ana luísa
eu estava parada em uma sala toda branca, em minha frente estava paula sentada em uma poltrona também branca cheia de fios que contava seus batimentos do coração. ela estava diferente, estranha. até que ela começou a chorar, chorar sem parar ao ponto de ficar sem ar. ela tinha um bebê em seu colo que ninava sem parar, o bebê também chorava.
— me perdoa, me perdoa, me perdoa, me perdoa. - ela falava diversas vezes com o bebê. — pega ela.
me aproximei dela e peguei o neném que estava enrolando em uma manta, quando fui tirar de seu rostinho me vi pequena, nos meus primeiros dias de vida, foi quando ela fugiu me deixando com a minha vó e minha mãe taís. falando na taís ela se aproximou pegando a criança de mim levando para longe, deixando só eu e minha mãe novamente.
— eu não queria que fosse assim, filha..eu juro. - chorou mais e eu não sentia nada. não sentia raiva e nem tristeza, mal sentia meu corpo sendo sincera. — chegou minha hora, desculpa.
dito isso ela fungou pela última vez e encostou na poltrona, o aparelho começou a apitar e aí eu entendi que ela tinha morrido. minha mãe morreu de tristeza na minha frente e eu não senti nada.
(...)
acordei num pulo sentindo algo ruim, como se tivesse algo de errado. que pesadelo tenebroso! levantei da cama e fui até meu cofre pegando um álbum de fotos, achei uma única foto da minha mãe que eu não tinha jogado fora. olhei cada detalhe do rosto dela tentando sentir algo ou esquecer, de preferência, perdoar. mas eu sei que não vai ser fácil assim, não enquanto não esclarecermos as coisas. meu celular aptou e eu estiquei o braço pegando.
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cadu :)
bom dia, nalu!
como você tá?
queria te ver hoje p gnt conversar, sonhei contigo.eu
bom dia!
tá, pode ser.
quando e que horas?cadu :)
hoje eu vou pro curso mas saio cedo, podemos nos ver 15h?
lá em frente ao museu, a gnt aproveita p comer alguma coisa.eu
pode ser
até mais tarde ent
beijo.🤍--
respirei fundo largando o celular e fui tomar banho para tentar esfriar a cabeça. entrei no box colocando a água no morno e deixei cair sobre minha cabeça, chorei muito por estar confusa e me sentindo culpada. imagina se minha mãe biológica morre de tristeza? eu não sei o que faço. depois de tomar banho vesti uma roupa simples e me sentei na mesinha que tinha vista para o mar começando a estudar. estudei das 9h até 14h, pausei algumas vezes mas estava me esforçando muito para entender as coisas e para não focar nos problemas que eu estava tendo.
tomei mais um banho e procurei roupa, coloquei um short saia e um cropped branco, nos pés meu air force branquinho de sempre. prendi meu cabelo como eu gostava e fiz baby hair, depois de passar perfume e creme pelo corpo, saí de casa com a chave do carro na mão e a bolsa no ombro, sorte por hoje não ter ninguém em casa, poderia chorar e gritar sem ninguém me perturbar e isso era ótimo.
— boa tarde! - falei com o porteiro e ele me olhou estranho.
— boa tarde, menina. tá com uma carinha..aconteceu algo?! - perguntou ele e eu ri negando com a cabeça.
— tá tudo bem, obrigada! - menti.
peguei meu celular mandando mensagem para cadu avisando que já estava saindo de casa e aproveitei para ver a hora, 14:55. neguei com a cabeça e fui até meu carro destravando ele, entrei no mesmo e passei a dirigir com calma indo em direção ao museu.