Capítulo 37

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*capítulo narrado por Daniel Rhodes


Depois que almoçamos naquela segunda-feira de folga na casa de Annie, e depois de um lindo momento familiar com direito à dancinhas na sala, Louis me pediu para assistir a um filme com ela. E como eu não poderia negar qualquer coisa do tipo para uma criança, menos ainda para Louis, que era a minha criança favorita, eu me deitei com ela no sofá da sala, entre almofadas, e cinco ursos de pelúcia – entre eles o elefantinho que meu pai deu a ela de presente – além é claro, de uma mamãe gostosa que se reuniu a nós depois de ajudar a minha... Céus, como é estranho e confortável dizer isso... Depois de ajudar a minha sogra na cozinha.

Louis não resistiu muito ao filme, apagando aos vinte minutos de "Minions". Annie levou-a para o quarto e Meg surgiu pela porta, e nós mal, nos demos conta que ela havia saído.

— Olá mon chér! Onde estão as meninas? – ela perguntou enquanto me via organizar a sala.

— Louis dormiu e Annie a levou para o quarto... Mas, aonde você foi lady Meggan?

Ela riu com humor e veio até mim deixando seus óculos escuros na mesinha ao lado, enquanto sorria explicando:

— Ah... Eu fui dar uma volta na vizinhança! Este bairro é muito agradável! E também... Eu tinha um encontro com um corretor.

— Vai se mudar? – perguntei surpreso.

— Não posso ficar ocupando mais o quarto das minhas meninas não é? A Annie insiste que vai se mudar para uma casa maior para ficarmos as três juntas, mas... – Meg parou de falar e sorrir, e me encarou analítica e quase ameaçadora, eu diria — Mas agora ela também vai precisar de privacidade, assim como eu. Eu não abro mão disso, e posso ir segura de que ela vai estar muito bem acompanhada, não é?

Er... Meg, eu não... Hrm... – pigarreei — Eu vou cuidar muito bem das nossas meninas, mas você não precisa mudar os planos de vocês por minha causa.

— Não estamos mudando nada Daniel, fique tranquilo! – ela falou tocando meu ombro já com olhar doce, Meg mudava de humor de uma forma incrível: — Ela já sabia que eu não ficaria aqui. E depois, a casa que eu fui olhar é a uma quadra daqui.

— Então a senhora fechou? – a voz de Annie atrás de nós se fez ouvir.

Ela estava parada no corredor de braços cruzados sabe-se lá há quanto tempo ouvindo nossa conversa. Sorrimos um para o outro e logo ela veio se aninhar em meu abraço.

— Fechei. Você vai adorar a casa! Aliás, Annie, se tem algo que eu gosto é deste bairro que você escolheu! Arborizado, tranquilo, cheio de famílias discretas e...

— Mamãe está apaixonada?! – Annie falou interrompendo a mãe, com um sorriso travesso.

Realmente havia um ar de romantismo nos olhos de Meg e no modo como ela estava animada falando do bairro.

— Não diga sandices, Annie Bernard!

— Toni me contou que a senhora conheceu um senhor muito agradável no bailinho e que ficaram conversando por horas...

— Muito agradável mesmo o senhor Thompson, mas... O que é isso? Não posso conversar com as pessoas?

Meg se alarmou e iniciou um drama cujo Annie e eu ríamos tentando disfarçar.


— Está vendo não é Rhodes? É assim que os seus filhos vão te tratar quando estiver ficando mais velho!

— Oras mamãe, pare de drama!

— E você pare de me encher! Por que não aproveitam o dia lindo e vão dar uma volta na região?

— Ótima ideia! – falei animado.

Puxei Annie pela mão que reclamou da roupa que usava: um short jeans e camiseta regata com chinelos, e eu apenas dei de ombros. Afinal era só uma volta na vizinhança.
Saímos pelo bairro como um casal de jovens namorados conversando sobre o bistrô, Annie iria iniciar as novas alterações naquela semana, eu confessei que teria daqui a algumas semanas uma prova de fogo: a escolha do novo diretor da ala pediátrica do hospital. E entre um beijo e outro, uma conversa e outra, avistei o parquinho do bairro e arrastei Annie até lá. Ela gargalhava gostosamente quando viu para onde eu estava a levando.


— Sente-se, má chérie. – indiquei a ela o balanço.
— Eu não faço isso há... Sei lá quanto tempo Dan... – ela falou risonha enquanto se sentava.
— Pois eu vou te fazer reviver as melhores sensações da vida! – sussurrei em seu ouvido e notei os pelos de sua nuca eriçar.

Enquanto balançava Annie, e me deliciava com o som das suas risadas eufóricas e amedrontadas quando eu a empurrava ainda mais alto, eu senti que algo me incomodava. Era como se eu estivesse sendo observado, e Annie pareceu perceber.


— Daniel... – ela falou enquanto me olhava a empurrar e então eu parei para que ela diminuísse a velocidade por si só — Acho que tem paparazzi por perto...

Annie se levantou do balanço e me pegou pela mão para caminharmos para longe dali.

— Eu também sinto como se fôssemos observados, mas como sabe que são eles?
— Anos de experiência... – ela respondeu e soltou uma lufada de ar cansada — O que será que o Nicholas aprontou para eles estarem na minha cola agora?
— Deve ser algo entre ele e a Priyanka, eles não parecem estar bem...
— Será que eles terminaram?
— Eu não sei, mas faria sentido você estar sendo alvo de fotos de novo...


Annie parou nossa caminhada se virando para mim com um sorriso travesso no rosto.

— O que foi?
— Não devíamos mostrar que eu não tenho nada a ver com o Nicholas e seu relacionamento confuso com a Priyanka?
— Tecnicamente, infelizmente você ainda t...


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