Capítulo 16

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A porta da Bia estava fechada e eu pude ouvi pequenos soluços vindo de lá. E naquele instante eu tive um choque por todo o meu corpo. Minha filha nunca presenciou nenhum tipo de homofobia e nunca sofreu nenhum tipo de ataque por ter duas mães. Aquilo era novo pra ela e aquilo com certeza estava machucando muito ela. Eu pensei em bater e a Pri apareceu.

Pri: Não bate... – ela estava com o rosto vermelho, tinha chorado. – Deixa ela. Ela precisa de um tempo, vem... – estendeu a mão e fomos para o nosso quarto. Ela fechou a porta.

Eu: Ela nunca viveu isso...

Pri: Não. Ela está ferida, está com raiva, está triste. Vamos respeitar o momento dela. Eu conversei com ela no caminho, ela chorou, pediu desculpa e sinceramente? Ela não tem do que se desculpar. Aquela garota foi podre, ela foi horrorosa e ia sair impune enquanto ela foi cruel foi um monstro. Não acredito que estou falando isso, mas foi bem feito, apanhou pouco e não vou julgar e nem castigar minha filha por isso, ela teve o que mereceu. – eu abracei a Pri e comecei a chorar. Estava tudo tão intenso nessas últimas duas semanas que era surreal pra mim.

Eu: O que a gente faz agora?

Pri: Eu não sei... Vamos dar o espaço dela e quando ela quiser falar a gente vai ouvir. Ela nunca passou por isso e não consigo imaginar como está a cabeça dela. Somos mães dela, ela está com medo do que está te acontecendo, foi hostilizada e fomos atacadas e isso se espalhou por todo o colégio. Vamos dar um tempo pra ela... Se ela não falar com a gente, ela vai falar da maneira dela.

Eu: Fazendo um vídeo.

Pri: É... – suspirou. – Eu te amo e vamos ficar bem.

Eu: Eu também te amo. – ela me deu um beijo. Bia não saiu do quarto pra nada, nem para almoçar. Meus pais ficaram assustados com o que aconteceu, minha mãe queria ir ao colégio dar escândalo, mas tudo que podíamos dizer nós dissemos nada que ela falasse resolveria. As 15 horas Priscilla e eu fomos buscar nosso filho na escola. Ele sairia as 15:30. Os dois tem aulas em período integral em alguns dias da semana. Quando chegamos no estacionamento do colégio o porteiro disse que a dona da Trinity nos esperava na diretoria. Ainda faltavam 15 minutos para o nosso filho sair e fomos até lá. A secretária estava séria e parecia até assustada. Disse que a senhora Kimberly Kassey nos esperava. Ela bateu na porta e nós entramos. A diretora não estava lá.

Kimberly: Boa tarde, sentem-se por favor. – nos sentamos. – Eu disse que teriam um posicionamento sobre o ocorrido hoje no colégio e antes de enviar para todos os pais a decisão eu queria comunica-las. Primeiramente quero pedir desculpas por tudo isso e dizer que sentimos muito que as coisas tenham tomado essa proporção. Já tinha recebido algumas reclamações sobre a senhorita Scott e a diretora Schummer sempre dizendo que estava sob controle e nós acreditávamos nisso até ver todos aqueles pais falando das coisas que ela fez. Em todos esses anos eu nunca vi isso na minha vida, o desvio de caráter tão grave de uma adolescente de 15 anos e por ela ser filha de quem é, sair impune sempre. – suspirou – Aqui uma carta de pedido de desculpas em nome da escola para as senhoras e para a filha das senhoras, nosso principio jamais foi esse, jamais foi segregador e nem a impunidade. Aqui um pedido de desculpas da diretora Schummer que não faz parte mais do quadro de funcionários dessa escola. – ficamos surpresas – Eu passei horas lendo todas as reclamações protocoladas com relação a aluna Amber Scott e eu não sei como ela não foi punida como deveria desde o inicio. Nas primeiras falhas dela, o pai sempre pediu para reconsiderar e a diretora aceitou e isso se tornou corriqueiro e eu como uma das donas não recebia esses tipos de ocorrências da escola e não tinha conhecimento de nada disso, dessas impunidades por causa de filho de politico ou de famosos... Conversei com os pais dela, e a desliguei do colégio e obvio que os dois não tinham como questionar diante de tudo que houve hoje. Todas as ocorrências escolares dela, vão acompanhar o currículo dela daqui em diante então eles terão problemas em coloca-la numa nova escola que não seja uma escola com rigidez e um colégio interno – respirou fundo – E sinceramente? Ela merece muito um colégio interno que pegue pesado com ela, porque é muita maldade para uma adolescente. Resumindo... Senhora Schummer e Senhorita Scott não fazem mais parte da Trinity. Peço que desconsiderem a suspensão a Beatrice.

