Capítulo 18

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"You gave me a shoulder when I needed it. You showed me love when I wasn't feeling it..."
(Get You The Moon – Kina Beats)



— Mãe! – corri para abraçá-la enquanto Louis soltava-se dela — Como assim você chegou de repente!?
— Minha filha!

Mamãe me abraçava apertado dando pulinhos de alegria, e segurando-me pelos braços como sempre faz, olhou-me da cabeça aos pés sorrindo com todo o seu rosto, inclusive com os olhos:

Ma petite, está tão linda! Os seus novos cabelos... – acariciou meus curtos cabelos com amor — Igual às atrizes francesas do nouvelle vague!

Sorri largamente – e concordava com a comparação que ela fazia da minha "nova onda" – e passei os braços pelos ombros de minha mãe, puxando-a ao sofá, onde Toni e Louis estavam sentados nos observando.

— Eu desconfio que esta mudança tenha nome e sobrenome, sabe...

Toni brincou insinuante, e mamãe arregalou os olhos e os dentes para mim:

— Você está namorando?!

Percebi o olhar atento da Louis, mas que demonstrava o quanto a minha menina não entendia do que estávamos falando.

— Não mamãe. O nome dessa mudança é autoestima.
— Ah, minha filha você está radiante! E eu fico muito feliz com isso!
— E a senhora? Que ideia é esta de vir de repente!?
— Eu avisei, ao telefone, que estava chegando!
— Sim, mas eu não sabia que a senhora estaria se referindo ao dia de hoje!
— Algum problema? Eu estava ansiosa para cuidar da minha netinha e rever meus filhos!

Mamãe mudou sua entonação para o típico tom de "eu sou sua mãe e não tenho que agendar um horário com vocês, e nem pedir licença para vê-los".

— Não é isso mãe, a senhora sabe! – retruquei — Só que eu gostaria de buscá-la, preparar melhor a casa para te receber.
— Bobagens! – ela falou risonha abanando o ar — Antoine jamais deixaria a mãe dele, o aguardar no aeroporto por muito tempo, por mais ocupado que estivesse não é mesmo?

O tom que ela usou para dizer aquilo soou como uma pequena e ácida reprovação para o meu irmão, que me olhou sem graça e enrubesceu ao se explicar:

— Desculpe se eu a fiz esperar muito mamãe, mas a senhora realmente precisava nos avisar. Não por não ter o direito de nos ver, afinal...
— Eu sou sua mãe. – ela o interrompeu e ele respirou fundo pacientemente prosseguindo:
— Exatamente. Mas, Annie tem razão quanto a nós precisarmos nos preparar... Eu estava em um compromisso distante quando a senhora me telefonou.

Percebi que Toni se sentia um pouco nervoso com as justificativas e o encarei desconfiada, e então, percebi também o mesmo olhar de meu irmão, de quando nós éramos adolescentes e encobríamos as besteiras um do outro.

— Bom! Por hora vamos deixar este assunto de lado, e mamãe... A senhora não quer tomar um banho, relaxar...?
— Sim, eu quero Annie, mas... Antes o seu irmão vai nos dizer que compromisso era este, não é Antoine?

Algo nos dizia que aquela era uma das vezes em que não tínhamos escapatória e mamãe sabia mais do que imaginávamos, sendo capaz até de saber de algo que aprontamos diferente do que nós tínhamos pensado.

— Que importância isso tem agora, mãe? A senhora deve estar cansada...
— Bom, só acho que há muita importância se o caso for com a sua namorada, a qual eu vim descobrir que existe pela língua afiada de sua tia Percy.

Toni me encarou assustado e eu estava ainda mais chocada por ele não ter contado nada sobre a Miley para a mamãe.

— Não falou da Miley para ela? Por quê? – indaguei reprovando-o.
— Ah! Miley? Sua irmã a conhece! E eu pelo visto, sou a última a saber.
— Miley é uma pessoa incrível mamãe, e cuida da Louis quando eu ou Toni não podemos. Mas... Que raios Toni! Por que não contou?
— Porque eu não queria que ela soubesse pelo telefone. E como a última vez que ela esteve aqui você estava passando por aquele momento delicado com o... Enfim, com o seu divórcio, eu não achei oportuno.
— E se eu não viesse agora, seria oportuno me contar quando? Oras, Antoine! Você deveria ter me contado! Eu teria vindo conhecê-la pessoalmente, ou os recebido em nossa casa! Qual o problema dessa jovem? Ela é uma daquelas moças a qual você teve um relacionamento relâmpago indiferente demais para se tornar familiar?
— Não! Isso não. Ela...

