ana luísa
sorri para a recepcionista agradecendo pelo atendimento e caminhei em passos nervosos até o jardim onde paula estava, dessa vez ela não tinha ligado, eu só quis visitá-la e aqui estou. de longe vi ela sentada na cadeira de rodas pintando algo, respirei fundo e fui até. a mesma me vendo deu um sorriso e eu sorri fraco e apressei os passos.
— filha..- disse abrindo os braços para mim e eu fui até ela dando um breve abraço por ainda ser um pouco estranho para mim.
— e aí..- sorri sem graça e me sentei nos banquinhos perto dela.
— surpresa boa. - ela disse e eu cocei a nuca já me arrependendo um pouco.
— vim aqui rapidinho, daqui a pouco cadu vem me buscar para irmos no shopping..- ri fraco. — como você está?
— eu tô bem..quem é cadu? - ela me perguntou e eu dei um sorriso sincero.
— meu namorado. - estiquei minha mão para ela mostrando a aliança.
ela riu e levou as mãos até a boca mostrando choque e eu ri também.
— não sou mais uma adolescente, não entendi o porquê do choque. - falei e ela concordou.
— tem razão..- botou os cachos atrás da orelha. — mas é algo novo, né? nunca tivemos essa conversa.
— nunca tivemos várias conversas. - falei e ela abaixou a cabeça. — não precisa mais se culpar.
— mas me dói, né..fazer o que? - ela disse e eu toquei em seu joelho fazendo um leve carinho sentindo um incomodo tremendo. — carinho gostoso..
ela disse e eu involuntariamente tirei minha mão.
— acha que quando eu sair daqui..as coisas vão ficar normais? como mãe e filha? - respirei fundo passando a mão em meu rosto.
— eu não sei. - me limitei a dizer isso.
— eu queria muito! - ela me disse e encostou na cadeira. — nesses 21 anos de sua vida eu sempre desejei ser uma boa mãe, te dar isso sabe?
— acho que agora já é tarde, muito tarde na verdade..eu já tenho uma presença materna na minha vida, uma não.. três, e você não é uma delas. - senti meus olhos arderem. — você pode ser tudo, uma amiga, uma parente, mas não a minha mãe, por mais que eu queira muito.
— filha..- tentou falar mas eu continuei.
— me dói muito estar nessa situação com você, mas já não dá mais para recuperar o tempo perdido, entendeu? - perguntei e ela concordou.
— eu entendi, mas você sempre vai ser minha filha, minha menininha, minha ana luísa. - ela foi falando com um sorriso no rosto e os olhos cheios de lágrimas, o que me fez chorar. — eu espero seu tempo, eu espero o tempo que for, eu esperei 21 anos, o que são mais uns aninhos? tá tudo bem.
— obrigada por me entender e respeitar o meu tempo, é muito importante pra mim. - disse sincera e ela concordou.
— pode te dar um beijo? - me pediu e eu concordei indo até ela.
paula me puxou para um abraço apertado e eu retribuí mesmo me sentindo estranha, mas se fosse para me acertar com ela, não mediria esforços. assim que senti seus lábios tocarem minha bochecha me afastei com um sorrisinho fraco no rosto.
assim que me sentei no banco novamente, senti meu celular vibrar e quando peguei vi que meu romance me ligava, no mesmo instante atendi colocando em meu ouvido.
— oi amor! - falei assim que atendi.
— oi minha princesa, tô aqui. já terminou com a sua mãe? - ele me perguntou e eu concordei com a cabeça por mais que não desse para me ver.
— uhum! já vou aí, rapidinho.. só o tempo de me despedir. - falei me levantando enquanto abaixava minha saia jeans um tanto curta.
— tá, gatinha.. estou no aguardo. - ele disse e desligou.
respirei fundo colocando meu celular no bolso e olhei para paula que tinha um sorrisinho no rosto.
— você tem um brilho tão bonito em seu rosto quando fala com esse rapaz. - ela disse e eu cruzei os braços sentindo uma leve vergonha. — vai lá encontrar ele, não faz o bichinho esperar.
— tá bom! até mais..- falei e arrumei minha bolsa em meu ombro. — tchau!
ela me retribuiu e eu dei as costas indo embora em passos longos, após me despedir também da recepcionista fui até o carro do meu namorado, abri a porta e o vi me esperando com um sorrisinho no rosto.
— tá cheiroso. - falei abraçando ele e deixei um beijo em seu pescoço.
— pra você, pretinha. - segurou em meu pescoço e me puxou para ele selando nossos lábios formando um selinho, que eu transformei em um beijo rápido. — vamos?! - perguntou me dando um selinho.
— vamos!! - disse animada e após roubar mais um selinho, fechei a porta do carro e ele ligou o mesmo dando partida até o shopping.
no caminho nós conversávamos sobre tudo, e ele aproveitou e me contou que maíra tinha ido até ele lhe procurar, fiquei incomoda por hora mas depois satisfeita por ele ter dado um basta nessa história. quando chegamos no shopping, fomos até algumas lojas comprar certas coisas para o apartamento dele e quando eu ficava de olho em qualquer coisa que fosse, ele já queria me comprar, mas eu obviamente não deixava.
feliz da vida com a minha casquinha de baunilha e chocolate, cadu me levou para casa e mais uma vez foi uma luta para nos despedirmos. amava ele tanto!
(:
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