Capítulo 30

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Acordei com a Pri me chamando para almoçar por volta de uma da tarde. Eu lavei meu rosto troquei de roupa e desci, pela cara que me olharam, meus pais já sabiam de tudo, mas não disseram nada. Eu almocei sem conversar muito, só falando o trivial.

Eu: A Nina almoçou?

Mãe: Seu pai deu comida a ela no shopping e ela dormiu no caminho.

Eu: Ela dormiu pouco essa noite. Acho que ela está em salto de crescimento, quando ela fica acordando tanto a noite e chorosinha, pode saber. – logo terminamos o almoço e eu subi para dar uma olhada nela. A Nancy estava em horário de almoço. A Nina acordou eu troquei a fralda dela e a levei para o meu quarto, brinquei com ela na cama. Meu pai foi buscar as crianças na escola, eles iam sair mais cedo. Eu fiquei olhando pra minha filha e me deu um medo absurdo de não conseguir ver o crescimento dela. Ela ainda é tão pequena. Eu comecei a chorar a peguei no colo e a abracei tanto, falei que a amava, que ela era minha princesa. A Pri subiu.

Pri: Está bem?

Eu: E se eu não conseguir vê-la crescer?

Pri: Você vai ver. Vamos fazer todos os tratamentos do mundo se for preciso. Temos recursos pra isso. Não pensa o pior amor, sei que é difícil, mas vamos começar a enfrentar isso com pensamento positivo. – as crianças chegaram.

Bia: Está tudo bem?

Eu: Senta aqui filha... – a chamei secando uma lágrima.

Bia: O que foi mãe?

Eu: Eu fui na consulta hoje de manhã como você sabe... E eu vou ter que fazer quimioterapia filha. Meu câncer é maligno.

Bia: Não... – ficou triste.

Eu: Sim... – deixei cair uma lágrima. – Mas vamos passar por isso filha, eu vou ficar bem. – a abracei. Ela estava visivelmente com medo.

Bia: Como vai ser o tratamento?

Pri: Vamos chamar seu irmão, vamos explicar para vocês dois de uma só vez. – ela saiu e trouxe o Ethan já contando a ela que era câncer maligno e explicando o que era, porque ele não sabia o que significava.

Ethan: Você vai morrer mamãe? – perguntou triste e assustado.

Eu: Não filho, a mamãe vai fazer um tratamento um pouco demorado. – explicamos tudo a eles, como era o câncer como era o tratamento de maneira bem simples. Ethan chorou e chorou muito, estava assustado. Priscilla o pegou no colo, o ninou, tentou acalmá-lo. Acho que pela primeira vez, ele teve noção da dimensão de tudo isso. Bia me abraçou de novo e foi para o quarto dela. No jantar quando desci todos estavam na mesa, menos a Bia. – Cadê a Beatrice?

Mãe: Ela saiu.

Eu: Como assim ela saiu?

Mãe: Ela disse que ia dar uma volta.

Eu: Está nevando e é noite, ela não pode simplesmente sair assim – peguei o telefone e liguei pra ela e ela não atendeu.

Pri: Eu vou procurar por ela. – o meu celular vibrou, era uma mensagem da Vicky.

Bia está aqui em casa. Foi dar uma volta e passou aqui. Está chorando bastante, contou o que aconteceu. A Julie está cuidando dela. Vi que ligaram do telefone de casa, o celular ficou na mesa e elas estão no quarto. Fique tranquila.

Eu respondi...

Obrigada Vicky, qualquer coisa me liga por favor.

Ela retornou...

Pode deixar.

Eu: Ela está na Vicky – suspirei. – A Julie está com ela.

Pri: Menos mal.

Mãe: Ela está com medo, é normal. Ela vai ficar bem logo vai ver só.

Eu: Espero que sim mãe. – a gente jantou e pouco depois ela chegou. Seu rosto estava inchado de tanto chorar.

Pri: Filha, não vai comer?

Bia: Não estou com fome mãe. Vou subir, boa noite a todos. – minha filha estava sofrendo. Coloquei a Nina pra dormir, coloquei o Ethan na cama também, fui ver a Bia e ela já estava dormindo ou fingindo que estava. Respeitei o espaço dela. Fiz minha higiene e me deitei. A Priscilla veio pra cama uma hora depois.

Eu: O que estava fazendo?

Pri: Estava resolvendo umas pendências do trabalho. Estamos sendo processados. – suspirou.

Eu: Por quem?

Pri: Pelo velho do marketing – me contou tudo. – Mas ele vai perder, ele me desacatou. Eu sou autoridade máxima da empresa. O presidente da empresa responde a mim, e acima de mim somente o conselho e os donos. Ele invadiu minha sala de reuniões e partiu pra cima de mim, apontou o dedo na minha cara, quem ele pensa que é pra fazer isso? E ele só se deu mal porque foi idiota, porque ele mudaria de função e ficaria nela pelos próximos dois anos que faltam para aposentar mas continuaria com o mesmo salario, com a mesma profissão na papelada, assim ele teria vencimentos altos quando se aposentasse.

Eu: Ele enfiou os pés pelas mãos literalmente. Está preocupada?

Pri: Não. E se a empresa perder também, o valor é ridículo, não faz a menor falta para pessoas com tanto dinheiro. E espero que ele monte um caso muito perfeito, porque se ele não tiver, a empresa vai com tudo pra cima dele, e ele vai sair no prejuízo por ser idiota.

Eu: É verdade.

Pri: Estou morrendo de dor de cabeça.

Eu: Quer um remédio?

Pri: Não. Não precisa. Vou dormir, boa noite amor – me deu um selinho.

Eu:Boa noite. –ela dormiu rápido, estava exausta. Quando eu finalmente consegui dormir a Ninaacordou. 

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