Capítulo 7

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"Here's to the ones that we got. Cheers to the wish you were here, but you're not. 'Cause the drinks bring back all the memories. Of everything we've been through. Toast to the ones here today. Toast to the ones that we lost on the way. 'Cause the drinks bring back all the memories". (Memories – Maroon5)


Quando saí estranhei a falta do carro dele na calçada em frente à minha casa.

— Ué, cadê seu carro?

— Está ali. – apontou um pouco à frente para um carro diferente do dele — Estamos hoje com um carro de aplicativo, afinal, eu disse a você que sairíamos para beber.

Encarei sua expressão responsável e ri baixo. Era possível um cara tão certinho como ele ser real? Daniel abriu a porta de trás para que eu entrasse, murmurou algo com o motorista e adentrou ao meu lado.

— Pode ir à frente se quiser. – falei baixo.

— Gosto de conversar olhando em seus olhos. – disse sério.

— Hm... Você é tão britânico.

— Isso é um elogio ou uma ofensa? – ele perguntou de modo divertido.

— Foi apenas uma colocação, não quis o ofender.

— Há algum problema em ser "britânico"?

— Nenhum na verdade. Atrai-me a elegância.

— Eu devo encarar como uma cantada? – ele brincou sorrindo.

— Só depois de alguns drinques.

Rimos juntos e continuamos conversando durante todo o trajeto. Daniel falava animado que me levaria a um restaurante, que à noite funcionava como um moderno bar que encantava-nos numa nostalgia proposital. Ao chegar ao estabelecimento, saímos do carro o qual ele fez questão de pagar a corrida, e deu-me o braço para entrar acompanhando-o. Sorri fazendo piada da pose de homem britânico, novamente.

Encontramos um som, baixo e ambiente, confortável e envolvente, de um jazz tocando no lugar. Poucas pessoas no balcão do bar, alguns casais, amigos, e solitárias pessoas em mesas à baixa luz. Sentamo-nos a uma mesa reservada para Daniel. Observei minuciosamente o local.
O couro dominava os estofados locais num tom de caramelo que misturado à estampa minimalista em branco, davam um ar mais moderno às notas vintage. As mesas à parede, como uma das que ele havia reservado a nós, ficavam viradas para a parte de dentro do estabelecimento e tinham um tampão de quartzo creme discreto. Discos de vinis, quadros de grandes músicos, alguns itens decorativos modernos, e os espelhos na parede, como o que havia atrás de nossa mesa, compunham uma mistura sutil da decoração entre épocas.

Sentei-me no sofá de minha mesa de forma confortável deixando meu blazer branco ao meu lado sobre o assento. Daniel sentou-se ao meu lado e como duas crianças observando o local, escoramo-nos no encosto do sofá e suspiramos animados. E foi inevitável não nos olhar e sorrir.
Daniel num gesto rápido puxou um dos menus que estavam à mesa e me entregou, e pôs-se a analisar o outro.

— Caramba... Eu acho que não pensei quanta responsabilidade seria, trazer uma chef de cozinha a um restaurante que não fosse o dela.

— Você me trouxe a um bar na verdade, o restaurante não funciona só durante o dia? – afirmei com as explicações que ele havia me dado sobre o lugar.

— Por isso mesmo a coisa só piora... Como vou pedir uma porção de batatas-fritas para você?

— Olha, saiba que batatas-fritas impecáveis são raras de encontrar. E saiba que eu sou uma mulher que gosta das coisas simples também.

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