Antoine foi empalidecendo e eu não pude evitar um breve sorriso irônico: a chegada de madame Meggie aos lugares era sempre marcada por um, certo triunfo.

— Ela o quê, Antoine? O gato comeu a sua língua? – mamãe perguntou paciente e eu o olhei encorajador.
— Ela... Ela é a mulher com quem eu quero me casar, mãe.

Mamãe não falou nada, e nem demonstrou desconforto com aquilo. Apenas olhou para Toni com o ar de superioridade comum a ela em algumas situações, onde ela julga o comportamento de alguém ridículo.
Ela me olhou com deboche e falou como uma verdadeira madame, ao meu irmão:

— Oras, estou eufórica para conhecer esta moça então. Não por ser a mulher que você deseja se casar, mas para entender onde está o bicho de sete cabeças que me impediu de conhecer minha futura nora antes.

Gargalhei com os modos de nossa mãe e peguei a Louis no colo levando-a para um banho. Antes de sair totalmente do cômodo, a sala, ouvi Toni reclamar como alguém que é pego sendo ridículo:

— Ora mãe, quantas foram as mulheres com quem eu disse que iria me casar?
— Meu filho, admita. Você foi pego fazendo um drama desnecessário. – mamãe respondeu-o e eu segui risonha para o quarto de Louis.

Enquanto minha pequena criança brincava com seus brinquedos no chuveiro, ao mesmo tempo em que eu lhe esfregava o corpinho, Toni apareceu na porta do banheiro.

— Iiih, mas que bagunça é esta, mocinha?
— Mamãe está me dando banho, tio! – Louis falou risonha.
— Mamãe já se encaminhou ao quarto de hóspedes, Annie e foi tomar banho em seu chuveiro. – Toni me disse cruzando os braços e se apoiando no vão da porta.
— Ela já está em casa... – falei rindo para ele do jeito "espaçoso" de mamãe — Agora, Toni... Que loucura foi essa? Eu mesma achei que mamãe já soubesse! Não é como se você e a Miley estivessem namorando há alguns dias.
— É eu sei... Mas... Miley nunca me cobrou nada, e eu realmente tive medo da reação de madame Meggie. Lembra como foi quando você disse que ia casar?
— Oras, mas é totalmente diferente! Eu apareci com um astro da música mulherengo embaixo do braço...
— O papai? – Louis perguntou.

Olhamos um para o outro, assustados pela menina estar atenta a conversa àquele ponto.

— Não filha! Não estamos falando do seu pai.
— Se ela conta pra ele o que você disse... – Toni riu debochado.
— Bem, enfim! O fato é que... Não tinha motivos Toni.
— É... Eu só notei isso agora, mas entenda Annie: eu quero realmente me casar e eu achei que isso seria assustador para a mãe.
— Ela não deve é ver a hora de você dar algum neto. Deve estar neste momento dando graças a Deus lá no quarto. – falei fazendo-nos rir.

Desliguei o chuveiro e sentei-me ao vaso sanitário para enxugar a Louis e então perguntei curiosa ao meu irmão:

— Miley... Realmente nunca te perguntou quando ia conhecer nossa família?
— Não. Ela é tranquila do jeito dela, e sabe como ela é... Desde que eu seja sincero e esteja ao lado dela, Miley respeita o meu tempo. Mas, eu já ia fazer isso... Digo, contar à mãe. Só que na época em que pensei nisso você veio com aquela história dela se mudar para cá, e eu achei melhor esperar.
— Entendo. E onde você estava hoje?
— Na casa dos avós da Miley. Ela queria que eu os conhecesse.
— Hm... E ela está aqui, ou em San Francisco?
— Voltou comigo, por quê?

Sorri para Antoine enquanto caminhava com Louis enrolada na toalha até o quartinho dela e Toni veio atrás de nós, curioso.

