Capítulo 70

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Eu: Você sabe que minhas esposa e eu temos brigado o tempo todo não é?

Virginia: Sim eu sei... Por que você acha que nós duas temos um caso.

Eu: É... E... – ela me cortou.

Virginia: Natalie, não quero te comprometer, então eu vou te cortar, vou impedir que termine seu argumento para estar aqui agora porque eu já entendi o seu motivo. – suspirou – Priscilla e eu somos amigas. Boas amigas e eu respeito muito ela, o casamento de vocês duas, os filhos de vocês, o momento que você está passando porque eu sei que não é nada fácil. Meu marido está morrendo. Ele pode morrer hoje, pode morrer amanhã. Eu tenho 3 filhos com ele que estão conformados que vão perder o pai, mas que vão sofrer muito quando esse dia chegar. Eu vou perder a pessoa que mais me ensinou nessa vida. Sabia que somos separados de corpos a 3 anos?

Eu: Não... – falei baixo. A Pri com certeza sabia.

Virginia: Nosso casamento acabou por muitos motivos, mas em momento algum houve traição ou desrespeito. Ninguém da família sabe. E eu continuo amando o Geromy, pela pessoa que ele é, pelo pai que ele é, pelo marido que ele sempre foi, pelo amigo que ele é para mim. Todos os dias ele se despede de mim – suspirou – E isso dói demais. Meu amigo meu melhor amigo vai morrer. – deixou cair uma lágrima e a secou rapidamente – E tudo que eu pude fazer por ele eu fiz. Em todos esses anos de luta contra com câncer ao lado dele, me dedicando a ele, muita gente se afastou e a Priscilla foi a única pessoa que me olhou nos olhos, que me ouviu, que ficou em silêncio me escutando, que não falou que era bobagem minha qualquer sentimento. Ela foi a única pessoa que me olhou devagar... Todo mundo me olhou depressa demais e ela não... E é isso que a gente faz Natalie...A gente se apoia. Ela me escuta, eu a escuto. Eu conto minha experiência pra ela, e ela conta a dela pra mim. Eu conto como eu lidei e lido com certas coisas e a aconselho no que posso. Eu a aconselhei a cuidar dela mesma um pouquinho, a sair pra caminhar e correr, pra extravasar toda a tensão dos dias, isso é importante. A aconselhei a não brigar, e que você veria coisas onde não tem, e que por mais que você quisesse afastá-la de você, para ela não desistir de você... – eu soltei o ar que eu nem sabia que estava segurando. – Eu entendo você ter vindo aqui, e eu prometo a você que se você não quiser que a Pri saiba ela não vai saber dessa conversa. Eu entendo que se sinta insegura, mas saiba que somos só amigas eu gosto da amizade dela e muito e não quero me afastar dela e gostaria que você aceitasse minha amizade. Posso fazer parte da sua rede de apoio quando precisar. Pegar as crianças na escola, resolver algum problema.

Eu: Eu não sou assim... Eu não me vejo quando me olho no espelho. Eu sou dona de um dos melhores SPA de NY e eu não consigo me sentir eu... Me sentir bonita e eu me sinto ameaçada. Eu sei que estou sendo idiota, mas eu precisava vir.

Virginia: Não... Você não está sendo idiota. Eu entendo a sua insegurança. A auto estima da mulher é algo que bagunça tudo eu sei disso. Mas não se preocupe Natalie... Fique segura, acalma seu coração... E além de tudo, eu sou 100% hetero eu tenho certeza – rimos. Eu estava me sentindo muito ridícula. Eu me desculpei e pedi que não contasse a Priscilla. Ela disse que não contaria. Eu fui pra casa. Priscilla estava na brinquedoteca da Nina.

Eu: O que está fazendo?

Pri: Montando as prateleiras de livros.

Eu: Aqui ficou realmente bem bonito.

Pri: Está ganhando forma.

Eu: E cadê a Nina?

Pri: Com a Nancy. – ela não respondeu nenhuma das perguntas olhando pra mim.

Eu: Vamos conversar?

Pri: Não.

Eu: Priscilla.

Pri: Não Natalie, não quero conversar com você, não tenho nada pra falar. Chega de discussão. – suspirou e continuou o que estava fazendo.

Eu: Eu não quero discutir, eu só não quero ficar nessa situação ruim e chata.

Pri: Que diga-se de passagem que foi você que nos colocou né? – ironizou.

Eu: Amor...

Pri:Natalie, sai daqui... Por favor, me deixa sozinha. Eu estou aqui distraídafazendo essas coisas com uma mão machucada, eu só quero um momento de paz pranão pensar em nada e só montar um móvel. Deixa pra vir com seus achismos e seubate boca mais tarde. Agora eu só quero fazer o que eu estou fazendo, maisnada... Por favor... Me deixa em paz. –eu sai de lá e fui para o meu escritório. Trabalhei o dia todo nem almocei.Quando sai para fazer um lanche, ela não estava em casa. Saiu e nem falou nada. 

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