carlos eduardo
"peço desculpas pela intensidade.
tudo pra mim é multiplicado por cem,
das dores aos amores."encarava aquele texto que eu havia terminado de escrever e cocei a nuca sentindo um vazio, o que não era algo novo.
além do vazio eu sentia tanta falta dela que podia explodir a qualquer momento, me sentia uma bomba relógio.ana luísa era tipo um ímã que felizmente ou infelizmente, eu estava preso e aquilo me desesperava um pouco, de fato.
era uma luta contra o "certo" e o "errado", o certo no caso seria tentar ir até ela, conversar e por fim tentar fazer certo, o que não daria já que com a minha intensidade e o excesso de medo, machucaria ela. isso é fato!
o errado da vez seria deixar ela ir. viver sua vida e por mais que me doa bastante, não doeria nela. isso me parece mais certo que errado.
a verdade é que eu queria que meu pai tivesse pensado dessa forma quando estava com a minha mãe, muita coisa teria sido evitada.. inclusive esse meu jeito e traumas. como eu já disse antes, cresci vendo e aprendendo que o amor é sinônimo da dor, andam lado a lado. o amor machuca, faz sangrar. minha mãe sangrou, sangrou muito! quase uma hemorragia.
o amor matou a minha mãe.
minha mãe teve depressão na verdade, ela só aconteceu depois do meu pai ir embora de casa, foi um dia muito triste. minha mãe chorou tanto, de uma forma que eu nunca tinha a visto chorar. até que ela cansou de chorar e se lamentar, tomou todos os seus frascos de remédio e partiu deixando dois filhos, tristeza e lágrimas.
meu pai? morreu logo após, overdose de álcool. não aguentou a partida da minha mãe e foi de encontro com ela.
acho que no fundo eles até se amavam, mas não souberam como. e por fim deu no que deu, deu em dor. se agora eu fujo do amor é por causa deles, medo terrível de ser uma cópia.
soprei a fumaça da maconha e me levantei vendo a hora, hora de trabalhar né..hoje felizmente seria meu último dia já que consegui que meu patrão me liberasse para "ir ao enterro de um ente querido" eu iria amanhã mesmo, bem cedinho.
infelizmente iria só eu né, já que jéssica e tatiele estavam lotadas de trabalhos... não daria para ir agora.
— senta pro coroa, pô. - cantei essa música infernal que estava rodeando minha cabeça a dias e ri sozinho pensando no quão ruim e aleatória ela era.
depois de arrumado e cheiroso, saí de casa com o celular e as chaves na mão indo trabalhar. estava em cima da hora na verdade, 19h.
(...)
— meus sentimentos, parceiro. - meu patrão disse e eu segurei a risada disfarçando ao máximo.
— obrigado, tião. tô desesperado. - funguei e ele deu dois tapinhas nas minhas costas.
— vai ficar tudo bem, qualquer coisa dá um salve, fica o tempo que precisar..dou meus pulos por aqui. - concordei com a cabeça.
— pode deixar, valeuzão. - pisquei.
depois dele me deixar sozinha comecei a rir baixinho e continuei fazendo meus trabalhos, até 22h já que consegui sair mais cedo, pois estava muito mal.
(: