Capítulo 17

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PRISCILLA NARRANDO...

O caos estava instalado. Não bastava minha sogra vir, meu sogro veio de surpresa, pelo menos ele não se mete em nada, mas os dois vivem um amor incubado e se separaram por orgulho e vivem trocando farpas. Isso tinha tudo para virar um inferno. Para piorar tudo, Natalie foi chamada na escola, a Bia brigou com uma garota, coisa que ela nunca fez e quando eu soube disso eu estava dirigindo para escola feito uma maluca no meio da neve sem entender nada porque eu nem vi a Natalie sair de casa quando ligaram pra ela. Fiquei impactada com os motivos e com tudo que vi. Vários pais solidários a situação. Amber Scott a garota mais insuportável que existe nessa escola e que acha que pode fazer e falar o que quiser porque o pai é ministro da casa do caralho então nunca é punida por nada. Minha filha entrou na sala dela e socou a cara dela e quando vimos o motivo eu sinceramente quis aplaudir a minha filha por ter socado aquela garota ridícula. Natalie criou uma rebelião com os pais no colégio e eu evitava olhar para a cara da diretora para não soca-la também, porque tudo isso só estava acontecendo porque ela permitia. A escola não tinha um senso de justiça por causa dela. Ela estava sempre esticando o tapete vermelho para políticos e famosos. Quando a Bia colocou o áudio para escutarmos, até a voz daquela garota me deu nojo e os pais dela não tinham onde enfiar a cara. Se a Natalie não fizesse aquilo, espalhasse o papo com a diretora para os pais para que todos dissessem o que rolava, ninguém faria nada novamente e aquela garota continuaria infernizando a vida de todo mundo. Natalie fez questão de assinar a suspensão da Bia eu não me opus. Fomos embora, Bia foi comigo.

Eu: Filha... – suspirei – Sei que deve estar achando injusto ser punida por isso.

Bia: Não mãe, não acho injusto, eu bati, eu tenho que ser punida sim. Mas acho injusto ela ficar numa boa como sempre, isso sim eu acho injusto. Bati com gosto e se for preciso eu bato de novo. Me desculpe, te peço desculpa peço a mamãe também, mas não me arrependo por ter dado o que ela merecia. Ela me ofendeu, ela ofendeu as minhas mães, ela foi cruel como sempre. Alguém tinha que parar aquela doente. – falava com raiva.

Eu: Eu não vou te julgar por isso, porque se fosse comigo eu teria feito o mesmo.

Bia: Qual vai ser meu castigo?

Eu: Nenhum. Não vou te punir por socar uma homofobica. – ela secou as lágrimas. Ela estava parecendo uma panela de pressão prestes a explodir. Chegamos em casa ela subiu rapidamente para o quarto dela, não quis conversar e se trancou lá. Eu a ouvi cair no choro, ela estava com raiva e sentida. Eu queria abraça-la, mas ela não queria ninguém por perto. Fui para o meu escritório e chorei. Minha filha nunca passou por nada disso, e doía ver que ela estava sofrendo. Natalie estava magoada, com raiva e quando chegou era nítido que tinha chorado. Ficou o resto da tarde incomodada por não conseguir falar com a nossa filha. Fomos buscar nosso filho na escola a dona do colégio pediu para conversar conosco e nos surpreendeu dizendo que a diretora foi demitida e que a aluna foi expulsa. Decidimos não mandar a Bia para a escola mais aquela semana. Ela não estava bem e tinha muita coisa para absorver. Compramos Donut's que ela gostava e ela também não quis e para piorar tudo na hora de fazer o jantar minha sogra que mal chegou já deu pitaco sobre a alimentação da minha filha e sobre o meu trabalho. Cheguei na cozinha no meio da conversa.

Nat: E eu sou a mãe da Beatrice. Então não me diga como criar minha filha, graças a Deus meus filhos comem muito bem.

Eu: Está tudo bem aqui?

Nat: A mamãe que nem chegou e já começou a dar pitaco no que não é da conta dela.

Deborah: Se quiser eu vou embora...

Eu: Vamos combinar uma coisa? Chega... Não estamos num bom momento pra picuinha, pra drama ridículo. Se quisermos conviver em paz, vamos continuar com o funcionamento da casa como sempre foi, cada um no seu quadrado. Eu não estou disposta a ficar brigando. Eu vou trabalhar um pouco.

