Capítulo 60

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Pri: O que? – ficou assustada.

Eu: Isso mesmo que você ouviu. Eu quero que você saia dessa casa.

Pri: Natalie eu não estou entendendo você. Juro...

Eu: Olha nos meus olhos e me diz que você não me traiu com aquela mulher Priscilla.

Pri: O que? Você está ficando maluca Natalie? – me olhou assustada.

Eu: Você está estranha comigo, você está grossa, está fria, você mal ficou comigo e apareceu manchada de batom e com perfume de outra mulher na roupa. – falei irritada.

Pri: Espera ai Natalie... Se eu ficasse o tempo todo com você o que você dizia? Que era pra eu cuidar das crianças. Ai quando eu cuido das crianças você reclama que eu não fico com você? Sim eu cheguei com marca de batom na roupa porque ela me abraçou e óbvio que o perfume dela ficou na minha roupa o perfume dela é forte. Eu dormi no hospital vim em casa fiz o café da manhã levei as crianças na escola, levei a Nina ao médico e voltei para o hospital e não sai mais de lá. Eu saia para tomar um café, respirar um ar mais puro, relaxar um pouco porque minha cabeça estava explodindo, mas ok, você só queria reclamar, brigar, me mandar embora.

Eu: Eu entendo você arrumar outra mulher, eu estou feia, meu cabelo está péssimo, minha pele então nem se fala, a gente não transa a um mês, eu estou sempre vomitando, mais magra que já sou.

Pri: E que dia eu reclamei da sua aparência ou do seu mal estar Natalie? – cruzou os braços. – Eu estou de licença, estou me desdobrando pra cuidar de tudo e de todos e nunca reclamei. Eu também preciso tirar ao menos duas horas do dia para olhar pra mim, porque se eu não me cuidar, ai estaremos todos muito ferrados, mas parece que me cuidar, olhar um pouquinho para dentro de mim é errado. Eu sei que esse câncer é uma merda pra você, eu sei muito bem disso Natalie e eu nunca cobrei nada de você, eu sempre fui muito paciente, quando tento te ajudar e você me xinga, me ofende, grita comigo. Você acha que não dói? Você acha que eu não fico triste? Mas eu nem triste posso ficar, porque não quero demonstrar nada pra você. Eu estou fazendo tudo para manter uma rotina, para te dar atenção e dar atenção aos nossos filhos. Estou tentando manter a rotina de leva-los e busca-los no colégio, levar nosso filho ao beisebol e ainda assistir aos treinos dele mesmo exausta, brincar com a Nina, conversar com a Bia, leva-la a terapia e saber se está tudo bem com ela, porque Deus me livre se ela surtar em algum momento e tentar se jogar daqui do 22º andar. Eu estou tentando dar conta de tudo e eu posso me dar ao luxo de cuidar de mim um pouquinho e de sair pra tomar um café com uma amiga, ou de correr um pouco, ou de me sentar no Central Park e comer uma pipoca... Olha só, eu não vou ficar discutindo com você. Eu não vou sair dessa casa, não vou deixar de cuidar de você mesmo você me machucando o tempo todo com palavras, com suas grosserias. Eu vou dormir no quarto de hóspedes a partir de hoje para seu conforto já que ficar ao meu lado tem sido uma tortura ao que tudo indica. – saiu do quarto batendo a porta. Aquilo estava errado, estava tudo errado. 

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