FLASHES ESPECIAIS:
*Narração por Annie
"Se tem razão já não é comigo, se for amor eu faço com acontecer. Se for ternura é só nós dois juntinhos. Agarradinhos um forró com você. Eu gosto tanto desse doce lado. O lado que tu me faz entender. Se Deus do céu me permitiu o amor, eu que não posso mais dele correr...".
Amanheci mais feliz do que eu me lembrava de ter estado há muito tempo. Passei o meu braço pela cama e a senti vazia, então abri os olhos devagar estranhando a ausência do homem que me arrancou não só a roupa, mas vários sorrisos na noite passada.Algumas das roupas dele ainda estavam jogadas de qualquer jeito no banheiro, assim como seus sapatos em meu quarto. Procurei meus chinelos, – sem os encontrar – e a camiseta do Rolling Stones, que eu deixei à noite anterior para vestir pela manhã na cadeira, também não estava ali. Sorri com a hipótese de Rhodes estar andando pela casa vestido com elas. Então, fui escovar os dentes, me vesti com um hobby e saí em busca dele, mas quando cheguei à sala, nem sombras do homem. Sobre a mesa da sala, avistei meu celular e o peguei. Rhodes teria saído sem me avisar?
Dan: "Tive uma emergência no hospital, te ligo depois".
A mensagem demonstrava urgência. Tentando não pensar que ele havia fugido, apaguei a tela de meu aparelho e suspirei. Até mamãe aparecer com os cabelos envoltos em uma toalha de banho, e observar minha reação com curiosidade.
— Bom dia! – ela falou animada.— Bom dia mamãe!
— Hm... Como foi sua noite?
— O que a senhora quer dizer com isso? – perguntei já imaginando que ela de alguma forma, soubesse quem havia dormido comigo.
— Bem... Ele pediu para avisar que não está fugindo. Apenas teve um chamado de emergência. E virá almoçar conosco!
— Então, a senhora o viu sair. – murmurei um pouco constrangida evitando olhar nos olhos sapecas da minha mãezinha, versão atrevida.
— Vi sim. Saiu amarrotado, com as suas roupas e meio afobado. Eu havia acabado de chegar.
— E foi só isso o que ele disse?
— Que fosse para lhe dizer diretamente, sim. Mas, venha! Já fiz café e quero que me conte TUDO!
— Mãe!
— Nada de "mãe!". Eu avisei para você não dormir em casa!
— E por que a senhora não dormiu aqui, hein?
— Porque achei melhor ir perturbar a noite do seu irmão, e não a sua.
— Sei... Como foi a sua noite?
— Annie! Eu perguntei primeiro!
Mamãe riu e eu abaixei a cabeça colocando as mãos em meu rosto, envergonhada, mas logo fui desabafando:
— Mãe... Eu... Nossa, foi incrível! Eu não quero nunca mais ficar sem repetir tudo o que vivemos ontem! Ele foi... Ele foi tão carinhoso, tão gentil e ao mesmo tempo tão safado! Olha! Eu... Eu estou me sentindo uma adolescente de novo!
Disparei a falar e mamãe gargalhou animada. Ficamos ali na cozinha trocando figurinhas até que meu celular tocou. Saí andando calma até ele, e me desesperei em seguida. Priyanka estava com Louis no hospital, e Rhodes havia a pouco, chegado lá para atendê-la.xxxx
Eu entrei ao quarto de Louis com sua toalha de banho, e minha filha estava no dilema de sempre querer levar mais brinquedos do que a avó permitia, para o chuveiro. Mamãe com a roupa separada de Louis em seus braços me entregou, dizendo que iria preparar a sopinha dela, e terminar o almoço. Aproximei-me de minha pequena estrela a pegando no colo, junto com os patinhos escolhidos.
— Mamãe? – ela pronunciou em meu colo.— Sim?
— O tio Dan ainda tá aqui?
— Sim filha, ele está no quarto da mamãe se arrumando para almoçar conosco.
— Ele vai morar com a gente, mamãe?
Desci Louis de meu colo já dentro do banheiro e a encarei surpresa pela agilidade das associações que ela poderia estar fazendo. Agachei à altura dos olhinhos dela, depois de fechar a porta e iniciei ali no chão do banheiro, aquela conversa que uma hora deveria ser feita.
— Filha, o tio Dan não vai morar com a gente, mas... Ele e a mamãe estão muito mais próximos agora, então, ele pode aparecer mais vezes aqui em casa.— E o papai?
