Capítulo 63

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Cheguei em casa aquela sinfonia. A Nina esgoelando casa afora, a Natalie pedindo pra ela parar, a Nancy tentando fazê-la parar de chorar.

Eu: Meu Deus o que está acontecendo aqui?

Nancy: Graças a Deus dona Priscilla.

Eu: O que foi? Porque ela está com o nariz esfolado?

Nat: Rolou escada abaixo.

Eu: Como assim?

Nat: Quer que eu role pra você ver? – grossa. – A portinha estava destrancada e ela rolou igual um tomate. Agora ela está fazendo o drama dela. Tá chorando a uns 40 minutos.

Eu: Filha vem com a mamãe... – a peguei – Deixa dar um beijinho no dodói... – beijei – Sarou... Pronto... – ela parou de chorar na hora. – Nem parece que é sua filha Natalie. Sabe que ela é assim, é só dar um beijinho que passa.

Nat: Está dizendo que eu não cuido da minha filha? – já lançou logo uma grosseria.

Eu: Estou dizendo que não precisa tratar as coisas dessa maneira. Sabe que ela fica assim quando cai, não custa entrar no joguinho dela dar um beijinho e pronto. Evita muita choradeira desnecessária. Ela só tem um ano.

Nat: E onde você estava? – cruzou os braços perguntando já com grosseria.

Eu: Eu fui tomar café na rua, fui na farmácia comprei fralda para a Nina que eu esqueci de comprar no supermercado, e passei na loja da Apple pra comprar outro telefone o meu estava pedindo a Deus pra morrer e comprei outro pra você, porque o seu não está diferente. – dei a ela.

Nat: Não precisava comprar outro pra mim, eu compraria depois. – mais uma grosseria.

Eu: Eu já estava lá e comprei.

Nat: Por que?

Eu: Por que o que?

Nat: Por que foi tomar café na rua? – eu rolei os olhos.

Eu: Por que eu quis Natalie... – falei sem paciência... – Porque eu quis... Eu posso ter um tempinho só pra mim, não vai alterar a ordem da vida de ninguém. – subi com a Nina. Troquei de roupa fui para o quarto dela e me sentei no chão para brincar com ela um pouco. Ela gostava muito de panelinhas, de comidinhas. Ela tinha um fogãozinho cor de rosa, mas era para bebês era até de papelão e tecido. – Nininha o que acha de comprarmos uma cozinha pra brincar de panelinha? Vamos ao shopping hoje comprar uma cozinha pra você? – ela sorriu. – Você gosta disso? Hoje seus irmãos saem as 15 horas da escola a gente busca os dois juntas e vamos até a loja de brinquedos. – falava com ela, como se ela entendesse muita coisa.

Nancy: Nina vamos almoçar? – Nancy apareceu na porta.

Eu: Seu papa tá pronto filha... – ela foi com a Nancy. – Nancy, as 14:30 a deixe pronta, ela vai sair comigo para buscar as crianças e vamos a uma loja de brinquedos e você pode ir embora mais cedo tá?

Nancy: Tá bom dona Priscilla. – ela desceu, e enquanto eu juntava os brinquedos a Natalie veio.

Nat: Onde vai com ela?

Eu: A uma loja de brinquedos – falei juntando tudo que espalhamos.

Nat: Ela já tem muito brinquedo Priscilla, nem tem mais onde enfiar brinquedo nesse quarto.

Eu: Tem um quarto aqui do lado que nunca usamos pra nada, estou pensando em transformar numa brinquedoteca pra ela e para o Ethan. É grande, posso dividir para os dois. Ela gosta de brincar com panelinhas, com as comidinhas de brinquedo e eu vou com ela comprar uma cozinha pra ela. Ela está crescendo. – falei sem olhar pra ela.

Nat: Porque não me contou que foi tomar café com a Virginia? – como ela sabia?

Eu: E como você sabe que eu fui tomar café com a Virginia? – perguntei calma olhando para ela.

Nat: Está no Gossip... "CEO da META, Priscilla Pugliese, tomando café da manhã com Virginia Milioreli a magnata das grandes lojas de maquiagens Ulta, no Garden Coffee hoje de manhã... Será uma nova amizade ou um novo relacionamento?" – lia no ipad. Peguei o ipad da mão dela e eu ri.

