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:: Narrado por Nicholas ::


No, I can't help myself, no, no
(Não, eu não consigo evitar, não, não)
Caught up in the middle of it

(Estou preso no meio de tudo isso)


Os dias se seguiram e eu continuava reflexivo sobre Annie e eu toda vez que ela se tornava assunto ou Louis se fazia presente. Quando eu estava em meu mundo com Priyanka, meu trabalho, minha família, raramente eu sentia a culpa em meus ombros. Mas, era inevitável combater a intensidade que existia entre Annie e eu.

Era como uma espécie de penitência minha ter que a encontrar e reverberar tantos sentimentos de uma só vez. E não se tratava somente de vê-la, ou estar perto dela. Até nossas ligações eram intensas.

Eu estava preocupado com a Louis quando a telefonei e descobri que Rhodes estava no restaurante com ela. Ele estava jantando para falar da Louis. E eu estava perplexo com aquele cara usando a minha filha de desculpa para se aproximar da Annie.

E de novo, eu discuti com a Annie numa falsa justificativa de ser pelo diagnóstico da nossa filha. Eu teimava que era eu quem devia dar a notícia a minha filha, mesmo percebendo o quanto aquilo era infantil, mas na verdade, minha cisma era com aquele médico ao lado de Annie, ajudando ela e Louis a passarem por tudo aquilo, quando eu sabia que era eu quem deveria estar lá. Mas estar lá implicava em fazer escolhas, as malditas escolhas que eu não queria fazer.

Eu precisava me fazer presente de algum modo já que eu não iria escolher o que me parecia mais certo: abdicar um pouco do trabalho. E por isso, eu escolhi pegar um avião de onde eu estava a trabalho, indo direto para a casa da Annie no dia seguinte, bem cedo, e acabei a acordando com a campainha para saber só depois de outro momento tenso entre nós, que a Louis estava na casa do Kevin.

FLASHBACK

— Desculpe Annie, eu queria chegar antes que o escolar da Louis já tivesse partido.

— E isso é razão para descontar na campainha? Ela não tem aula hoje, é conselho de classe.

Eu sorri discreto do mau humor de Annie. Aquele mau humor matutino era por minha causa, e era novidade. Na verdade, eu estava me tornando o mau humor de Annie independente do horário, e não era exatamente o que eu queria, mas era uma forma de continuar na vida dela pelo menos, já que ela não parecia que me daria espaço para estar em sua vida de outra forma. Ela saiu entrando pela casa, e eu a segui me justificando:

— Ótimo. Peguei o avião mais rápido até aqui.

— Finalmente priorizou a coisa certa...

— O que disse? – eu havia escutado, mas optei por fingir que não e apenas me jogar no sofá.

— Me aguarde, eu vou me recompor já que você me jogou para fora da cama.

— Eu vou ver a Louis.

E quando eu disse aquilo, a Annie já estava no corredor do quarto e eu logo atrás, sem me dar conta de que minha ex-mulher não havia me notado. Quando nossos corpos se trombaram, nos fazendo encarar os olhos um do outro novamente tão perto, eu me lembrei dos motivos pelos quais eu me encantei por aquela mulher.

Os olhos agora frios de Annie eram os olhos sonhadores e cheios de fogo da cozinheira que eu conheci e tornei a mãe da minha filha. Eu novamente pude tocar seu corpo ali, ainda que de uma forma nada invasiva, apenas segurando seus braços. Mas, era o toque suficiente para eu apertar um pouco meus dedos em seus braços, e por um milésimo de segundo perder a noção de tudo o que tinha acontecido, e também por um milésimo de segundo ser impedido de beijá-la com toda a vontade que me tomou. Annie se soltou de mim, afastando-se e explicando que a Louis não estava em casa.

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