Capítulo 47.2

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Narração por Nicholas



Desde que Joseph me deixou em minha casa em Los Angeles, Priyanka não teve a decência de me contatar ou devolver o meu carro. E claro que eu iria atrás dela, mas eu estava me permitindo um tempo para acalmar. A raiva era muito grande e a possibilidade de que eu agisse de forma a me prejudicar mais era proporcional, então, fiquei em casa. Sozinho e pensativo por dois dias, infelizmente foi o tempo mínimo que a merda da imprensa conseguiu me dar. Os tabloides estampavam aquele barraco no bar em Jersey de todas as formas: vídeos vazados, declarações em revistas e programas de TV... Minha vida particular, mais uma vez, se tornou um concerto e dessa vez, a Priyanka era a maior culpada. As coisas que a minha fanbase diziam sobre ela, não eram nada agradáveis, principalmente, aquela parte dos fãs que torciam por Annie e eu.


Contudo, eu só me preocupava com duas coisas: a multa estratosférica que teríamos que arcar pela mancada dela e que vínhamos tentado evitar, e claro, a verdade. Talvez eu nunca fosse capaz de perdoá-la. Eu tive que a deixar me tirar tudo pela confiança que depositei nela, para decidir que eu queria distância. Uma distância, que eu não sabia se teria aproximação novamente, um dia.


As coisas dela num canto da sala em minha mansão, já estavam incomodando, então me levantei do sofá decidido a pedir um táxi, colocar aquilo tudo dentro e entregar a ela, buscando também o meu carro. Quando toquei em meu celular a campainha da frente soou e, surpreso, fui atender.

— Achei que a minha entrada estaria proibida na guarita da mansão. — Priyanka falou logo que eu abri a porta.
— Não tive tempo. Estava vomitando há dois dias por nojo de você. Mas, não se preocupe, da próxima vez, você terá que implorar para chegar perto de mim.

Ela suspirou com uma expressão dura de quem seguraria o choro, e a culpa estava estampada até no frizz de seus cabelos.

— Eu vim devolver o seu carro, e... Me desculpar. Embora eu saiba que seja inútil.

Priyanka ergueu as chaves do meu carro e eu as peguei e dei passagem para ela entrar:

— Entre. Você não vai apenas devolver a única coisa que não tirou definitivamente de mim, pegar suas trouxas e sair. Você me deve uma explicação, se é que pode explicar o que fez.

Não, eu não era nada o tipo de cara compassivo em circunstâncias de raiva, nunca escondi, e ela sabia o que esperar quando foi até ali. Deboches e rompantes de acusação, eram previsíveis, certo? E não, eu não estava errado daquela vez!


Priyanka entrou e logo ficou de pé parada ao lado das suas coisas, nem mesmo quis se sentar. Mexeu brevemente em seu telefone enquanto eu, com as mãos à cintura, parado de frente para ela apenas a observava, me segurando para não explodir.

— Acho que você deveria começar a falar, não?
— Estou apenas chamando um carro, esta conversa não tem porque demorar mesmo.
— Inacreditável... — murmurei — Não me diga que acha que está certa!?
— Não, eu não acho. — Falou guardando o telefone em sua bolsa — Eu sei de tudo que eu fiz e o quanto foram ações reprováveis. Não espero que você vá me perdoar porque, há tempos atrás quando optei por cada decisão errada, eu sabia que seriam segredos para eu levar até a minha morte. Mas, eu explodi este fim de semana.... Vê-lo seguindo em frente, ou tentando de forma pacífica com ela, era tudo o que eu sempre quis. Só que eu não estava incluída. Eu não queria que você só seguisse em frente sobre a Annie, eu queria que você a esquecesse por eu estar ao seu lado também! Você a perdeu e me descartou!
— Priyanka!



Interrompi falando em tom de desespero, mas ela interrompeu de volta:

— Me deixe falar! Apenas ouça, por favor! Não estou dizendo que agi racionalmente. Eu não agi e sei disso. Mas, essa hipótese de contar a verdade a vocês dois nunca existiu porque eu sempre soube que quando eu falasse isso, eu perderia você para sempre, Nicholas. E estive disposta a pagar o preço do silêncio, porém... A culpa foi corrosiva este fim de semana, assim como a frustração. Nesse fim de semana, nós duas tivemos a conversar que nunca aconteceu antes, e a Annie.... Ela foi uma mulher incrível comigo e eu só conseguia me sentir a pior pessoa do mundo!

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