— Louis... O papai sempre será o papai, tá? Mas, ele e a mamãe não vão mais morar juntos, lembra? Lembra que a mamãe, a vovó Denise e a vovó Meg, e a Drª Grace te disseram sobre isso?
— Mas... O tio Dan é igual a tia Priyanka?
— Bem... – ponderei e percebi que talvez fosse a melhor forma de fazer uma associação que ela entendesse: — Sim, Louis. O tio Dan e a mamãe são agora, como o papai e a tia Priyanka. Você se incomoda com isso?
— Não... Eu gosto do tio Dan.
— Então, tudo bem dele ser o namorado da mamãe e passar mais tempo com nós duas?
— Sim.
Sorri mais tranquila. Parecia que Louis estava entendendo as coisas, mas em todo caso eu preferia não confundir a minha filha, então esclareci de novo:
— Louis, o Nick é o seu papai. Ele sempre será o seu papai, tá bom? Mesmo que ele não more com a gente, ele nunca vai deixar de ser o seu papai e te amar como a princesinha dele.— Tá bom.
Minha filha sorriu me abraçando e pegou seus bichinhos, animada para fazer uma farra no banho, que durou bem menos do que ela gostaria, afinal, com pneumonia eu não podia a deixar ficar muito tempo brincando sob o chuveiro.Ao voltarmos Louis e eu para a sala, Daniel estava à cozinha com mamãe e os dois riam de alguma coisa. Meg logo disse para nós irmos para a sala brincar com a Louis, ou seja, dispensando Dan para que ele se integrasse ainda mais à família. E observar o meu novo namorado deitado no tapete da sala com a minha filha, brincando de boneca deixava o meu coração ainda mais aquecido.
A campainha tocou um pouco depois e era o entregador que Nicholas havia mandado com os documentos da Louis. Assinei a entrega, agradeci e já deixei o envelope sobre a mesa para me lembrar de, no dia seguinte providenciar as cópias do pai.
Mamãe chamou Louis para comer a sopa à mesa, e Daniel e eu pudemos nos abraçar no sofá e conversar como o casal que agora éramos.
— Forró? – perguntei ao ouvir sua pergunta.
Estávamos falando das mudanças no bistrô, com as músicas a qual eu pedi sua ajuda.
— Sim, eu vou colocar um para você ouvir... Eu saía com uma brasileira há muito tempo atrás, e já gostava da cultura do país, mas acabei aprendendo mais. Estive andando entre algumas colônias deles aqui... Acho que qualquer que forem as músicas que você colocar no bistrô farão sucesso, amor.
Amor. Ou tudo estava rápido demais, ou demorou muito para eu finalmente reviver as sensações de ser amada. Rhodes notou que eu havia ficado muda e rindo, me puxou pela mão e colou nossos corpos ao balanço romântico daquela música.
— Acho que este tipo de música brasileira, é a cara do seu bistrô... – Rhodes falou então sussurrado em meu ouvido: — E dá para dançar agarradinho.— Hm... Seria uma boa ideia a "Noite Brasileira", não é? O que acha?
— "Noite Brasuca". Soará melhor.
— Olha Daniel Rhodes... Quantas boas coisas mais poderão vir de você?
— Fique comigo e verá, má chérie.
Beijamos um ao outro, e como um casal de namoradinhos tolos ficamos ali na sala, às plenas dez e alguma coisa da manhã, dançando coladinhos. Fomos interrompidos por uma menininha de barriga cheia, risinhos travessos, e uma avó que a arrastava para o centro da sala para dançar também.
E novamente eu me perguntava: há quanto tempo, risadas coletivas, familiares, fartas e contagiantes como aquelas não ecoavam na sala de estar das nossas vidas?
"Pode se achegar, já era hora tome o teu lugar, o que eu mais quero é tua companhia. Agora sei o que antes não sabia... O bom da vida é dividir o dia, e degustar a dor e a alegria... Vem beijar, vem beijar, vem beijar, meu coração".
DIGA NÃO AO PLÁGIO. DENUNCIE!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Linger
Fanfiction[Concluído] Depois que ele saiu pela porta de sua casa, Annie não imaginava que as coisas tomariam destinos tão controversos. Lidar com uma separação como aquela, com as suas inseguranças femininas e tentar se refazer não é fácil, principalmente qua...