Capítulo 14

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"But you always really knew, I just wanna be with you".
(Linger - The Cranberries)


*Este capítulo conta com a narração do Nicholas.

A gente nunca sabe o quanto perdeu algo valioso até se dar conta da pobreza em sua volta. Com meu casamento foi assim. Eu só notei que tinha perdido muita coisa, depois que me percebi de volta ao ciclo de um relacionamento fabricado. Priyanka estava certa. Nós éramos públicos demais para agir como pessoas normais. Eu havia perdido o meu refúgio.

A todo canto que eu fosse ou estivesse com Priyanka, haveria muito mais do que os meus paparazzi. Seriam os meus e os dela. Haveria muito mais rumores tóxicos, do que qualquer rumor que já tivera existido com a "empresária proprietária de um restaurante casada com Nicholas Jonas". Seriam rumores mais fortes, atingindo os meus trabalhos e os dela, os meus fãs e os dela, a minha família e a dela.

Ao passo que eu me percebia vazio da minha parte mais humana, eu também me sentia o próprio Peter Pan. Priyanka era uma mulher incrível em vários sentidos, e até o fato de ser mais velha do que eu, era encantador para mim. Nós estávamos vivendo um conto de fadas, que muitas pessoas gostariam de viver.

E só depois de ver Louis, Annie e Rhodes conversando em sua última consulta emergencial, foi que eu percebi que talvez agora as coisas estivessem tomando os rumos certos: Annie, a mulher comum deveria estar com um homem comum. Nicholas, irmão Jonas do meio, deveria estar com a modelo indiana mais cotada dos últimos tempos.

FLAHSBACK

Recebi os telefonemas de Kevin e Joe, preocupados me dizendo o que aconteceu com a Louis por alto, e fui imediatamente ao hospital. Senti-me um péssimo pai por não estar ao lado do celular o tempo todo, e não ter visto a primeira ligação da Annie.

Avancei pelo corredor do hospital logo após a enfermeira, me informar na recepção em que quarto minha filha estava. Quando eu ia abrir a porta bruscamente, ouvi a voz de Rhodes, então fiquei espiando a conversa.

— Hm... Não. Eu levei sua mamãe para comer num restaurante.

— Que chato. Ela faz isso todo dia, tio!

— Oras... Mas você não me disse onde eu poderia levar a sua mamãe!

— Você não me perguntou! – Louis respondia ao médico, tão impetuosa como a mãe.

— É verdade! Onde eu poderia levar a Annie, então, hein?

Hm... – Louis pensou um pouquinho vendo o médico examinar seu abdômen — Já sei! Num lugar que eu também posso ir junto!

— Onde seria isso, hein Annie? – ele perguntou para Annie fingindo não saber, e Louis respondeu rápida:

— No parque tio Daniel! Leva eu e a mamãe no parque!

Eles riam da euforia da Louis, que me aparentava bem demais para necessitar estar ali.

— Tá bom. Eu levo! Desde que a senhorita não coma mais escondido.

Louis sorriu travessa, e concordou. Daniel estendeu a ela uma bebida, que deveria ser algum remédio.

— Viu mamãe?! – Louis falava animada depois de virar o copinho de uma vez só: — Tio Daniel vai levar nós duas no parque!

Eu já havia visto e escutado o suficiente para ficar escondido. Abri a porta e me coloquei de pé ali, me fazendo ser notado por minha filha.

O sentimento que me invadiu naquele momento, foi igual a um jogador que sai de campo, em substituição sem ao menos ter feito um gol para ajudar sua equipe. A Louis me notou, e sorriu tão largamente para mim, que Rhodes poderia até ser o substituto que entra em campo e pontua dando vantagem ao time, mas eu ainda era o craque da equipe.

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