Capítulo 5

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"But I'm in so deep. You know I'm such a fool for you. You got me wrapped around your finger, ah, ah ah" (Linger - The Cranberries)



— Annie! – Alex adentrou a cozinha com um risinho frouxo — Acho que você terá que alugar o escritório para o Dr. Rhodes como um quartinho.

— Ele está aí? – perguntei encarando Alex, risonha por sua piada maldosa.

— Claro, agora ele toma café da manhã e janta aqui quase todos os dias.

— Certo, atendam-no bem então.

— Não vai cumprimentá-lo?

— Ele está me chamando? – perguntei surpresa.

— Não, mas... Não acho que ele vem aqui tantas vezes, por causa, dos meus lindos olhos verdes.

Alex disse piadista e saiu. Os poucos funcionários da manhã presentes à cozinha faziam piadas comigo e riam também. Não fui cumprimentar o médico por razões de muito trabalho. Eu sabia que o devia desculpas pela ligação na noite anterior e não queria parecer-lhe louca. Então ponderei e mordi o lábio inferior pensativa, encarando ao pão doce que havia acabado de retirar do forno.

— Gisella, por favor, termine aqui.

Falei para uma das funcionárias da manhã e fui ao meu escritório retirar o dolman. Quando Alex me viu no salão de jantar caminhando até a cafeteria no bar, soltou um sorriso discreto e veio até mim, parando ao meu lado e me observando.

— Ele já pediu alguma coisa? – perguntei.

— Eu estava vindo buscar um café para ele, mas você foi mais rápida.

— Eu levo.

Falei mantendo minha voz normal, não queria dar razões aos risinhos frouxos de Alex.

— Certo... Eu já estou de saída, ok? Marianne chegou e está trocando de roupa.

Concordei e beijei o rosto do meu funcionário e melhor amigo. Alex trabalhava no turno da noite, e naquela manhã havia ido fazer um serviço extra, organizando alguns pedidos com os fornecedores de vinho para que mais tarde George, o mâitre, os recebesse.
Marianne era a minha hostess da equipe da manhã, e por isso também, Alex já estava de saída.

Coloquei duas xícaras de café e um croissant na bandeja e caminhei até a mesa treze observando ser aquele o ponto preferido dele no bistrô.
Assim que pousei a bandeja na mesa, Daniel deixou de lado o seu jornal e me encarou sorrindo ao perceber minha presença.

— Oras... Chef, empresária, mãe e também garçonete... Que mulher incrível. – Ele disse dobrando o jornal e se levantando.

Sorri em resposta encostando minha mão em seu ombro e direcionando lhe cumprimentos com dois beijos em seu rosto. Mas, a mão de Daniel em minha cintura fez meu sutil cumprimento transformar-se em um abraço.

— Isto é o que você precisou ontem e eu não pude oferecer. – ele justificou-se pelo gesto tão íntimo de abraço.

— E isto é o que eu ofereci, mas sinto não ter sido suficiente, então novamente... – encarei-o com culpa e vergonha e disse: — Por favor, me desculpe.

— Somos amigos?

— Com certeza! Eu já lhe disse isso.

— Então pare de agir como se não fôssemos. Agora, por favor... – ele deu a volta até a cadeira à frente da sua puxando-a para eu me sentar.

Sentei-me e afastei a bandeja para um canto da mesa, onde ele havia deixado o seu jornal. Daniel olhou para o croissant e esfregou as mãos, risonho.

— Nada melhor do que sair de um plantão, e tomar um café da manhã em boa companhia.

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