, sendo dispensado por um aceno do garoto: ele conversaria depois, maldita individualidade que não o fazia ter um segundo de raiva em paz. Ajeitou os óculos no nariz, respirou fundo e disse:

CAIXA DE PANDORA - 1º TOMOOnde histórias criam vida. Descubra agora