Narração por Daniel
Annie chegou mais tarde do que calculei. Vestia-se de um vestido florido em estilo havaiano e eu pude apostar que não eram as roupas que ela teria ido encontrar-se com Nicholas.
— O que houve meu amor? — perguntei quando abri a porta dando passagem para ela.— Fomos perseguidos pelos paparazzi e tivemos que recorrer a um velho amigo.
— Velho amigo?
— Sim, dono de uma loja de surfe que nos abrigou para fugirmos despercebidos... Enfim...
Annie não me parecia muito bem, algo abalava os seus pensamentos e por isso, ela sentou-se cansada no sofá. Sentei-me ao lado dela a puxando para um abraço que pude comprovar, era necessário. Ela me abraçou de volta apertadamente.
— Certo... Parece que o encontro de vocês não foi bom...— Não é isso... — murmurou suspirosa: — Eu descobri mais coisas em relação aos feitos da Priyanka, que foram cruciais para o andamento das coisas, sabe?
— A manipulação da Priyanka, de fato, atrapalhou o casamento de vocês mais do que os pequenos problemas que poderiam ser resolvidos?
— Talvez... Silêncio e um suspiro. Eu não estava tão ansioso com tudo aquilo até aquele momento. Agora sim, parecia que eu deveria sentir alguma ameaça por conta do passado. Annie estava mexida com a ideia de que a sua história poderia ter sido outra, seja lá o que ela tenha descoberto acerca das ações de Priyanka, as quais pareciam ser bem maiores do que a ponta daquele iceberg que havíamos presenciado.
— Você quer tomar banho enquanto eu preparo um chá ou algo para você comer? — perguntei com a voz um tanto tensa.— Eu só quero ficar com você aqui, coladinha, mon chér.
— Me conta como foi... Se estiver bem para isso, é claro.
— Bem, Nicholas e eu fomos à praia de Santa Mônica...
— Stella... — murmurei como um pensamento que escapou em voz alta.
— O quê?
— Ela estava certa. Disse que lá era "o lugar" de vocês dois.
Annie se afastou do meu abraço para me olhar com atenção, e eu apenas mantive meu sorriso de canto, enciumado por saber que a pirralha da minha vizinha tinha alguma razão sobre aquilo, e amedrontado que ela estivesse correta sobre outras coisas também.
— Stella veio aqui? Por quê? — Annie tentava entender o contexto da minha história.— Encontrei-a no elevador, ela me fez perguntas sobre tudo isso sempre deixando muito claro, o quanto torce por você voltar com ele, e comentou sobre a simbologia dessa praia para vocês dois...
— Daniel...
Annie se ergueu no sofá, com a voz de quem previa ser necessária uma justificativa por mais que eu não a tivesse pedido, embora, com certeza, minha expressão mostrasse claramente o que eu sentia, já que cinismo não é a minha:
— Não pense que fomos até lá por conta de qualquer sentimento, que não fosse o desejo de ficar confortáveis para tocar num assunto que se tornou ainda mais doloroso, ok?— Eu não pensei nada, má chérie. Na verdade, eu compreendo que vocês tenham ido até lá para colocar o ponto final de vez, não é?
Minha voz não saiu tão tranquila quanto deveria, e Annie estava de olhos arregalados, em surpresa, e um sorriso bobo tomou seus lábios enquanto ela tentava disfarçar que não tinha massageado o próprio ego com a minha fragilidade.
— Está com ciúme do Nick!— Eu... — suspirei e fugi ao olhar dela, depois a encarei envergonhado confirmando: — Eu não sou uma mosca morta, Annie, e embora as pessoas possam achar que sim, eu também não tenho sangue de barata... Este tipo de sentimento frustrante e irracional também me atinge e é lógico que eu sinto ciúme do Nicholas! A estrada de vocês é bem maior e com mais frutos do que a nossa!
Annie riu baixinho e engatinhou do sofá até mim, sentando em meu colo, agarrando-se ao meu corpo como se não quisesse me soltar ou me deixar respirar. Sua cabeça encostada em meu ombro, com a face afundada na curva do meu pescoço me fizeram arrepiar ao sentir o hálito dela batendo ali. Parecia uma adolescente emocionada.
— Tão adorável saber que você não é uma mosca morta, Dan!
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Linger
Fanfiction[Concluído] Depois que ele saiu pela porta de sua casa, Annie não imaginava que as coisas tomariam destinos tão controversos. Lidar com uma separação como aquela, com as suas inseguranças femininas e tentar se refazer não é fácil, principalmente qua...