Capítulo 47.3

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Narração por Annie



Telefonei ao Nicholas, quando ainda estava no bistrô, e a voz dele demonstrava-se exatamente como eu imaginei: arrastada. Combinei de que iria encontrá-lo, embora ele quisesse vir até minha casa. Mas, os paparazzi estavam cercando meu endereço, e por isso, Toni, mamãe e eu decidimos que Louis ficaria na casa da avó naquela semana. Assim, também era inadequado que ele fosse visto entrando na nossa antiga casa, ou eu, em sua mansão. Combinamos de nos encontrar em um lugar aleatório de Los Angeles, mas que para nós significava um ponto de encontro da nossa história. Cheguei antes que o Nicholas na praia de Santa Mônica, certamente porque era mais fácil eu despistar os abutres da mídia do que ele.


Estava observando as ondas calmas, sentada sobre uma toalha de flanela que eu havia estendido na areia, e poucas eram as pessoas que faziam cooper pela orla do mar. Na verdade, ao fim da tarde, era icônico que a praia estivesse vazia diante daquele pôr-do-Sol. Estar ali, daquela forma, à espera do Nicholas, me trazia memórias.



— Eu cheguei a dizer em algumas entrevistas que era aqui que nós nos encontrávamos escondido para namorar. Eu espero que eles não matem a charada.

Ouvi a voz de Nicholas e sua figura surgindo ao meu lado, se sentando sobre a mesma toalha que eu, e me esticando um copo de café quente. Nós sorrimos ameno um para o outro, e ele só me olhou de canto antes de concentrar sua retina meio verde ao mar. Aliás, nunca acertei o tom dos olhos dele.

— Obrigada. — Eu disse ao pegar o copo de café — Você foi seguido?
— Até certo ponto, mas eu acho que deu para despistá-los depois que parei para comprar o café. Não vi nenhum carro atrás de mim até aqui. E você?


— Eles estão acampados na porta de casa de novo, alguns tentaram me entrevistar, mas o Toni me orientou a falar de forma cuidadosa. E... Bem, quanto ao bistrô, não é de se espantar que estejam ali, né? Alguns entram e consomem e a única coisa que posso fazer é não permitir que fotografem lá dentro, no fim das contas é público.


— Quem está tomando conta de lá agora?
— Pedi a Marianne que ficasse tomando conta de tudo até o Alex chegar para o contra turno noturno dele.
Argh... — Nick murmurou com humor — Mais um motivo para ela me odiar ainda mais.

Nos entreolhamos e sorrimos, e então nossos olhos finalmente cruzaram.

— Como a Louis está?
— Ela está ótima! Alheia a tudo isso, como sempre, e ficará na mamãe essa semana. A mídia ainda não sabe que a minha mãe é minha vizinha, não se atentaram a isso..., mas, logo saberão.


— Vamos nos pronunciar, Annie. Eu e você. — Nicholas disse de forma contundente: — Quanto mais cedo respondermos a eles, mais cedo eles deixam vocês em paz. Acredito que não ficarão em sua volta por muito tempo também.... Se o Rhodes morar na sua casa uma semana, eles já terão material para dizer que nada entre nós vai mudar e te deixam em paz. Eu não quero essa atenção sobre você e a Louis, vocês não têm nada a ver com isso.


— Nicholas eu agradeço o seu cuidado, de verdade! Mas, é sim sobre nós. Sobre nós cinco, porque além do triângulo do passado, Louis e Rhodes não deixam de ser atingidos por essa história. Agora estão pintando Daniel como o seu rival... E isso, bem, isso realmente tem que acabar. Eu concordo em nos pronunciarmos.


— É o melhor a ser feito. Sobre Priyanka... os agentes estão vendo tudo. Contudo, no que diz respeito a você e eu, posso falar sobre nós, sobre nossa relação de ex-casados. Vamos responder o que for possível sobre essa história, tudo bem?

Ele me perguntou voltando o seu olhar do mar para meu rosto, assenti demorando-me em olhá-lo, mas Nicholas não mantinha o contato visual, logo ele desviava.

— Nick, eu quis te chamar para essa conversa, não pelos paparazzi, embora eles fossem um ponto da conversa em algum momento... — eu disse calma e ainda o encarando — Estou preocupada com você.

Imediatamente, o olhar dele encontrou de novo com o meu, e eu pude ver seus olhos brilhando. Não era nada além de reflexo das lágrimas que ele segurava.

— Obrigado. Eu não falei com ninguém ainda sobre o que estou sentindo.
— Eu sei. Eu sabia que você ficaria mais... recluso e...
— Derrotado. — Respondeu — Revoltado. Injustiçado... com uma raiva mortal dela...
— Fala comigo Nick! Eu entendo exatamente o que você está sentindo. A gente pode e deve conversar sobre isso, sem nenhuma balança entre nós para pesar coisa alguma... nós merecemos falar abertamente um com o outro.

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