— Traga ela hoje para jantar.
— Aqui? Por quê?
— Bem... – soltei a Louis sobre a cama e ela tentou se vestir sozinha, enquanto eu olhava ao meu irmão, com o mesmo olhar de receio que ele me apresentava minutos antes: ¬— Também fui pega de surpresa pela mãe.

Toni me encarava sugestivo e curioso e seu sorriso começou a surgir numa expressão sacana.

— Rhodes vem aqui? – perguntou confuso, alarmado e sorridente.
— Não só ele, como o pai dele.
— O QUÊ? E o que isso significa?
— Significa que o pai veio o visitar este fim de semana, eu o conheci esta manha no bistrô. E como ele vai embora amanhã, eu os convidei para jantar.
— E agora, você quer dar a volta na mamãe, fingindo que o jantar é para eu apresentar a minha namorada e não você o seu! – Toni me encarou debochado e acusador.
— Não! Até porque ele não é meu namorado! – sussurrei o repreendendo indicando a presença de Louis no quarto, que por sinal já estava vestida e eu fui ajeitar seus cabelos.
— Então o quê? Qual o problema de receber seu "amigo" com a mãe aqui? – ele perguntou entonando irônico.
— Nenhum de verdade. Mas, acho que seria um bom momento de você limpar a má impressão que deixou da Miley para mamãe. Escondeu sua namorada como uma fugitiva!

Antoine me encarou derrotado entendendo o meu ponto e bufou concordando.

— Vou falar com a Miley, mas... Não sei como ela vai reagir.
— Ela certamente virá. Miley é tímida, mas não é covarde.
— Não mesmo. E você quer alguma ajuda?
— Bem, eu fiquei de fazer um prato inglês para o senhor Isaac, então, se quiser me trazer um pernil lá do restaurante, eu vou agradecer.
— Peço a alguém para prepará-lo?
— Hm... É pode ser... Passe lá antes de ir para a sua casa, e diga ao Alex para alguém da cozinha preparar um pernil ao abacaxi. Eles saberão qual é o prato. Diga que é para mim, e que não precisa vir montado. Quando você vier com a Miley vocês o trazem. É até bom, que assim você não pode fugir de novo.
— Ei! Eu não fugi!

Mamãe surgiu no quarto e Louis já estava pegando seus brinquedos para ir à sala quando todos nos guiamos para fora dali.

— Mãe, e a senhora fez uma boa viagem? – perguntei.
— Sim, maravilhosa, filha.
— Bem, eu vou deixá-las, e volto para o jantar.
— Aonde vai? Mas eu mal cheguei Antoine! – mamãe o repreendeu.
— Acalme-se madame Meg... – ele a abraçou pelas costas, risonho, e se explicou enquanto eu servia um copo de suco à mamãe, Louis e eu: — Annie fará um jantar hoje e eu trarei a Miley.
— Ah! Então eu vou mesmo conhecer a minha nora!
— Eu não estava a escondendo! Só estava sendo cauteloso, eu já disse.
— Certo, certo... Mas da próxima vez que for cauteloso e eu descobrir pela sua tia Percy, a coisa não vai ficar boa para o seu lado.
— Mas, como a tia Percy descobriu?! – perguntei curiosa.
— Não faço ideia, eu não contei. – Toni respondeu antes de sair.

Depois que ele beijou a Louis em despedida e saiu, mamãe me contou:

— Sua tia Percy telefonou para ele, e a namorada que atendeu. Elas se falaram no telefone, e você sabe como a Percy é... Ela descobriu que a mulher era namorada dele e ficou jogando isso na minha cara. Claro que eu tive que fingir que conhecia a minha nora, para não parecer uma péssima mãe.
— E como a titia não descobriu se nem o nome dela você sabia?
— É claro que sua tia descobriu, mas eu neguei até o fim, e me justifiquei que me confundia com o nome da moça. Mas, Percy é esperta.
— As mulheres da família o são. – respondi.

Eu ri com a história e fui iniciar os preparos do jantar com mamãe me ajudando.

