Capítulo 19

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Já chegamos a 1.1K, vocês são demais hein... Obrigada...

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BEATRICE NARRANDO...

Eu estava com medo do que aconteceria com a minha mãe daqui para frente, eu estava angustiada e tenta não passar isso para ela. Ela já estava sofrendo o bastante e fazendo tudo para não passar isso para nós, tentando nos proteger. Eu não aguentei precisava conversar com alguém então falei com a Jade e comecei a chorar e fui surpreendida pela imbecil da Amber Scott espalhando uma foto minha conversando com a Jade aos prantos e com um áudio nojento dela falando da minha mãe estar doente e sendo homofobica. Quando a Jade recebeu o que ela viralizou pelo colégio e me mostrou eu senti meu corpo todo ferver. Eu levantei rapidamente e sai da sala sem pedir permissão entrei na sala dela da mesma maneira em que sai da minha e dei um soco nela dizendo que isso era pra ela aprender a não falar mentira e não ser homofobica. Obvio que a idiota da diretora me suspendeu e ela saiu livre disso, até minha mãe ser chamada e "tocar fogo" na escola. Eu me senti tão mal com tudo que aconteceu que eu estava a beira de explodir. Minha mãe Priscilla falou algumas coisas e disse que não ia me punir, eu sabia que ela estava com raiva da garota e talvez se ela estivesse perto, ela mesma teria perdido toda a classe e pose dela e teria socado a cara dela. Quando entrei no meu quarto eu desabei. Eu chorei como nunca chorei em toda a minha vida. Aquele assunto revirava na minha mente, no meu coração, me embrulhava o estômago, eu nunca passei por nada disso e não que eu fosse alheia a preconceitos, minhas mães sempre me contaram das vezes que passaram por preconceitos, mas vive-los é muito diferente, aquilo me consumiu a alma. Eu não quis almoçar, eu não queria nada, eu só queria ficar sozinha. Quando minhas mães chegaram da escola a tarde o assunto nos grupos da escola era que a Amber tinha sido expulsa e a diretora demitida e muita gente falando que estava aliviada por isso e que foi a melhor coisa que aconteceu. Eu chorei ainda mais, porque pela primeira vez, a justiça de fato aconteceu ali no colégio. Eu resolvi gravar um vídeo mesmo com a cara inchada de chorar, mesmo sabendo que eu não ia conseguir fazer o vídeo sem chorar. Não ia editar, ia gravar e postar. Coloquei a câmera no tripé me sentei na cama e coloquei para gravar. Não me preocupei com luz nem nada. O titulo seria "Precisamos falar sobre isso, não está tudo bem".

Oi pessoal – suspirei – Não está tudo bem. – eu já estava chorando de novo – Primeiro peço desculpas porque eu não vou editar esse vídeo e eu não vou conseguir fazê-lo sem chorar e não pretendo demorar, mas eu precisava falar sobre isso. Hoje eu passei por uma situação que eu nunca pensei que um dia eu passaria. Uma garota do meu colégio tirou uma foto minha chorando e enviou para todo o colégio junto com esse áudio. "Oi galerinha do Upper West Side e do Upper East Side, advinha só quem está morrendo??? A mamãezinha sapatão da Beatrice Smith Pugliese. Olha a carinha triste dela que dó – dava gargalhada – O Karma sempre chega meus caros colegas. Esse é preço que se paga por ser nojenta e se casar com outra mulher. PEGA CANCER E MORRE... – gritou e gargalhou." Eu chorei por ouvir aquilo novamente – Minha mãe Natalie está com câncer de mama e ela vai fazer uma cirurgia depois de amanhã para a retirada dos nódulos nos dois seios e ver qual tipo de câncer é, e qual será o melhor tratamento para ela. Ela é nova, tem 36 anos e ela está com medo, minha mãe Priscilla está com medo, eu estou com muito medo e eu resolvi me abrir para a minha amiga Jade e essa garota que não vou citar nome, fez uma foto do momento em que eu me abria para a minha amiga e chorava contando do meu medo e me expôs junto com essa fala mentirosa e preconceituosa dela. Uma coisa que minhas mães me ensinaram é que temos que nos responsabilizar por tudo que a gente diz seja bom e principalmente ruim e essa garota nunca foi responsabilizada por nada. A escola sempre passou pano para ela, por ela ser filha de uma pessoa muito importante. E quando isso chegou até mim, eu soquei a cara dela dentro da sala dela e adivinha só? Eu fui suspensa e nada aconteceu a ela. Ela foi homofobica, ela foi cruel, ela foi mentirosa e espalhou uma história e uma foto sobre algo que ela não sabia para ser má, por simples prazer de ser má. Ela tem a minha idade. Minha mãe foi chamada na escola e virou o colégio de cabeça para baixo por isso, chamou outros pais e foram mais de 60 pais no colégio dar apoio a minha mãe e a mim porque era muita omissão do colégio. – sequei meu rosto – Ela tem 15 anos... Ela tem a minha idade. Isso não é normal, não está tudo bem. A gente não pode espalhar mentiras, e ser preconceituosa por ai e ficar tudo bem, ficar livre para continuar fazendo isso sempre. Minhas mães não são menos mães, não menos esposas, não são menos humanas, por serem duas mulheres que se amam muito e tem três filhos. Nossa família não é diferente da sua, por sua base ser um homem uma mulher e a minha serem duas mulheres. Minhas mães estão juntas a 19 anos, cresceram juntas, hoje a gente mora no Upper East Side porque as duas trabalharam e trabalham muito. Hoje eu estudo num dos melhores colégios de Nova York onde minhas mães deixam mais de 70 mil dólares por ano só em mensalidades para mim e o meu irmão, porque elas trabalham muito. O dinheiro delas valem tanto quanto de qualquer pessoa, a família delas tem o mesmo amor e carinho de qualquer outra pessoa. Enfim... O que me chocou, foi a crueldade dela, de desejar de comemorar uma morte, uma doença... – parei um pouco – Como pode ser assim? Como uma pessoa é feliz desejando mal de uma família, por ser um casal de mulheres? Eu quero te dizer uma coisa... Você sabe que estou com falando com você... Na minha casa certamente, tem muito mais amor que você algum dia nesses seus 15 anos de vida chegou perto de experimentar e eu experimento desse amor 24 horas por dia. Minhas mães trabalham muito, mas temos tantos momentos de qualidade e não tem coisa melhor no mundo que ser amada, que ouvir que é amada, que ter demonstrações desse amor em cada segundo do dia como eu e meus irmãos temos. Poderia aprender um pouco mais sobre essas famílias já que a sua provavelmente deu muito errado, porque num lugar de amor, felicidade, carinho e respeito, não existe espaço para essa amargura e crueldade toda. E não está tudo bem, ofender pessoas e achar que não vai dar em nada porque para cada ação existe uma reação, e saibam que qualquer ofensa contra mim e principalmente contra a minha família, eu vou esquecer todas as boas maneiras que a família Smith e a família Pugliese me ensinou e vou revidar. Não vou me calar diante de preconceito de nenhuma natureza. Homofobia é crime, racismo é crime, gordofobia é crime, transfobia é crime, psicofobia é crime e se for preciso eu vou fazer uma revolução nessa Nova York, mas não vou ver esse tipo de coisa e ficar calada. Hoje foi comigo, amanhã pode ser com quem está me assistindo. Até quando as pessoas vão se calar diante dessas atrocidades, desses pensamentos retrógrados e podres de gente que amargurada e limitada mentalmente porque acham que o mundo tem que ser do jeito que elas querem que sejam? Não está tudo bem e precisamos falar mais sobre isso... Se cuidem... – desliguei o vídeo. Eu o assisti e postei.

