Capítulo 38

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(I hate, I Love you – Gnash ft. Olivia O'Brien)
If I pulled you on you, you wouldn't like that shit
(Se eu fizesse com você o que você fez comigo, você não gostaria dessa merda)
I put this reel out, but you wouldn't bite that shit
(Eu mandei a real, mas você não acredita nessa merda)
I type a text but then I never mind that shit
(Eu escrevo uma mensagem para você, mas depois eu não me importo com essa merda)
I got these feelings but you never mind that shit
(Eu tenho esses sentimentos, mas você não liga pra essas merdas)



*capítulo narrado por Nicholas.


Quando a Priyanka me telefonou avisando que estava a caminho para nossa reunião sobre como fingiríamos ainda ser um casal, eu havia acabado de receber uma chamada da guarita de segurança informando que os paparazzi não tinham ido embora. Diminuíram, mas ainda estavam lá. E eis então que assim que ela chegou, logo a casa foi tomada. Aguardávamos Ajula e Phil chegarem, mas a coisa saiu de controle e eu não sabia o motivo, mas decidi ir até a guarita e dar uma acalmada nos ânimos, ou tentar disfarçar. Se os nossos agentes chegassem separados, logo após a vinda de Priyanka, tudo se confirmaria.

Então eu a deixei em casa à minha espera, mas quando retornei, nem ela e muito menos a Louis estavam em casa. Entrei num pânico absurdo tentando imaginar o que ela estava fazendo ou para onde havia levado a minha filha que dormia. Naquele instante eu só conseguia pensar em motivos nada honrosos para Priyanka desaparecer com a Louis, e até cheguei a imaginar que a casa foi invadida, e se tratasse de um sequestro. Em desespero total, eu não sabia o que fazer, quando pensei no óbvio: telefonar à Priyanka. Contudo, ela já havia deixado uma mensagem no meu celular.

Pri ♥: "A Louis acordou e está ardendo em febre, fui para o hospital".

Recebi em seguida uma chamada via interfone, dos seguranças avisando que o carro de Priyanka havia passado em alta velocidade pelos portões laterais da mansão. Imediatamente eu segui para o hospital e no caminho, embora estivesse claro que Louis estava com febre e Priyanka foi socorrê-la, a minha cabeça... Esta mente fodida, e começo a desconfiar agora, até doentia... Ficou martelando por que raios a minha filha que estava ótima, de repente estava com febre! Minha culpa por saber que aquele circo todo era minha responsabilidade foi enorme e, mais uma vez eu quis jogá-la sobre alguém. O bode expiatório da vez foi a Priyanka.

Eu não posso dizer que não pensei diversas coisas sobre talvez, a Pri estar usando a situação para me colocar em problemas, mas logo que cheguei ao hospital e estacionei meu carro, eu estava disposto a tirar aquelas ideias da cabeça: Priyanka havia socorrido a Louis e tentado não alarmar ainda mais os jornalistas. Mas, não foi bem como aconteceu. Pensei em agir de uma forma, e agi de outra totalmente diferente, principalmente por chegar à ala pediátrica e dar de cara com Rhodes, vestindo a camisa da Annie.

Não é que ele não pudesse ter uma camiseta igual, é óbvio, mas aquela estava nítida ser a da Annie, primeiro pelo tamanho, e segundo, porque havia nela respingos de água sanitária na barra. E fui eu que causei aquele acidente, na camiseta favorita dela. E antes fosse só a camiseta a prova de um crime... Era só olhar para o doutor perfeitinho todo bagunçado e desarrumado, com os chinelos de Annie também, que meses antes, quando anunciamos o divórcio ela havia acabado de comprar, para eu ter claro em minha frente: eles haviam dormido juntos.

O desejo era de socar meus punhos em Daniel Rhodes, e eu até consegui, mas antes, eu feri à Priyanka primeiro. A minha ficha só caiu, de que não adiantaria perder a cabeça e me desgraçar ainda mais no julgamento coletivo das pessoas presentes, quando a Annie surgiu assustada e se jogou nos braços dele. Foi pior que um soco na boca do estômago. Foi pior do que uma facada no peito... Não... Foi uma facada no peito, uma que eu sempre soube que viria e estive negando por muito tempo. Daquele abraço até o momento de ir embora, eu já não tinha nem mesmo força para relutar. Eu perdi. Annie e Rhodes estavam juntos mesmo, e se antes era especulação, agora não era.