— E este jantar? É realmente por causa da moça?
— Não. Na verdade, um amigo meu está recebendo o pai da Inglaterra e nós combinamos este jantar. Como eu não sabia da sua chegada hoje, eu não pude avisá-los ou desmarcar, e nem vejo razão para isso. Acho inclusive, que a senhora o senhor Isaac vão se dar bem.
— E o senhor Isaac é o pai de quem?
— Do Dr. Rhodes.
— O médico da Louis? Aquele novato que eu conheci? – mamãe perguntou confusa.
— Sim, ele mesmo. Rhodes e eu nos tornamos bons amigos, e a Louis o adora. Mas, é a primeira vez que o recebo num jantar aqui em casa e conheço o seu pai.

O silêncio que eu sabia que viria, veio. E o olhar meticuloso da minha mãe, também. Eu fiquei quieta aguardando ela falar, porque, eu sabia que ela iria dizer algo.

— Acaso está namorando o médico da Louis?
— Não. Nós somos apenas amigos, mãe.
— Ok. Eu vou acreditar, até porque eu vi todo o esforço do médico com a sua situação e ele foi de fato, um cavalheiro.
— Ele é. – eu concordei sorridente.
— Quantas vezes vocês já saíram?
— Poucas. Por quê? – a olhei com a minha expressão de "não venha insinuar coisas".
— Por nada, por nada. – e ela sorriu me olhando de rabo de olho.

Nos encaramos iguais e logo caímos num riso cúmplice.

— Sabe que eu não iria desaprovar se você já quisesse se envolver com alguém, não sabe?
— Eu sei mãe, mas não é o caso. No momento, o que eu mais quero é reorganizar minha vida no restaurante, a rotina da Louis...
— Por isso estou aqui, ma petite. – ela pegou em minha mão carinhosamente: — E como ela está de saúde?
— Graças aos esforços de todos nós, e inclusive ao apoio de Rhodes, que me ajudou muito em fazê-la entender a importância da disciplina alimentar, está tudo bem. Ela está aprendendo a fazer um caderninho onde desenha tudo o que come. Da última vez que corri com a Louis ao hospital, ela havia ficado com o Toni e comeu escondido. Mas, já está numa situação de naturalidade...
— Isso é bom! Passado o período de adaptação, logo, logo, a Louis terá uma vida mais tranquila. E quanto à escolinha?
— Ela adora! E começou há pouco tempo na natação, e está amando também.
— Annie... E quanto ao Nicholas? Como tem sido a relação de vocês?
— Ah mãe... Não tem sido simples, na verdade. Desde que a senhora voltou para a França, muita coisa aconteceu, mas... Agora, acho que estamos começando a ficar em paz. E quanto à Louis, ele tem feito o melhor dele com ela também. Não posso julgar, afinal, este recomeço para nós dois seria conturbado.
— Hm... Já vi que teremos muito a conversar, mas, por hora, vamos adiantar este jantar!

Mamãe me ajudou nos preparos mais simples das refeições, uma vez que o prato elaborado de Isaac eu faria. Louis veio juntar-se a nós na cozinha, ficando quietinha no canto com seus brinquedos. E eu estava me sentindo muito feliz. A presença da minha mãe significava um conforto necessário e querido, e eu sabia que tê-la ali iria me ajudar não apenas nos afazeres diários, como me traria um carinho a mais.
Quando eu terminei de me arrumar, o cheiro do assado na casa já estava notório. Mamãe e Louis já estavam prontas aguardando Toni chegar com Miley. E por algum motivo estranho, eu estava ansiosa.
Saí do meu quarto atravessando o corredor com o olhar minucioso de "está tudo certo na casa?". Minha mãe havia dado uma geral no banheiro social, e embora ele estivesse arrumado, ela não deixaria de dar o seu toque nas coisas. O quarto de Louis estava organizado, apenas com alguns brinquedos espalhados num cantinho do chão. Aquilo certamente era obra da organização da minha própria filha sob os protestos educados de Meg dizendo-a para guardar seus brinquedos. Na sala, tudo estava organizado e havia um cheiro novo, aflorado e que eu não sabia de onde vinha, mas que dava um odor novo e especial, suave, misturado ao cheiro do assado.

