Capítulo 71

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Fiz um lanche e voltei a trabalhar. Logo deu a hora de buscar as crianças na escola, fui busca-las e quando cheguei a Priscilla já tinha voltado e estava no escritório dela falando no telefone. No jantar ela não falou com ninguém, nem mesmo com as crianças. Ela pegou uma garrafa de vinho e foi para o quarto dela e se trancou. Ela estava me evitando, ela parecia estar deprimida e acho que eu piorei tudo. Dez dias se passaram, Priscilla e eu não trocávamos mais que o essencial. Só falávamos das crianças, da casa, das contas. Era dia 29 de maio eu estava cuidando das coisas para o aniversário do Ethan, ele faz 9 anos no dia 15 de junho, a Bia faz 16 anos no dia 20 de agosto e a Nina faz 2 anos no dia 05 de janeiro. Fui até o escritório dela, ela tinha que assinar alguns papeis para enviar para a empresa então bati lá.

Eu: Estou atrapalhando?

Pri: O que precisa? – perguntou sem me olhar.

Eu: Estou vendo as coisas do aniversário do Ethan. Ele quer fazer a festa do pijama com os amiguinhos dormindo aqui, mas são 20 crianças. – ela levantou a cabeça.

Pri: Está doida? 20 crianças de 8 e 9 anos cheias de açúcar para nós duas tomarmos conta? De jeito nenhum Natalie. Se for para dormirem aqui, no máximo 10 trazendo os melhores amigos dele só.

Eu: Pri, ele quer reunir os amiguinhos dele.

Pri: Eu sei. Podemos fazer a festa no final da tarde com bolo, doces, salgadinhos e a noite ficarem só os melhores amigos para dormir. Mas no máximo 10 pessoas. Não vamos dar conta de 20 crianças durante a madrugada. Você vai estar no terceiro dia pós quimioterapia, não sabemos como você vai estar, e eu não vou dar conta sozinha de tanta criança.

Eu: Eu não sou uma imprestável. – ela rolou os olhos.

Pri: Eu sei disso. Mas você pode estar passando mal. Vai ficar subindo e descendo escadas pra checar as crianças a noite toda? VINTE? É muito Natalie. A Evelin fez para o Bryan aquele dia com 10 crianças e deu super certo e mesmo assim ela ainda teve que levar um pra casa no meio da noite, vamos seguir o plano dela, senão a gente não vai dar conta. Vamos fazer a festa no fim da tarde e a noite a gente pede pizza, ou Mc Donalds, coloca filme para eles.

Eu: Ok, vai ser difícil convencê-lo disso.

Pri: Ele tem oito anos, e somos nós quem mandamos nele e não ele em nós. Já encomendou as cabaninhas?

Eu: Vou fazer isso agora.

Pri: Liga pra doceria brasileira e encomenda o bolo, os doces e os salgadinhos, ainda hoje e não esquece a decoração. Vamos usar a sala mais fechada.

Eu: Tá bom. – eu sai do escritório. Tem sido bem difícil a convivência. Passei o dia todo resolvendo as coisas do aniversário, convenci o Ethan de fazer a festa com todos os amigos dele mais cedo e os melhores amigos ficarem para a festa do pijama e ele aceitou. As 2 da manhã levantei para tomar água e vi a Priscilla saindo pela porta da sala. Onde será que ela estava indo? Eu olhei pela vidraça da escadaria que dava para ver a saída da garagem do prédio e ela saiu na minha BMW. Liguei pra ela e ela não atendeu. Depois de vinte minutos liguei de novo e ela não me atendeu. Não era possível que ela estava saindo de casa para me trair e ainda foi com meu carro. Deixei todos os pensamentos antigos que eu tinha sobre a Virginia me contaminar de novo. Eu não dormi mais o resto da madrugada. Tomei banho fiz o café da manhã acordei as crianças para a escola, eram os últimos dias de aula. Os deixei no colégio e quando cheguei em casa a Priscilla já tinha chegado. Eu subi entrei no quarto que ela dormia e ela estava no banho. – Onde foi as duas da manhã?

Pri: Que susto Natalie, não sabe bater não? Estou tomando banho. – falou assustada.

Eu: Não tem nada ai que eu já no tenha visto por quase 20 anos. – ela desligou o chuveiro pegou a toalha e o roupão e saiu. – Onde você estava Priscilla?

Pri: Sai para uma emergência.

Eu: E chegou agora de manhã? Saiu as duas da manhã no meu carro, chegou agora e simplesmente assim... Saiu para uma emergência? – ela tirava outra roupa do closet.

Pri: E já estou saindo de novo.

Eu: CHEGA PRISCILLA... ACABOU ESSA PALHAÇADA... A GENTE NÃO CONVERSA DIREITO A SEMANAS... PARA... ISSO ESTÁ ME ENLOUQUECENDO... – gritei. Eu não aguentava mais. – Eu sou sua mulher você gostando ou não, querendo ou não. Para com isso. – falei chorando e irritada. – Você saiu as duas da manhã, não me atendeu, e agora aparentemente está saindo de novo. E eu tenho certeza que você estava com a Virginia.

Pri: Acertou... Eu estava mesmo com a Virginia... – meu peito até doeu.

Eu: Priscilla... Como você pode? – ela suspirou.

Pri: Para de ver coisa onde não tem Natalie. Eu cansei de repetir isso... Eu estou te evitando, porque eu não aguento mais tanta desconfiança, tanta discussão, isso cansa, isso doi... Eu fui ao hospital, o marido da Virginia teve uma recaída muito grave e foi internado. Ela me ligou, a família dela não mora em NY, e ela estava sozinha com os filhos no hospital e com medo. Ela não me pediu pra ir até lá, eu que quis ir até lá. – falava calma. – O marido dela está morrendo Natalie. O pai dos filhos dela está morrendo e ela está com medo principalmente pelos filhos dela. Eu só fui dar apoio a ela e o meu celular ficou no carro, dentro da minha bolsa o tempo todo – pegou a bolsa na cama. – Agora que estou vendo que você me ligou, estava no silencioso. – falava pacientemente. – Eu fui no seu carro, porque eu peguei a primeira chave que vi e quando cheguei na garagem que vi que peguei sua chave e eu não ia subir de novo para trocar. Nunca tivemos problemas em usar os carros uma da outra. Para com isso, para de achar coisa que não existe. Eu só fui dar uma força pra ela, ela não me pediu nada, ela me ligou apavorada, queria conversar, estava nervosa e EU achei melhor ir até lá, EU decidi ir até, e eu sei que ela faria o mesmo por mim se eu precisasse. Agora vou até a empresa preciso estar presente numa reunião importante. Eu estou morrendo de dor de cabeça Natalie, chega... Eu estou exausta disso tudo. Me deixa sozinha vai. – falou tudo em voz baixa e calma, abriu a porta pra eu sair. Eu sai sem dizer nada. Isso não podia continuar assim. Não demorou muito e ela saiu foi para a empresa e voltou três horas mais tarde. A noite, todos já estavam dormindo e eu vi Priscilla saindo do quarto, eu tinha ido checar a Nina que estava resfriada. Priscilla ia para o quarto e escorou na parede.

Eu: Você está bem?

Pri:Estou. Boa noite... –se soltou de mim. Ela estava com hálito de bebida. Ela tem bebido muitoultimamente isso me preocupava. A ouvi trancar a porta, ela me evitava de todasas formas. 

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O tempo anda fechado no paraíso do Upper East Side não é mesmo? A desconfiança e a insegurança podem acabar com tudo...

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