ana luísa
estava sentada em frente ao carlos enquanto tomava meu suco de laranja que ele fez questão de pagar.
— chegar em casa vou descobrir teu pix e vou te pagar. - disse ameaçando e ele fez cara feia.
— chata, é presente! tá toda abatida aí, quis agradar.
sorri fraco e me aproximei dele dando um beijo em sua bochecha.
— nesse caso então muito obrigada! - dei mais um gole no suco e dediquei minha atenção 100% nele. — vai me contar sobre o sonho?
— ah, o sonho! - ele pareceu despertar e eu fiquei mais alerta. — então, o sonho foi meio vago mas era basicamente você presa em um labirinto, esse labirinto era muito confuso sabe? até eu que estava lá para te ajudar dando apoio me perdia, eu e taís né. fora que chovia, mas não era uma simples chuva..era lágrimas, entende? uma mulher chorava em cima de você como se fosse chuva. - disse e eu cocei a nuca já entendendo o sonho. — minha vó sempre fala que todo sonho tem um significado, então quis te contar.
pensei cinco vezes no que iria dizer, estava ficando até estranho já. cadu me olhava esperando uma resposta mas nada saía da minha boca.
— obrigada por ter me contado.. é que..- senti meus olhos arderem. — hm, tem coisas que acontecem né..- fui me perdendo nas palavras e quando me vi estava chorando.
não consegui controlar as lágrimas e tampei meu rosto tentando disfarçar. até que senti braços fortes me envolvendo em um abraço apertado.
— ei, meu bem..vai ficar tudo certo, o que foi? - perguntou baixo rente ao meu ouvido.
— vamos sair daqui, aceito ir pra qualquer lugar. - falei ainda chorando e ele concordou, antes de me afastar beijou minha testa e eu mexi na minha bolsa procurando a chave do carro, quando encontrei entreguei para ele.
(...)
cadu caminhou até minha direção me entregando um copo d'água, ele sentou na minha frente e colocou a mão na minha coxa fazendo carinho enquanto eu ainda soluçava por ter chorado a pouco tempo. ele me trouxe pra sua casa, as meninas tinham se mudado então estava só nós dois no apartamento.
— tá mais calma? - perguntou e limpou a lágrima que caía.
— tô. vou te contar o que está acontecendo..- respirei fundo. — minha mãe tá na clínica de reabilitação, a minha mãe biológica antes que você estranhe. taís na verdade é minha tia mas considero mãe, foi ela quem me criou. minha mãe sempre foi negligente comigo, me deixou assim que nasci e voltava de forma problemática na minha vida durante a infância e um pouco da adolescência. agora pouco tempo ela ligou lá pra casa dizendo que queria falar comigo. - chorei de novo e cadu me puxou para um abraço.
— vai com calma, no seu tempo..desabafa. - disse e eu respirei fundo e me afastei voltando a falar.
— eu tenho medo de como vai ser conversar com ela, ela me fez muito mal, entende? fui uma criança problemática por culpa dela. lutei tanto pra amadurecer, evoluir, melhor e ser quem sou hoje pra ela voltar, a troco de quê? - limpei meu rosto. — eu quero falar com ela, tive um sonho horrível.
— mais sonhos..- ele disse e eu concordei.
— sonhei que ela morria de tristeza na minha frente enquanto pedia perdão, não quero carregar essa culpa. - fui sincera e ele negou.
— você não tem culpa de nada, pretinha. você se afastar é só um reflexo de como você lida com a situação, e está tudo bem! só deixa de ser certo quando começar a te fazer mal. tá te machucando? - perguntou segurando na minha mão enquanto fazia carinho.
— tá. - fui sincera.
— então vamos resolver isso, tô aqui pro que você precisar. - tirou meu cabelo do rosto e eu dei um sorrisinho.
era tão importante ter alguém como ele do meu lado agora. me deixa feliz. me sentia protegida, compreendida e acolhida, fico tão bem com isso.
— sou grata por isso. obrigada, preto! - falei e ele sorriu abrindo os braços e pulou em cima de mim me dando um abraço apertado que renovou um tanto das minhas energias, confesso.
— quero te ver bem, entendeu? - perguntou e eu concordei olhando bem pro seu rosto gravando todos os detalhes em minha memória.
— eu vou ficar, ou melhor, eu tô! - exclamei rindo e ele puxou meu rosto me dando um selinho demorado que se transformou em um beijo calmo e com bastante carinho.
levei minhas mãos até seu cabelo recém cortado e passei minhas unhas levemente fazendo ele se arrepiar, já suas mãos foram até minha cintura me fazendo um carinho gostoso, finalizei aquele beijo com selinhos que foram todos retribuídos.
— você não tinha curso?! - despertei lembrando.
— shhh, relaxa aí pô. - resmungou e saí de baixo dele deitando em seu peito.
— é bom você pegar as matérias depois, hein. - disse e ele concordou enquanto fazia carinho em meu cabelo de olhos fechados.
— tá na paz de deus nega, sossega. - falou me fazendo rir e eu concordei.
fechei meus olhos e fiquei aproveitando o carinho qua alternava entre meu cabelo e minhas costas desnudas.
(: