Capítulo 3

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"I swore. I swore I would be true. And honey, so did you". (Linger - The Cranberries)


Eu havia conversado com Louis a respeito das razões pelas quais ela foi parar, mais uma vez, no hospital. A reação da minha filha era incomum para uma criança da idade dela. Era consciente demais, era receptiva demais. Se não fossem seus pequenos olhos castanho esverdeados a me pedirem colo, eu diria que minha filha não era uma criança. Eu esperava que uma menina de três anos, não entenderia nada do que estava acontecendo, mas Louis reagiu como se entendesse exatamente que não poderia comer tudo o que quisesse sem perguntar antes.

Já havia se passado quatro dias desde o ocorrido. Nicholas não apareceu novamente, mas telefonou incontáveis vezes para falar com a filha. Joe e Kevin apareceram em nossa casa, pelo contrário. Disseram para mim que Nicholas pensava no retorno da banda. Eu não poderia ficar menos do que feliz, por eles. Os meus ex-cunhados então, explicaram para Louis que futuramente ficaria um pouco mais difícil de vir com tanta frequência à nossa casa, mas que ela poderia estar com a tia Danielle e as primas sempre na casa de Kevin, ou com a vovó Denise e o vovô Paul. Afirmaram a ela que, em cada brecha possível eles iriam se ver. Louis não se sentiu triste ou chateada, ela como eu disse, era muito madura. Parecia compreender que algumas coisas não iriam correr como a gente gostaria, e isso era um pensamento referente à situação de divórcio entre o pai dela e eu. Louis fazia acompanhamento com psicóloga infantil, e era algo que a preparava muito bem para lidar com diversas situações. Muitas vezes, eu sabia que a criança conseguia lidar com muitas questões graças à terapia, como por exemplo, a confusão que era hora ver o pai, hora não. 

Eu havia pedido a Antoine para levá-la à casa de Kevin naquele dia, já que havia sido combinado entre tio e sobrinha da última vez que ele estivera em nossa casa. E a pequena estava tão animada para brincar com as primas que mal se despedira de mim. Eu sorria acenando até que o carro do meu irmão tomou certa distância.
O fim da tarde caiu e eu me apressei em ir para o restaurante. O pôr do Sol batendo no para-brisa de meu carro era uma das minhas visões favoritas. Estacionei na vaga restrita a mim no estacionamento do meu estabelecimento. E Alex estava rindo animado com os demais funcionários que já haviam preparado quase tudo para a abertura da noite.


— Estamos muito animados, que maravilha! – eu falei sorrindo enquanto entrava ao Bistrô.

Todos me cumprimentaram, e enquanto eu ia até a parte de trás do balcão do bar para pegar um dos meus livros de anotações diárias do restaurante, Alex me perguntou se a playlist da noite estava apropriada. E logicamente eu aprovei a lista seleta e de bom gosto de Alex, que sempre me cativava. O meu aparelho celular tocou em meu bolso, e rapidamente eu o puxei de minha calça jeans. Preocupei-me com a chamada e atendi com anseio.

— Dr. Rhodes? Boa noite, tudo bem?

— Boa noite Annie. Tudo bem sim, e com você?

— Apreensiva por esta chamada, não aconteceu nada mesmo com a Louis, não é? Ela está na casa dos tios, então...

— Annie... – ele me interrompeu com um risinho compreensivo — Eu só estou telefonando para dizer que o resultado do exame dela saiu. E eu gostaria de conversar com os pais. Estou à uma hora de sair do meu plantão, posso recebê-los se possível virem.

— Ah... Nicholas não poderá ir, ele está em viagem, mas... Há algum problema falarmos sobre, fora do consultório? –

— Ah... Nicholas não poderá ir, ele está em viagem, mas... Há algum problema falarmos sobre, fora do consultório? – perguntei encarando o relógio do bistrô.

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