NOSSOS DESAFIOS

Capítulo 33

Priscilla parecia assustada, mas não falava nada só me perguntava se eu estava bem e se eu queria alguma coisa. Depois de mais 1 hora a sessão da Sam acabou e a filha dela mais velha apareceu na porta. 

Sam: Oi minha bebê...

XX: Oi mãe... Como se sente?

Sam: Estou bem. Vamos? Essas são Natalie e a esposa dela Priscilla. É a primeira vez da Natalie aqui.

XX: Oi, eu sou a Anne Marie.

Eu: Prazer – sorri.

Pri: Muito prazer. – Sam tirou um cartão da bolsa e me deu.

Sam: Esse é meu telefone, quando quiserem, só ligar. Se precisarem conversar. – piscou pra mim.

Eu: Obrigada Sam.

Pri: Obrigada – sorriu pra ela.

Sam: Água de coco bem gelada ajuda muito. É mais fácil de ingerir, o estômago aceita melhor e te mantém hidratada. Vai sentir dor no estômago e se sentir acabada. – falou baixo – Quando estiver muito mal, um baseado ajuda. – piscou pra gente.

Eu: Obrigada pela dica.

Sam: Imagina... Até mais.

Eu: Até mais Sam... – Priscilla se despediu dela e ela se foi. – Ela é uma ótima pessoa.

Pri: Sim. E não perde o bom humor.

Eu: Verdade.

Liliana: Como se sente?

Eu: Enjoada, mas estou bem.

Liliana: Mais uma hora e você poderá ir.

Eu: Ok... A Sam é uma ótima pessoa.

Liliana: Sam é incrível. Ela é muito falante as vezes e nem todo mundo sabe lidar com essa hiperatividade dela, mas ela é uma mulher incrível, tem uma família sensacional também.

Pri: Por que ninguém da família dela fica aqui com ela?

Liliana: Ela vem sozinha e um dos filhos ou o marido vem busca-la. Ela surtou com todos eles aqui na frente de todo mundo.

Pri: Por que?

Liliana: Por que estavam tratando-a feito um cristal sabe. Deixando suas vidas de lado para acompanha-la em tudo e ela não queria isso. Ela amava o apoio de todos, mas queria que todos continuassem com suas atividades, com suas rotinas e não a tratasse como se ela fosse quebrar a qualquer minuto. Então ela deu o grito um dia desses para conquistar a independência dela para certas coisas. Eles só faltavam dar água na boca dela aqui e ela é muito ativa pra isso como podem ver. A super proteção as vezes acaba fazendo mal.

Pri: Mas não é tão simples assim para nós. Queremos ajudar, queremos ser uteis.

Liliana: Sim... Não é simples, mas não podem fazer da vida de vocês a doença. Transformar tudo em doença. Vocês podem num dia que estiver bem, ir a um restaurante, fazer um passeio, ir a uma festa. A normalidade precisa fazer parte da rotina, senão é muito pior para o paciente. – ela ficou um bom tempo falando com a gente. Logo acabou minha sessão, fiquei 30 minutos na crioterapia, doutora Angeline me entregou a receita feita pelo doutor Max e fomos para casa com a nova data da quimio. Acontecerá no dia 13 de março. Quando andávamos pelos corredores topamos com uma médica muito conhecida nossa... Que mundo pequeno... Nova York com uma população de mais de 8 milhões de habitantes, e encontramos essa brasileira aqui.

XX: Natalie? Priscilla?

Eu: Diorio? O que faz aqui?

Diorio: Eu trabalho aqui a 10 anos.

Pri: Que mundo pequeno né? – sorriu amarelo. – Tudo bem Nathalia?

Diorio: Tudo bem e você Priscilla?

Pri: Tudo bem.

Diorio: Está tudo bem com vocês? Estão doentes?

Eu: Quimioterapia... Câncer de mama – dei meio sorriso pra ela.

Diorio: Oh, sinto muito. Mas saiba que está tendo o melhor tratamento dos Estados Unidos contra o câncer. Doutora Angeline é ótima.

Eu: Obrigada, é bom ter essa confirmação.

Diorio: Moram aqui a muito tempo? Lembro que saíram do Brasil para New Jersey.

Pri: 10 anos exatamente.

Diorio: Ah sim. Me lembro quando sai do Brasil com a minha família e vim para cá, quando voltei ao Brasil encontrei com você casualmente algumas vezes.

Eu: Sim. Você tem um filho não é? Se casou com um homem, seu filho tem o que? 16 anos?

Diorio: 17. Fez 17 anos mês passado, já está namorando acredita? Ainda não conheço, mas meu marido tece elogios a menina e ela é linda, vou combinar com as mães dela. Ela é filha de duas mulheres por sinal e segundo meu filho são ótimas pessoas. Me casei com Patrick. Ele é um homem incrível. – eu tive um estalo na hora e a Priscilla parece que também.

Pri: Desculpa, mas qual o sobrenome do seu marido?

Diorio: Freeman... Ele se chama Patrick Freeman, é CEO da United. O conhece?

Pri: Não associou nomes ou não pensou na coincidência?

Eu: Ou você continua bem desligada. – riu meio sem graça.

Diorio: Desculpa, não entendi...

Eu: Seu filho se chama Aideen não é?

Diorio: Sim...

Eu: A namorada do seu filho se chama Beatrice?

Diorio: Chama... Por que? – fez cara de susto – Oh meu Deus... Beatrice, filha de duas mulheres, uma mãe é CEO também de uma empresa. Meu filho namora a filha de vocês?

Pri: Bingo... Eita mundo pequeno.

Diorio: Bota pequeno nisso... Acho que somos uma grande família.

Pri: Não me diga... – ironizou e eu a cutuquei.

Diorio: Espero que não seja um problema para vocês.

Eu: Não... De maneira alguma, pra você é?

Pri: Alias, para o seu marido é?

Diorio: Não. Meu marido sabe que eu sou bissexual e que eu namorei uma mulher no Brasil na minha adolescência. Inclusive meu filho também sabe disso também. Eu amo meu marido, temos um casamento muito saudável, não vejo problemas, a menos que para vocês tenha.

Eu: Não... Por mim não existe problema algum.

Pri: Nem por mim. Nossa filha está feliz, Aideen é um ótimo rapaz.

Diorio: Obrigada. Ele é menino de ouro. Vou marcar um jantar na minha casa e avisar vocês.

Eu: Ok... Agora temos que ir.

Diorio: Tá... Melhoras para você.

Eu: Obrigada. Até mais.

Diorio: Até mais...

Pri: Tchau.

Diorio: Tchau... – fomos para o carro.

Pri: Que bizarro... Isso é muito bizarro.

Eu: É uma coincidência muito esquisita. – Priscilla tremeu o corpo todo e eu dei risada. – Ai amor que horror não é pra tanto.

Pri: É sim... - Fomos para casa e no caminho Priscilla parou para mandar fazer meus remédios. Cheguei em casa almocei e depois foi dormir estava me sentindo exausta. Acho que seria assim dali em diante.