A noite eu resolvi descer para jantar com meus avós, eu ainda não tinha os visto. Eles trouxeram presentes, a mamãe não deveria estar gostando nada da presença deles lá em casa. Os dois vão passar o tempo todo se alfinetando e a minha avó dando pitaco em tudo que não é da conta dela e irritando minha mãe. Eu jantei com todos eles, sem muita conversa, peguei um copo de água e um donut que minhas mães compraram para me agradar. Eu subi logo a minha mãe Priscilla subiu e falou comigo eu acabei voltando a chorar e depois de um tempo eu me sentia sufocada, eu queria o carinho delas então fui para o quarto delas e chorei copiosamente. Eu sentia dor e raiva de tudo aquilo junto com o medo da cirurgia da minha mãe. Eu acabei tomando um remédio que a minha mãe me deu e eu dormi com elas. No dia seguinte quando acordei, eu tinha quase 150 mil novos seguidores e mensagens lindas no vídeo que postei desabafando. Eu já estava com pouco mais de 900 mil seguidores. Eu passei o dia respondendo comentários, conversando com meus amigos do colégio, com a Julie também que estava preocupada comigo. No dia seguinte era a cirurgia da minha mãe, ela e a mamãe sairiam bem cedinho e eu iria mais tarde com meus avós. Acordei as 7 da manhã tomei banho, me troquei, desci tomei café da manhã. A Nina acordou antes da Nancy chegar.

Eu: A Nina acordou.

Vó: O que ela mama?

Eu: Ela mama uma fórmula que está ai no armário. Eu faço a mamadeira dela.

Vó: Eu vou trocá-la então. – ela subiu eu fiz a mamadeira dela esquentei e logo minha avó desceu com ela.

Eu: Oi minha princesa, carinha amarrotada – a beijei – Toma seu tetêzinho.

Vó: Ela segura sozinha?

Eu: Sim, mas tem que ficar de olho senão ela não mama nada. Pode me dar ela, toma seu café que eu dou a ela – eu a peguei coloquei no cadeirão e fiquei dando mamadeira a ela, dei biscoito. Logo a Nancy chegou a fez dormir de novo. Meu avô desceu tomou café.

Vô: Cadê a chave da BMW?

Eu: No aparador. – ele pegou e descemos, entramos no carro. – Espera um pouco vô, pelo menos cinco minutos para aquecer o carro, está muito frio. – esperamos, eu coloquei no gps do carro o endereço do hospital e fomos. Quando chegamos lá minha mãe Priscilla estava na sala de espera.

Vó: Ela já entrou?

Mãe: Sim, a 10 minutos.

Vó: O médico falou quanto tempo ia demorar?

Mãe: Cerca de 3 horas, mas depende de como ele vai encontrar os tumores.

Vó: A gente deveria ter vindo mais cedo Leandro eu queria conversar com ele, saber das coisas direito. – só vi minha mãe rolando os olhos. Minha mãe não vai aguentar isso. Ela ignorou os dois que ficaram trocando farpinhas. Minha mãe rodava no dedo dela a aliança da minha mãe. Tiraram para a cirurgia. Ela estava ansiosa, preocupada e era visível a tensão dela.

Eu: Ela vai ficar bem mamãe...

Mãe: Vai sim meu amor... Ela vai sair bem dessa... – me deu um beijo no rosto... Aquela espera era surreal de tensa e parecia durar uma eternidade.

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