Capítulo 25

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“Maybe I might have changed and not been so cruel, not been such a fool. Whatever was done is done, I just can't recall. It doesn't matter at all.”  (From The Beginning – Emerson Lake)

Nicholas entrou ao bistrô, às quatro e meia da tarde. Eu já estava bastante cansada dos trabalhos daquele dia, por mais que tenha me atentado a ficar no escritório com meus planejamentos na maior parte do meu tempo, eu havia dormido poucas horas aquela noite.

A culpa era exclusivamente de Daniel Rhodes, seu sorriso impecável, seus olhos brilhantes e a sua personalidade apaixonante, que não saíram da minha mente por um bom tempo, me fazendo acordar de madrugada depois de um sonho perturbador, e do qual eu não desejava despertar.

Marianne bateu à porta do escritório e surgiu com seu sorriso de desculpas, que imaginei ser pela interrupção.

— Annie, o Nick está aqui. – ela disse.

— Ele não vai entrar? – perguntei confusa e a mulher deu ombros.

Estranhei e levantei-me indo até a porta assim que Marianne saiu, quando toquei na maçaneta, Nicholas estava a abrindo.

— Ah me desculpe, Annie. Marianne disse para eu entrar. – Nick deu passos para trás, se afastando sutilmente.

Eu apenas sorri, estranhando ainda mais a postura discreta dele. Nicholas certamente entraria ao escritório como se aquele fosse o seu lugar, e não aguardaria ser anunciado ou algo do tipo, então eu só conseguia pensar em: “o que haveria acontecido com Nicholas?”.

— Venha, vamos nos sentar ao sofá para conversar. – caminhei até meu sofá à frente dele, e o olhei preocupada: — Está tudo bem com você, Nick?

— Sim. – ele respondeu e sentou-se ainda sem me encarar — E com você?

— Tudo bem também...

Era nítido ao Nick a minha confusão mental ao me deparar com a sua postura distante, e não que eu não quisesse aquilo, mas foi tão de repente que eu me indagava se aquela não seria, uma estratégia dele.

There might have been things I missed
(Podem ter havido coisas que perdi)
But don't be unkind
(Mas não seja indelicada)
It don't mean I'm blind
(Isso não significa que estou cego)

— Eu estive aqui ontem à noite, mas não te encontrei.

— Ah, sim... Mamãe falou que você ficou até tarde lá em casa... Eu estive trabalhando até tarde também, mas não ouvi ninguém chamando aqui.

— Imaginei que você tivesse pego no sono aqui de novo... Você está empolgada não é? – a pergunta dele continha um misto de tristeza e orgulho.

— Eu fiquei muito tempo nos bastidores do meu negócio apenas como empresária, não é Nick? Eu não me dei conta de que sentia tanta falta da cozinha do bistrô, até estar aqui novamente.

— Eu sei... – Nicholas fugiu o olhar do meu — A culpa é minha, me desculpe Annie.

— O quê? – perguntei alarmada — Por que isso agora?

— É só que... Eu já devia desculpas a você, por ter lhe feito tanto mal e continuar fazendo.

— Nick, o que houve? Você está melancólico demais, e estou estranhando isso.

Meu riso brando demonstrava o meu nervosismo de vê-lo naquele estado.

— Me desculpe pela forma como eu agi ontem pela manhã, e me desculpe por ter ficado até tão tarde esperando você chegar à sua casa...

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