Eu: Eu agradeço que essa garota e essa diretora finalmente foram punidas. Acho que já dissemos tudo que tínhamos a dizer mas não vamos mandar nossa filha para escola essa semana.

Pri: Ela agrediu uma aluna, foi punida pela agressão que foi errada embora ela tinha tido fortes motivos para isso. Nossa filha ainda não saiu do quarto desde que chegou em casa, ainda não parou de chorar. Ela nunca passou por isso, ela nunca passou pela homofobia contra as mães dela, ela nunca precisou lidar com isso então ela precisa de um tempo para absorver isso. Como a senhora sabe, ela só tem 15 anos. Ela não precisava passar por nada disso. Mas agradecemos muito que as medidas tenham sido tomadas. – pegamos as cartas que estavam num envelope selado. Ela falou mais algumas coisas, se desculpou novamente, nos ofereceu todo apoio com relação ao meu tratamento. Ela estava envergonhada, muito envergonhada. Saímos da diretoria pegamos nosso filho e fomos pra casa.

Ethan: Cadê a Bia?

Eu: A Bia já está em casa filho.

Ethan: É verdade que ela brigou? Falaram que teve briga no bloco dela e que foi ela, que vários pais vieram aqui – eu encarei a Priscilla.

Eu: É filho. Uma garota falou coisas que não devia sobre sua irmã e sobre mim, e elas acabaram brigando, sua irmã foi injustiçada e eu vim aqui e resolvi alguns pais se envolveram... – explicamos pra ele, falamos de homofobia, ele ficou triste pela irmã ter passado por tudo aquilo. A Pri perguntou se alguma vez alguém falou algo desse tipo pra ele ou foi preconceituoso porque ele tem duas mães e ele disse que nunca falaram nada. Passamos numa loja de Donut's e compramos os Donut's favoritos dela. Subi e bati na porta. – Filha... Trouxe Donut's, seus favoritos...

Bia: Mais tarde eu como mãe... Obrigada.

Eu: Quer conversar?

Bia: Não mãe. Agora não.

Eu: Tudo bem.

Pri: E ai? – subi as escadas.

Eu: Disse que come mais tarde, não abriu a porta, não quer conversar agora. – suspirei.

Pri: Deixa o tempo dela. – meus pais estavam na sala com o Ethan abrindo presentes e com a Nina também. Fomos tomar um banho juntas nos trocamos – Preparada para a loucura que essa casa vai virar?

Eu: Sim... Ou não... – rimos e a beijei – Tenha um pouquinho de paciência tá?

Pri: Vou tentar. – me beijou. O beijo foi ganhando intensidade e logo já estávamos nos tocando. Eu deixei rolar não sabia quando transaria com ela de novo depois da cirurgia. – Será que vamos conseguir transar no meio dessa loucura e com a sua mãe empatando o tempo todo? Ela vive empatando nossas transas – dei uma gargalhada. E era muito verdade. Desde que eu namorava a Priscilla, minha mãe sempre chegava na hora errada. Logo saímos do banho nos trocamos e descemos, minha mãe cuidava do jantar, a Leila tinha deixado uma carne temperada e ela colocava no forno.

Mãe: Donut's Natalie? Você tá dando isso pra minha neta?

Eu: Mãe, não começa tá? Ela está mal, ela não comeu nada o dia todo e eu quis confortar de alguma maneira, e ela nem comeu ainda. Não começa com isso, quem vê até pensa que ela só come isso. – falei irritada.

Mãe: Olha como fala comigo eu ainda sou sua mãe.

Eu: E eu sou a mãe da Beatrice. Então não me diga como criar minha filha, graças a Deus meus filhos comem muito bem.

Pri: Está tudo bem aqui?

Eu: A mamãe que nem chegou e já começou a dar pitaco no que não é da conta dela.

Mãe: Se quiser eu vou embora...

Pri: Vamos combinar uma coisa? Chega... Não estamos num bom momento pra picuinha, pra drama ridículo. Se quisermos conviver em paz, vamos continuar com o funcionamento da casa como sempre foi, cada um no seu quadrado. Eu não estou disposta a ficar brigando. Eu vou trabalhar um pouco.

Mãe: São 18:00 vai trabalhar agora?

Pri: Do meu trabalho eu que sei... – isso não vai dar certo. 

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Toma distraída... Priscilla delicada feito um coice de mula. 

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