Capítulo 32

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No dia seguinte pela manhã deixamos as crianças no colégio e fomos para a minha quimioterapia, minha primeira sessão. Eu estava ansiosa, preocupada. Levei meu ipad, alguns snacks, suco, água, um cobertor quentinho. Priscilla levou o notebook dela, ela ficaria trabalhando sentada ao meu lado. Quando entrei na ala da quimioterapia senti um arrepio e me deu uma vontade imensa de chorar. – Está tudo bem amor?

Eu: Estou muito ansiosa e com medo. – apertei a mão dela e ela me abraçou.

Pri: Eu estou aqui com você. Vai dar tudo certo. – entramos. – Oi, bom dia...

XX: Bom dia – sorriu.

Pri: Hoje é a primeira quimioterapia da minha esposa.

XX: Qual é o nome?

Pri: Natalie Kate Smith Pugliese. – ela digitou no computador várias coisas, pediu os documentos e eu entreguei a ela. Ela fez a ficha e imprimiu.

XX: Assina pra mim por favor. – eu assinei tudo. – Vou chamar o doutor Max, ele já está te esperando e a doutora Angeline também. – ela fez duas ligações e cinco minutos depois os dois vieram juntos. Angeline era uma Loira, deveria ter uns 45 anos, muito bonita.

Max: Natalie, Priscilla... Bom dia – sorriu.

Eu: Bom dia.

Pri: Bom dia.

Max: Essa é a doutora Angeline, ela é responsável pela ala quimioterápica.

Angeline: Muito prazer Natalie e Priscilla... – apertou nossa mão e sorriu.

Max: Discutimos já a sua medicação depois de uma analise bem detalhada – me explicou quais as medicações eu tomaria durante a quimio e as medicações orais.

Angeline: Decidimos fazer um procedimento com você que precisa ser feito no bloco cirúrgico, porque precisa de anestesia local.

Eu: Por que? Que procedimento é esse?

Angeline: Vamos fazer seu tratamento por um cateter venoso central, um Port-a-cath. Seu tratamento é de pelo menos seis meses, então para não ficarmos te furando a cada 21 dias, e como a medicação é muito tóxica para as veias periféricas, elas acabam fibrosando e cada vez mais fica difícil encontrar uma veia boa para puncionar. Então um cateter venoso central facilita tudo. Exames, aplicação de todos os medicamentos que forem necessários, e embora pareça estranho, é mais confortável para você.

Eu: E como isso funciona?

Angeline: Vamos fazer um pequeno corte aqui em você – me mostrou – É subcutâneo e ficará alocado numa veia calibrosa. – me explicou tudo, os prós e os contras. Minhas veias eram muito difíceis de puncionar, então era a melhor opção para mim. Eu fui para uma sala me preparar e me levaram para o bloco cirúrgico ali ao lado, destinado para esse tipo de procedimento. Doutora Angeline quem cuidou de tudo enquanto doutor Max conversava com a minha esposa. Logo ela acabou, eu fui para onde funcionava o tratamento novamente. Eu decidi fazer a crioterapia, para tentar evita a queda de cabelo. Então esse método tinha que acontecer 30 minutos antes da aplicação. Fiquei ali naqueles 30 minutos e fui para a sala de quimio. Era uma sala ampla e cada poltrona era dividida por cortinas. Haviam algumas pessoas ali. Algumas já não tinha mais os cabelos. Uma mulher sorriu pra mim. Ela usava um lenço lindo na cabeça, azul marinho com fios dourados.

XX: Oi – acenou pra mim. Eu acenei de volta e sorri pra ela. Me direcionaram para a poltrona do lado dela. Ela deveria ter uns 45 anos ou mais.

Angeline: Essa é a Liliana, ela é enfermeira aqui então a verá muitas vezes.

Eu: Muito prazer, Natalie.

Liliana: O prazer é todo meu. – sorriu lindamente. Ela me explicou algumas coisas.

XX: Oi... – a moça me cumprimentou de novo.

Eu: Oi... Muito prazer meu nome é Natalie.

XX: O meu é Samantha, mas todo mundo me chama de Sam... Muito prazer. Você é nova aqui né? Nunca te vi.

Eu: Sim. É a minha primeira vez aqui – sorri nervosa.

XX: Assusta no começo, mas depois você acostuma. Estou aqui a 8 meses pela segunda vez.

Eu: O que você tem?

XX: Câncer de mama triplo negativo – eu senti um nó no estômago. Eu não queria ter câncer, aliás ninguém quer ter câncer, mas na pior das hipóteses, eu não queria ter esse tipo. Ele era o mais agressivo de todos. Ele era conhecido como HER2 negativo. Ele dissemina muito rápido, é mais difícil de tratar e as chances de voltar em curtos espaços de tempo são extremamente altas. – E você?

Eu: Carcinoma ductal invasivo.
XX: Vai tirar de letra, tenho certeza
– piscou pra mim. – Essa moça bonita quem é? – perguntou da Priscilla que só prestava atenção na nossa conversa.

Pri: Priscilla... Priscilla Pugliese, sou esposa dela.

XX: Uau... Você é linda... Com todo respeito Natalie – a gente riu. – Quanto tempo são casadas?

Liliana: Sam... Já vai começar a inquisição?

Sam: Eu gosto de conversar Lili, me deixa falar. – a gente deu risada. Ela era divertida.

Pri: Somos casadas a 16 anos. Faremos 17 no dia 05 de outubro.

Sam: Tem filhos?

Eu: Temos três... Beatrice tem 15 anos, Ethan tem 8 anos e a Nina tem 1 ano e 3 meses.

Sam: Idades bem diferentes. Sua casa não pega fogo as vezes não?

Pri: Quase todos os dias, principalmente para ir para escola.

Eu: E você Sam, tem filhos é casada?

Sam: Eu tenho 4 filhos. Jordan tem 22 anos, Anne Marie, tem 20 anos, e os gêmeos tem 17 anos Cole e Caterine. Jordan e Anne estão na faculdade e os gêmeos no ultimo ano do high school. Sou casada, meu marido é piloto da American Air Lines e eu sou dona de uma franquia da Cotsco em Nova York.

Eu: Que legal... Eu sou dona de um SPA na Quinta Avenida e a Priscilla é CEO do grupo Meta.

Sam: Uau... Isso é muito legal. Quando eu estiver me sentindo melhor vou passar um dia no seu SPA.

Eu: Vai sim, vai ser minha convidada de honra.

Sam: Adorei... – a Liliana colocou a medicação. O enjoo veio na hora. – É assim mesmo. A primeira vez é pior. – falou baixo. – Se sentir vontade, vomite. – falava calma. Depois de duas horas eu estava muito pior, eu me sentia enjoada demais, com vontade de chorar. – Priscilla?

Pri: Sim?

Sam: Pega o recipiente, ela precisa vomitar. – Pri me olhou assustada e pegou uma espécie de baldinho destinado para quem quisesse vomitar.

Eu:Eu estou bem.
Sam: Não... Não está... Não segura Natalie, é muito pior.
– eu não aguentei e vomitei muito. Priscilla medeu água, eu lavei minha boca. Realmente foi um alivio vomitar. 

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