— Que cheiro é este? – perguntei aproximando-me de minha mãe que terminava de aferir a glicose da Louis: — E por que está aferindo a glicose dela?
— Eu dei uns biscoitinhos a ela.
— Mãe! Ela não vai jantar! – reclamei tranquila.
— Foram só uns biscoitinhos, e ela vai comer sim, não é Louis?

A menina apenas sorriu acenando afirmativa.

— Certo... E este cheiro de campo florido com casinha de chaminé?
— Acendi incensos campestres na casa, e não é que o cheiro do assado com o cheiro das flores ficou bom!?
— E se não tivesse ficado, hein? – sugeri ao notar que minha mãe não havia pensado que aquela poderia ser uma má ideia.
— Mocinha, me respeite. Eu sou da terra dos perfumes. – ela brincou convencida.

A campainha soou e eu fui até a porta abrir para Antoine e Miley. Minha cunhada estava muito bonita e aparentemente tranquila, embora dissesse estar ansiosa depois que Toni lhe contou o ocorrido de mais cedo. Abracei-a tranquilizando-a, e logo que ela me estendeu o prato trazido do restaurante, deixei que Toni apresentasse-a para a mamãe.
Da cozinha pude observar a reação amorosa e gentil de madame Meggie, que abraçou à Miley com um olhar desafiador ao Antoine. Meu irmão me encarou discreto e eu sorri.

— Você é uma linda mulher, de fato. Antoine não exagerou em elogios.

Ao ouvir minha mãe, ele arqueou a sobrancelha, confuso, pois embora concordasse não havia dito nada daquilo. Mamãe pegou Miley pela mão sentando-se com ela ao sofá e eu me aproximei de Toni, e disfarçadamente sussurrei a ele:

— Eu disse que ela está desesperada para que você se case.
— O que ela pretende? – ele me perguntou também disfarçadamente, preocupado.
— Mostrar a Miley que você é um excelente partido, certamente.

Rimos e nos reunimos em conversas regadas a licor enquanto aguardávamos sinal das visitas. Aquele momento de distração e bom diálogo entre mãe e futura esposa, para Antoine trouxe alívio. E como eu sabia que aconteceria, mamãe e Miley se deram bem logo de cara. Diferente de como foi comigo, quando me peguei preocupada por minha mãe e Nicholas não se entenderem muito bem no início do nosso relacionamento.

— Será que ela vai reagir igual com o Rhodes?

Antoine me perguntou baixinho, como se lesse meus pensamentos pela minha expressão.

— Não sei do que está falando. – desconversei e antes que Toni dissesse algo, fomos interrompidos.

Peguei meu telefone que tocava sobre a mesa, atendendo à chamada de Daniel.

— Boa noite Annie, tudo bem?
— Olá Daniel, sim e vocês?
— Estamos a caminho, em aproximadamente vinte minutos acredito que chegaremos. Deseja que eu leve algo?
— Não é preciso, apenas venham. Estamos aguardando-os.
— Ótimo, até logo.

Os olhares de todos a me encarar risonhos, me deixaram um pouco mais ansiosa do que eu estava, então eu respondi e saí dali rapidamente até a cozinha.

— Eles estão a caminho. Vou montar o pernil e aquecê-lo.

Respondi sorrindo branda, e logo Antoine estava ao meu encalço.

— Você vai deixar as duas sozinhas? – perguntei como forma de afastá-lo, pois eu sabia de suas intenções.
— Elas estão se dando bem. Mas e você? Nervosa?
— Afinal de contas Toni, o que você acha que vai acontecer aqui?
— Hm... Eu acho que mamãe conhecerá o Rhodes e você está nervosa com isso.
— Nervosa com o quê?
— Não sei, me diga você. – ele sorria presunçoso.
— Toni, eu já falei que Daniel e eu somos apenas amigos. Não é um jantar de "apresentação das famílias", embora você o tenha tornado um.
— Certo, certo... Mas se te acalma, acredito que a mamãe vai adorar o Rhodes, bem mais do que aceitou o Nicholas.
— Você está confundindo as coisas irmãozinho.
— Tem razão! – ele disse me auxiliando a colocar a travessa ao forno: — Péssimo momento para falar do seu ex-marido.

Sorriu irônico e saiu da cozinha. Serviu novas taças de licor para nós, e ali ficamos até que meus amigos chegassem.

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