[30.1]

44 5 1
                                    

Meggie encabeçou a bagunça ao lado de Marianne. Elas abriram meu closet e logo que Marianne vasculhava as minhas roupas, mamãe abriu a gaveta de lingeries gritando:

— Achei!

Todas nos concentramos nela, até ela puxar um conjunto dos meus lingeries provocantes, que há tempos eu não usava, lógico. E era dos meus lingeries, a favorita do Nicholas. O coro de vozes alvoroçadas só aumentou e eu não consegui rir, porque aquele maldito lingerie vermelho me trouxera memórias da última vez que a vesti, para ele.

— Annie? – mamãe me chamou disfarçando o riso com as meninas.

— Essa não mãe... Essa era a favorita do Nick.

— O cretino e safado, além de gostoso, tem um puta bom gosto! – Marianne falou e eu gargalhei de novo.

— Você o chamou de gostoso? – perguntei.

— Annie, qual é! Não somos cegas, e só isso explica o fato de você ficar com ele há tanto tempo... Mas, quer saber? Se o Nick gosta de vermelho, então o Rhodes deve gostar de preto!

— Ou branco! Ele é médico! – Giulia falou.

— Preto! Por isso mesmo ele não vai querer ver a Annie de branco, Giu! Ele vê mulher de jaleco o tempo todo! Não queremos desanimar o garoto! – Lauren afirmava.

As meninas concordavam e voltava o alvoroço junto à mamãe que vasculhava a minha gaveta secreta de lingeries a procura de algo que fosse satisfazer o suposto gosto, do suposto cara que elas achavam que veria aquilo. E eu apenas bebia e gargalhava por não acreditar que eu estava no meio daquilo.

— Annie! Cadê aqueles seus vestidos bacanérrimos de quando você saia com o Nick? – Marianne perguntou insatisfeita pelas minhas roupas habituais no armário.

— Ah, eles estão na segunda porta. - falei.

Meu closet pequeno, mas organizado estava entupido de mulheres esparramadas pelos puffs, pelo chão e pelas minhas coisas. Marianne deu um gritinho e todas as meninas foram animadas às araras com meus vestidos. Elas vasculhavam tudo empolgadas, e eu até entendia o motivo: aqueles eram modelos incríveis, e alguns até exclusivos, e que há muito tempo eu não vestia.

Eu estava sentada ao chão, num cantinho observando todas elas felizes, fazendo uma bagunça que eu estava amando, confesso, e mamãe se aproximou com suas pernas esbeltas naquele vestido despojado e soltinho, que lhe batia no joelho e sentou-se ao meu lado. Esbarrou-me com o ombro fazendo-me a encarar, e aquele sorriso sacana de madame Meggie estava ali. Viria uma gracinha.

— O que foi? – perguntei.

Ela tirou de sua mão escondida a lingerie preta que ela escolhera, e que era avassaladora. Eu não havia usado aquela ainda, era parte da última compra que fiz antes do Nick voltar da viagem que motivou nosso divórcio.

— Que tal?

— Essa eu nunca usei. – falei rindo.

— Eu sei, está com a etiqueta. Não poderia ser outra melhor! Vai ser estreada em grande estilo! Se eu bem conheço os homens, o Rhodes com aquela carinha de sonso deve ser um grande pervertido! Acredite em sua mãe! Eu tenho experiência!

Foi impossível não gargalhar. Mamãe me fez rir divertidamente, e me encarava com ar de deboche, por achar que eu fazia piada dela, mas a verdade é que estava engraçado tê-la ali naquela confusão.

Por um momento foi como voltar a ser uma adolescente com as minhas amigas, e uma recém-desvirginada com minha mãe. Mamãe fez uma festa quando eu perdi a virgindade, isso claro, depois de horas de diálogos sobre a importância e responsabilidade daquilo. Dali para cá, eu conheci mais do que a minha mãe, mas também, a mulher que Meggie Durand era.

LingerOnde histórias criam vida. Descubra agora