Deborah: São 18:00 vai trabalhar agora?

Eu: Do meu trabalho eu que sei... Quem paga as contas dessa casa, sou eu e a minha esposa, e agora eu estou de home office e eu não trabalhei direito hoje por causa dessa confusão toda, então eu vou fazer algumas coisas e nem sei porque estou te dando satisfação. – sai andando antes que eu a mandasse para o inferno. – Nem parece que eu acabei de transar com a minha mulher... Já estou virada no cão de novo... – falava puta de raiva.

Nat: Priscilla...

Eu:Me deixa Natalie... –fui para o meu escritório. Trabalhei por uma hora e entrei no youtube, tinha um vídeo da minha filha, ela tinha postado a 10 minutos. O titulo era "Precisamos falar sobre isso, não está tudo bem.". Eu assisti aquele vídeo e eu não contive as lágrimas. Ela estava triste, com raiva, magoada e revoltada. Beatrice nunca fez um vídeo chorando, nem mesmo quando ela recebeu a edição do vídeo da festa de 15 anos que ficou a coisa mais perfeita do mundo ela chorou. Foi um vídeo sem cortes e que ela expôs tudo que ela sentia. Ela realmente falou como ela sabia falar, por vídeo. Eu sabia que ela não falaria comigo ou com a mãe dela. Dor... Eu senti uma dor imensa com aquilo, como tudo aquilo foi intenso pra ela e fundiu com o medo da cirurgia da mãe dela. Era muita coisa pra uma menina de 15 anos. Depois de assistir o vídeo eu vi os comentários e muita gente dizia se identificar com o que ela disse, que já passou pela que ela estava passando, deram força, inclusive em pouquíssimos minutos o vídeo dela estava em alta no youtube. Eu curti o vídeo e comentei nele.

A mamãe te ama muito filha, e tem um orgulho tremendo de você. Eu conheço seu coração, sua mãe também conhece, e vamos passar por tudo isso juntas ok? Estaremos sempre ao seu lado. Eu te amo e a mamãe também, tudo vai ficar bem e as feridas vão se curar.

Depois de 40 minutos a Natalie bateu na porta.

Eu: Entra...

Nat: O jantar está pronto. Está tudo bem?

Eu: Sim. – desliguei o computador e me levantei.

Nat: Amor. – me segurou – Eu te amo não vamos deixar tudo isso acabar com a gente.

Eu: Te amo. – dei um beijo nela. – Vamos comer. Chama a Bia.

Nat: Ela já está na mesa. – eu sai do escritório lavei as mãos e fui para a mesa. Minha sogra estava dando comida a Nina. Dei um beijo na cabeça da Bia e pisquei pra ela. Ela deu um sorriso fraco, nos servimos e comemos sem conversar. Natalie falava com o pai dela sobre a empresa dele, sobre a família até que ele puxou papo comigo também. Gosto do Leandro, ele não é inconveniente como a minha sogra.

Leandro: Sua mãe como está Priscilla? Como estão os negócios soube que ela está pensando em abrir outro supermercado brasileiro só que em Port Saint Lucie.

Eu: Sim, ela está planejando com a minha tia. A minha prima se casa em alguns meses e ela e o marido vão morar lá por causa do trabalho dele. Então minha mãe e minha tia estão pensando em fazer esse novo supermercado lá, já que muitos dos clientes em Fort Lauderdale são de Port Saint Lucie também.

Leandro: Vai ser ótimo pra elas, lá tem muito brasileiro, assim sua prima pode cuidar dos negócios.

Eu: Sim, é bem isso mesmo. Meu irmão está querendo vir pra Nova York e abrir um aqui.

Nat: Meu sonho. O supermercado brasileiro aqui não tem tanta coisa. – minha sogra não falava nada, se limitava em comer e dar comida a Nina. Terminei de comer, a Bia também.

Bia: Eu vou subir.

Nat: Tem sobremesa filha.

Bia: Vou comer um donut's obrigada mãe... – abriu a caixa que estava na mesa pegou um copo d'água e subiu. – Boa noite a todos.

Eu: Com licença...

Nat:Amor... –eu subi atrás dela. 

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