[3.1]

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Sorri e me coloquei novamente ao meu posto. Afirmei ao meu auxiliar que eu iria cozinhar o pedido da mesa treze antes de me ausentar. O cação ao molho de alcaparras, pedido por Rhodes não demorou muito a ficar pronto. Então, eu estava dando os últimos retoques na sobremesa que eu já havia preparado também por conta da casa. Coloquei a tela de melaço sobre o petit-gateau à La Annie e levei-o ao refrigerador para sobremesas frescas.

Caminhei até meu escritório retirando o dolman, ajeitei cabelos e maquiagem, e saí pela porta social em direção à mesa de Daniel. Quando ele me viu chegar, levantou-se rapidamente e fez às honras de puxar a cadeira para mim.

— Você é mesmo um gentleman. – sorri o encarando.

— Minha mãe certamente me deserdaria se eu esquecesse as boas maneiras.

Chamei meu mâitre pedindo-o para servir-me uma taça de vinho branco e Tiffany trouxera o pedido da mesa.

— Espero que aprecie o jantar.

— Com este aroma, este lugar e esta companhia, eu teria como não apreciar? – ele perguntou com um sorriso prazeroso em seu rosto.

— Bem, eu não sei quais as notícias então... Melhor comermos primeiro, não é? – falei.

Os olhos de Rhodes mudaram a sua expressão concordando. Pusemo-nos a saborear o jantar e conversar sobre tudo o que não fosse o assunto principal que o levara ali.

— Como está a pequena? – ele perguntou após algumas garfadas.

— Ela está na casa das primas Alena e Valentina. Irá dormir por lá já que o tio não poderá vê-la por um tempo.

— É bom que ela tenha este contato com a família do pai, você faz muito bem. Tenho pacientes de pais separados, que... Posso afirmar, estão doentes porque a cabeça e o coração também estão.

— Eu jamais irei privar Louis de viver o que ela poderia viver, se Nicholas e eu, continuássemos casados.

— E como vocês estão?

A pergunta de Daniel não me afetava. Ele e eu havíamos nos tornado bons amigos desde que ele chegou ao prontuário de Louis, na fase onde nós duas estávamos enfrentando tanta coisa, sozinhas. Muitas vezes eu havia desabafado sobre Nicholas com ele, e Daniel, apesar de nunca ter se casado, tinha os melhores conselhos e as mais confortáveis palavras.

— Eu creio que ele está muito bem! Nicholas já foi um homem de sofrer por amor. Mas... Há anos não é assim. E eu... Não posso dizer que superei totalmente, você sabe que eu ainda me culpo.

— E precisa parar de culpar-se... – ele me encarou como alguém que já havia me dito aquilo várias vezes — Mas, eu me referia a vocês dois. Como um casal.

Olhei para Daniel diretamente e confusa, beberiquei meu vinho com um sorriso irônico e descrente. Não conseguia entender que raio de pergunta era aquela.

— Não me olhe assim. Não fui eu que demonstrei ciúmes com a sua proximidade ao médico da sua filha. – ele ria explicando.

— Oras, chega a ser um ultraje você pensar que Nicholas sentiu ciúme de nós.

— Por que, posso saber? – Daniel me olhou em tom de ofensa.

— Porque o problema de Nicholas é não ter as coisas sobre o seu controle. Este é o problema, e não o fato de eu seguir em frente supostamente ou não.

— Reconheço um homem ameaçado quando vejo um. E embora ele não tenha razões concretas para sentir alguma ameaça em mim, eu sei que ele sente. Talvez vocês possam...

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