As coisas não melhoraram na hora de ir para casa... Priyanka estava a ponto de rasgar o contrato e arcar com a multa. Eu era a última pessoa que ela queria ver, e eu tive esta certeza ainda no estacionamento do hospital quando ela entrou em seu carro e deu partida acelerada sem dizer mais nada. A guarita da mansão estava cheia de paparazzi ainda, e enquanto Priyanka entrou pela garagem de trás, eu fui à entrada principal. Baixei o vidro com aquele monte de abutres sobre mim e respondi que tive que sair emergencialmente para levar minha filha de volta à casa da mãe. Eles perguntaram os motivos de Phil e Ajula terem chegado juntos à mansão, e eu apenas respondi: "reunião de negócios". Aquilo não os faria acreditar, mas eu não importava. Entrei à mansão e a cozinheira servia um café à mesa para os dois agentes que indagavam a expressão raivosa de Priyanka que havia chegado há pouco. Quando me viram no local, eu suspirei pesado e Priyanka me olhou e se levantou da mesa já aos brados:

— Que se dane este contrato, eu quero a rescisão!

— Priyanka, se acalme! – Ajula pediu: — Precisamos saber o que houve, vocês sabem que a rescisão é a pior decisão que ambos podem fazer!

— Priyanka querida você está de cabeça quente, vamos, sente-se e beba uma água para conversamos adequadamente, que tal? – Phil pediu e ela o fuzilou com os olhos e nos deu as costas.

— Pri...

— Você não cansa de bancar o estúpido? – ela me interrompeu agressivamente: — De bancar o ridículo? O machista, o babaca e... Meu Deus Nicholas Jonas eu nunca achei que fosse odiá-lo ao ponto que hoje eu te odeio!

— Vocês podem nos explicar o que houve? – Ajula bradou se levantando também.

— Eu descontei na Priyanka o ódio quando vi que o médico da minha filha está saindo com a Annie! – falei de uma vez e suspirei: — Fui injusto, quando ela só estava socorrendo a minha filha...

— Foi ofensivo! Foi um... Animal! Agrediu a mim com palavras, agrediu ao Daniel fisicamente e publicamente!

— Nicholas você está fora de si! – Phil gritou — E o que fazemos se esta agressão chegar aos jornais?

— Quer saber!? – gritei — Deixemos a porra do circo pegar fogo, aliás... Não, o circo não! Deixe que eu lide com o incêndio da imprensa! Que se foda! Rescindiremos este contrato, pagamos a multa milionária e pronto!

— Eu não vou deixar você manchar o nome da Priyanka, Nicholas! – Ajula afirmou.

— E nem eu. Além do mais, não se trata só de você! Eu prometi para a Annie que não deixaria escândalos respingarem nela de novo, quando você inventou este divórcio. – Phil disse de uma vez: — Os dois se acalmem, e esqueçam qualquer autonomia sobre suas carreiras, porque Ajula e eu usaremos agora o poder que nos compete como empresários dos dois.

Ajula concordou silenciosa e saiu com Phil para outro cômodo da casa, deixando Priyanka e eu, a sós ali.

— Me desculpe. – falei — Eu sei que não é o suficiente, e que eu sempre estou dizendo e fazendo as mesmas coisas, mas me desculpe por insinuar que você fez mal a Louis ou que você estava flertando com o Daniel. Me desculpe por... Te colocar na minha vida.

Priyanka então me encarou e começou a chorar.

— Eu não te desculpo. Seria muito, muito fácil. Eu estou farta de você sempre me tratar como uma segunda opção descaradamente na minha frente. Eu me sinto envergonhada por me ter prestado ao papel de tentar ser a sua amiga por todo o seu casamento, alimentando as minhas ilusões pessoais e ainda te fazendo crer nelas. Eu amo você Nicholas, mas eu não vou mesmo ficar aqui assistindo você ter inveja da Annie.

O que eu poderia dizer? Priyanka estava certa. Eu não tinha como contestar nada, e nem estava no direito.

— O que você quer fazer? – perguntei.

— Eu já vim para cá com uma ideia em mente, e eu acho ainda mais que é a melhor saída. Não vou conseguir posar de sua mulher falsamente, não vou me ferir desta forma. Então, eu vou até Ajula e fecharei algum contrato longo com uma das marcas indianas que trabalho e... A gente terá uma boa desculpa para se afastar. Eles podem fabricar notícias falsas de viagens nossas para nos encontrarmos, algo que mostre que estamos com incompatibilidade de agendas, mas que permanecemos juntos...

— É uma boa ideia.

— Ótimo. – ela respondeu e pegou a bolsa na cadeira da mesa e saiu até os agentes.


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