Eu: Nossa... Um novo relacionamento com uma aliança de ouro puro 24 quilates cravejada de diamantes, que me custou 20 mil dólares cada uma, reluzindo no meu dedo inclusive muito aparente na foto??? Uau... – ironizei.

Nat: Fala sério comigo Priscilla – falou irritada.

Eu: E eu estou falando sério. Eu tomei café com a Virginia e foi só isso. Mas você está querendo que tenha mais coisas, você que está querendo que eu assuma um caso que não existe, porque você quer motivos para brigar comigo, descontar suas frustrações em cima de mim e eu não vou cair na sua pilha.

Nat: Você não me respeita mesmo né Priscilla... – eu joguei os brinquedos num canto e gritei.

Eu: E POR QUE EU NÃO TE RESPEITO NATALIE, ME DIZ??? – ela deu um passo para trás assustando com o meu rompante - ME FALA ONDE EU NÃO TE RESPEITO? VOCÊ ME OFENDE DIA E NOITE NAS ÚLTIMAS SEMANAS COMO SE EU FOSSE A CULPADA DESSE MALDITO CÂNCER. EU ESTOU ME VIRANDO EM MIL PRA RESOLVER TUDO, PRA CUIDAR DE TUDO, PRA TE FAZER FELIZ, MAS NADA PRA VOCÊ ESTÁ BOM, TUDO É MOTIVO DE BRIGA. EU NÃO POSSO RESPIRAR UM POUCO MAIS FUNDO QUE VOCÊ QUER BRIGAR QUE VOCÊ QUER DISCUTIR, QUE VOCÊ JÁ DESCONFIA QUE EU TENHO UMA AMANTE E EU NÃO SEI PORQUÊ VOCÊ ESTÁ FAZENDO ISSO... QUE DROGA... – falei gritando e ela arregalou os olhos. Eu abaixei meu tom de voz – Você fala com a Sam todos os dias, vocês vão a SPA, você fala dela várias vezes ao dia e eu acho super bacana que você tenha uma pessoa para trocar experiências, para entender esse universo que infelizmente você está enfrentando e que eu tenho certeza que não é nada fácil e menos ainda agradável. Eu encontrei uma pessoa que vive o mesmo que eu, e acredite se quiser, tem me ensinado muitas coisas em pouquíssimos dias de amizade e ela tem sido muito mais resiliente com a vida e com as situações a volta dela, com o marido dela com apenas dois meses de vida pela frente do que eu, com a minha esposa prestes a ficar curada.

Nat: Uau... Parabéns... Em pouquíssimos dias de amizade, você já mudou bastante. Quando o marido dela morrer, se muda pra casa dela. Ela é linda, gostosa, cheia de vida. Unindo o útil ao agradável Priscilla. – eu a empurrei até a parede e apontei o dedo na cara dela.

Eu: Me respeita Natalie... Me respeita... – falava entredentes.

Nat: Vai me bater agora? – me desafiou – Me bate... ME BATE...

Eu: Até parece que você não me conhece a 20 anos... – a soltei e sai do quarto. Entrei no meu quarto entrei no closet, tirei os cabides com as minhas roupas fui colocando na bancada e fui levando para o quarto de hóspedes e pendurando. Levei os calçados que mais uso também, depois desci e almocei na cozinha com a Leila e com a Nancy. A Nina já tinha dormido, então ela acordaria na hora certa para sairmos. Natalie almoçava na mesa da sala de jantar sozinha. Terminei meu almoço fui responder alguns e-mails olhei a hora e já eram 14 horas. Tomei um banho, me troquei e logo fui ver se a Nina estava pronta, peguei a bolsa dela a coloquei no carrinho e descemos. A coloquei no carro e fomos para a porta do colégio. No caminho eu pensava como a Natalie me machucou com aquelas palavras, como ela me empurrou pra cima da Virginia que embora a insegurança dela seja grande por me ver com a Virginia, ela é só uma amiga que tem me ajudado muito e nunca ultrapassou qualquer limite comigo, que nunca se insinuou, ou falou qualquer coisa desse a entender que era sexual, era com segundas intenções. Ela queria uma amiga e viu isso em mim e eu vi isso nela. Embora eu tenha a Vicky, era bom ter alguém que vive a mesma situação que eu, porque eu realmente muitas vezes não sei como lidar com nada disso... Eu estava muito magoada com a Natalie... 

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Natalie provocadora...

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