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ana luísa

deitada na rede que ficava em minha sacada eu observava o mar, ficava mil vezes mais bonito de noite com a luz da lua sobre ele. eu amava muitas coisas sobre a vida, o que era irônico já que já tive depressão severa. mas com a terapia e amadurecimento minha opinião mudou sobre muitas coisas, principalmente sobre a vida. passei a agradecer por tudo, até pelo ar que respiro. é difícil de explicar, mas parece que as vezes me sinto iluminada, radiante e isso me faz  sentir ótima.

senti meu celular vibrar sobre meu peito e lembrei que tinha marcado de ficar em ligação com carlos eduardo, tratei de atender na mesma hora colocando no viva voz

— ei ei, tá me ouvindo? - perguntou ele e eu concordei com a cabeça por mais que não pudesse ser visto.

— perfeitamente. como está? - respirei fundo sentindo tranquilidade.

— eu tô indo, cansaço sem fim. e você?ainda bêbada?! - perguntou e eu dei uma leve risada com a última pergunta. antes de marcarmos a ligação eu mandei um vídeo para ele bebendo uma taça de vinho e a minha situação não era a das melhores.

— preocupante você com esse cansaço. e respondendo sua pergunta, tô bem e não estou mais bêbada, só com fome. - respondi e pude ouvir vozes de mulheres.

— rapidinho nalu, já te dou atenção. - a voz dele ficou meio abafada mas pude ouvir falar com sua irmã jéssica e mais uma mulher, deduzi ser sua cunhada. — é a analu? - perguntou jéssica. — me dá aqui..oi analu!! quanto tempo, nega.

um sorriso se formou em meu rosto por saber que ela lembrou de mim, gosto disso.

— oi meu amor, quanto tempo!! como andam as coisas? o casamento? - perguntei animada.

— tudo ótimo, quero você no meu casamento hein! soube o que você fez pelo meu irmão e eu fico muito grata e feliz por isso. - dei um sorrisinho. — fora que você é uma mulher brilhante.

— eu concordo, o tanto que eu já ouvi falar de você..e prazer! sou tatiele.

— ah gente, muito obrigada pelo carinho. vocês não conseguem imaginar o quão feliz eu estou por saber dessas coisas. e jéssica, não precisa agradecer ok? fiz o mínimo. fico feliz pelo convite mas não vejo necessidade, minha parte eu já fiz. - disse enquanto fazia trancinhas em meu cabelo que desmanchavam por não prende-las com ligas.

— vai fazer desfeita, ana luísa? - cadu perguntou implicante.

—não é desfeita, carlos. para de botar pilha!! - falei rindo. — mas não quero que achem que só ajudei você por isso, pra ser convidada pro casamento.

— obviamente não, estou te chamando porque você é incrível e eu amaria te ter no meu casamento. - falou jéssica.

— exato. gosto de pessoas boas e você é uma delas, então está convidada. - completou tatiele.

— ah gente, então eu aceito. - eu ri. — obrigada!

— de nada preta, até mais. beijo e tchau, vou deixar você e cadu. - disseram isso e tatiele jogou beijo, deixando eu e carlos a sós na ligação.

— elas são incríveis. - disse apenas isso e respirei fundo.

— são..vai no casamento tá? vou ficar feliz e elas também.

— eu vou. - disse apenas isso e olhei pro mar. — quando a gente estava na praia você não fez sua biografia, me deixou curiosa.

— não? então eu faço agora. - ele se ajeitou. — vai ficar horrível mas quem liga? jovem de 23 anos apaixonado por cultura, família, música e maconha. leonino com ascendente em ego. amante de uma boa série brasileira, mpb, rap, r&b e pequenos momentos e gestos que se tornam importantes.

assim que ele terminou eu bati palma enquanto sorria, por mais que tenha sido breve e talvez um pouco brega, eu gostei.

— amei! - disse olhando pras minhas unhas dessa vez.

— amou? - ele pareceu surpreso.

— sim! me identifiquei.

— isso é mais que bom..- ele me respondeu.

— uhum. - me limitei a dizer isso.

— tá vendo o mar daí? - mais uma vez me surpreendi de forma positiva.

— sim! a noite fica bem mais bonito, a luz da lua dá um toque especial. sou apaixonada por essa imensidão, sempre fui.

— sempre foi? desenvolve. - ele me perguntando aqui me deu liberdade para ser 100% sincera, então assim serei.

— eu já passei por uma época difícil, muito difícil aliás. já fui internada, medicada e tratada. perdi o amor por tudo, até pela vida mas nunca, nunca mesmo pelo mar. eu sinto um amor imensurável que não dá pra explicar. - disse acelerada mas quando terminei de falar foi como se tivesse tirado um peso dos meus ombros.

— você é canceriana com ascendente em mar, isso é lindo demais. você é. - sorri ouvindo ele falar. — ainda passa por essa época difícil? de perder o amor pela vida?

— não! pela vida não, mas perdi um pouco do interesse pelo amor. é complicado. mas não deixo de querer me apaixonar um dia, acho esse sentimento lindo. - me distrai um pouco olhando para o mar. — é um pouco contraditório, eu sei.

— não, eu não acho que seja contraditório. vou ser sincero com você agora, eu tenho receio e talvez um pouco de medo desse sentimento.. não sei explicar muito bem.

— mas cadu, se você tem medo do amor, você tem coragem de quê? - perguntei com um sorrisinho no rosto. — amor é um dos sentimentos mais fortes, não tem como correr..evitar sim, mas não correr.

— enquanto eu puder correr, eu corro! não tem problema, nalu. sempre vi o amor ser algo difícil e doloroso, não quero passar pelo mesmo que as outras pessoas.

— e você não vai, por que não é elas. eu vi numa série que dizia em um poema assim "cada amor é diferente. ninguém é igual, nem cor e nem alma." pensa nisso, não faz sentindo pra você? - perguntei.

— faz, você tem um ponto..- ele disse e eu ri. — você é tão inteligente que dá raiva. gosto de conversar com você por causa disso, me faz repensar meus 23 anos de vida.

— gosta de conversar comigo então? - perguntei com um sorrisinho no rosto.

— gosto! - ele me respondeu e senti meu coração dar uma aceleradinha de felicidade.

ficamos conversando até mais tarde, no máximo até 1h da manhã porque eu iria estudar cedo. na hora de desligar foi uma luta, ninguém queria dar tchau pois o assunto estava ótimo. mas precisamos. dormi bem e tranquila pensando nas trocas que tive com ele.

(:

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