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ana luísa

já tinham se passado uma hora desde o ocorrido com a filha da dona lúcia, todos  tinham ido embora e eu , cadu e minha mãe resolvemos ir para casa da dona lúcia dar suporte já que ela tinha acabado de passar por uma situação delicada, sua filha estava drogada, transtornada, quase batendo em sua mãe para que ela ficasse com o seu filho. além disso, quis ficar para ajudar a cuidar do ravi, por mais que não precisasse tanto já que ele era quietinho.

— eu não sei dizer como que ela chegou nesse ponto, eu quase não reconheci a mariana. - dona lúcia falou se lamentando enquanto secava as lágrimas que insistiam em cair.

— podemos tentar fazer uma intervenção, pegar ela nem que seja a força e levar pra clínica. - cadu sugeriu enquanto fazia carinho nas costas do ravi que dormia em seu colo.

— não adianta, ela sempre dá um jeito de sair..- ela reclamou baixinho. — e agora o que vou fazer com o ravi? chegou a fazer xixi na roupa e tudo enquanto a mãe dele gritava.

— o que você vai fazer, lúcia? - minha mãe perguntou. — você não tem condições no momento de cuidar de uma criança, você está pra operar, sua saúde está delicada..- ela pontuou e dona lúcia concordou.

— me parte o coração, mas não sei o que fazer com ele..- ela se lamentou.

— tudo vai se resolver, ele é quietinho..nem dá trabalho, quando eu não estiver trabalhando posso vir aqui, o cadu também, não é amor? - perguntei e meu marido concordou.

— com certeza, faço questão. - ele sorriu. — ele precisa dormir direito, vai ficar com dor no corpo.

— eu vou dar banho nele. - dona lúcia disse se levantando mas minha mãe negou com a cabeça fazendo ela sentar novamente.

— a analu dá, né filha? - me pediu e eu concordei.

— claro, me dá ele aqui. - cadu me estendeu o menino e eu peguei em meu colo, ele era grandinho mas era leve.

fui caminhando com ele até o quarto de hóspedes onde estava as coisas dele e quando chegamos lá, coloquei deitado na cama para tirar suas roupas. ele se mexeu um pouco mas não acordou, depois de tirar as roupas deixei ele lá e liguei o chuveiro no morno enchendo a banheira. esperei vinte minutinhos e coloquei ravi na água, ele se assustou começando a chorar.

— shh, tá tudo bem. - falei com a voz tranquila enquanto passava água no rostinho dele. — vamos só tomar um banho rapidinho, ok? depois você pode dormir o tanto que quiser.

foi como se eu tivesse falado em inglês, ele continuou chorando. ele tinha cinco aninhos de idade, era um fofo. ele quase não tinha os traços da sua mãe, era lindo. no fim do banho ele já não chorava mais, só ficava quietinho olhando pra baixo. coloquei um pijama fresquinho nele e o deixei deitado na cama ligando homem aranha, ele logo ficou atento.. não tirava os olhos da televisão nem por um segundo.

— aqui, a vó dele fez..- meu marido passou pela porta carregando uma garrafinha do homem aranha, nela tinha achocolatado. — aqui, amigão.

ravi ficou meio desconfiado mas aceitou, logo tomando aquela garrafinha enquanto prestava atenção no filme. seus olhos estavam pequenos, parecendo estar com sono. cadu se sentou com a gente e ficou fazendo carinho na minha mão enquanto também prestava atenção no desenho, ficamos nessa até ele finalmente dormir.

(...)

nesse momento deveria de ser 00h, eu e cadu estávamos na beira da praia comendo sorvete enquanto olhava o mar e conversava, como nos velhos tempos.

— fiquei com pena da dona lúcia. - carlos disse e eu olhei pra ele concordando.

— também..deve ser horrível ver um filho daquela forma. - falei e tomei mais um pouco do sorvete. — eu sabia que ela é dependente química, mas não sabia que estava nesse nível..

— poisé. - cadu negou com a cabeça.

— mas eu vejo nela vontade de mudar, você viu..ela entregou o filho porque sabe que faz mal a ele, ela é mãe, mesmo sendo dependente deve doer nela. - disse e ele ficou calado por um tempo.

— as vezes ela não quer mudar, as vezes se acomodou na situação mas não quer afundar o filho junto com ela. - ele disse pensando. — ela é dependente química mas tem o senso.

— é.. faz sentido. nessa história só quero que eles fiquem bem, principalmente dona lúcia e o ravi, os dois não tem culpa de nada disso. - disse e deitei a cabeça no ombro dele recebendo um carinho gostoso.

— ele é fofinho né? todo bonitinho. - cadu falou rindo e eu sorri concordando.

ficamos em silêncio só curtindo o lugar e a companhia um do outro. ele me fazia tão bem, conseguia esquecer a maioria dos meus problemas quando ele estava próximo a mim. só um sorrisinho dele é capaz de melhorar tudo.

— te amo, pretinha. - ele falou no meu ouvido e em seguida deu uma mordidinha me fazendo rir.

— eu te amo, caduzinho. - falei rindo enquanto puxava o rosto dele pra mim selando nossos lábios formando um selinho demorado e gostoso.

— minha vida, minha esposa, minha gostosa, minha analuzinha. - falou e a cada intervalo selava nossos lábios de novo.

quando fomos ver estávamos nos beijando de forma gostosa, nos conectando, mostrando carinho, desejo e afeto. pude sentir as velhas borboletas em meu estômago e aquela euforia que eu sentia no início do namoro. me sentia no auge do amor e paixão com ele novamente e isso é incrível!

(:

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ravi maia, 5 anos

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ravi maia, 5 anos.

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