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ana luísa

entrei na clínica de reabilitação de mãos dadas com cadu e fomos caminhando em passos lentos até a área do quarto, eu estava observando o quão bonita a clínica era. bastante vidro, verde, madeira..uma junção que eu gostava muito. na verdade eu estava nervosa, carlos iria conhecer paula hoje, já que ela tinha pedido. eu não estava com aquele friozinho na barriga que toda pessoa sente quando a mãe vai conhecer seu namorado, eu estava sentindo medo mesmo, ela é muito instável.. tenho medo do que possa ser dito nessa conversa.

— amor, você tem certeza que quer fazer isso hoje? tô te vendo, você está nervosa e insegura. - cadu disse parando de andar, automaticamente me parando também.

— já estamos aqui, vamos acabar com isso de uma vez. - falei o puxando mas ele nem se mexeu.

— não precisamos se você não quiser. - falou calmo e sereno.

— já estamos aqui. - falei respirando fundo tentando ter a mesma serenidade que ele, cadu me puxou para um abraço e deixou um beijo na minha testa, com certeza fiquei bem mais calma.

dei um sorrisinho fraco para ele e entrelacei nossos dedos novamente voltando a caminhar, quando finalmente achei o quarto dela bati na porta e logo fui respondida com um "entra" assim fiz, fui na frente e cadu logo atrás.

— bom dia..- falei e ela sorriu e abriu os braços para abraçar ela, fui rapidinho e lhe dei um meio abraço. — esse é o cadu, meu noivo.

ela pareceu surpresa quando eu disse a última parte, "meu noivo", mas não disse nada.. confesso que agradeci por isso, tinha medo do que ela poderia falar.

— prazer em conhecê-la, dona paula. - cadu falou todo tímido e eu sorri com isso, ele estendeu a mão para minha mãe e ela apertou.

— só paula tá bom, dispenso o dona..sentem. - apontou pras cadeiras e eu me sentei ao lado de cadu e ficando de frente para ela que estava sentada na cama. — noivos?

— noivos. - falei e mostrei a aliança.

— coisa linda.. você que pediu né, cadu? como foi esse pedido? - ela começou a perguntar e cadu contou a história de como foi o pedido de casamento detalhadamente, e eu achava engraçado e bonitinho demais a forma que ele se empolgava com a própria história, só me incomodava um pouco que paula não demostrava muita empolgação.

— e foi assim, não sei como tive tanta coragem.. acho que foi coisa do amor mesmo. - ele falou rindo e eu ri mesmo.

— é, mas se teve coragem pra pedir tem que ter coragem pra casar, acham que estão prontos? - perguntou e eu abaixei a cabeça respirando fundo.

— com certeza, estou contando os minutos. - ele respondeu rindo sem graça. segurei em suas mãos e ele entrelaçou os dedos, comecei a fazer um leve carinho.

— e você filha? acha que vai ter coragem? - me perguntou e eu levantei a cabeça e olhei pra ela concordando com um aceno.

— tenho certeza absoluta que vou ter coragem, é tudo o que eu mais quero. - respondi.

— é, eu também falava a mesma coisa..- me respondeu e eu senti meu corpo tensionar.

— acontece que você não foi casada. - disse seca e pude sentir cadu apertar minha mão.

— claro que fui.

— então você mentiu pra mim, disse que só teve contato com o meu pai para transar e conseguir drogas. - disse ficando nervosa.

— vai querer discutir o quão filha da puta a sua mãe é na frente do seu namoradinho? ah não, noivinho. - disse debochando. — tem certeza que quer entrar pra família? só deus sabe as merdas que você vai ter que aguentar.

— a única merda que a gente tinha que aguentar era as que você fazia, e olha só onde você está, só tenho dor de cabeça se eu quiser, se eu quiser vir aqui. - falei me levantando e cadu se levantou.

— amor, calma..vamos embora. - cadu me pediu baixinho.

— isso, vai embora e leva essa garota daqui.. você tá se achando superior ana luísa? você é problemática igual, não esquece que tu saiu do meu ventre, não foi do ventre da sua titia perfeitinha. você tem o meu sangue! - começou a gritar e eu senti meus olhos arderem formando lágrimas.

— você me envergonha. - disse e dei as costas saindo daquele quarto o mais rápido possível.

— analu, espera. - cadu me pediu e quando olhei pra ele comecei a chorar. — amor..

ele disse em um sussurro e se aproximou de mim me envolvendo em um abraço apertado onde eu desabei. quanto mais eu chorava, mais ele abraçava, me falava que tudo ficaria bem e me dava beijos.

— me desculpa ter te arrastado pra essa merda. - falei entre o choro.

— amor, não tem merda nenhuma. você não tem que se desculpar, tá bom? eu te amo. eu te amo! - disse e puxou meu rosto me dando um selinho. — vamos embora.

olhei pra ele sentindo meu coração palpitar e concordei com a cabeça, entrelaçou nossos dedos e fomos embora.

(...)

estava eu, minha mãe e jéssica em casa vendo coisas de casamento, cadu viu que fiquei triste após o ocorrido com a minha mãe então disse para minha cunhada ir lá na minha me ver, e aqui está ela! me sinto bem mais feliz agora.

— eu não queria um vestido princesa, entende? acho que não combina comigo. eu  gostaria de algo mais clássico. - disse enquanto rolava a tela do pinterest olhando vestidos enquanto bebíamos uma taça de vinho.

— acho vestido princesa lindo, o do meu casamento foi assim..mas acho seu estilo é outro, não é? - jéssica me perguntou e eu concordei.

— vestido sereia, o que acha? - ela me questionou e até minha mãe se animou, concordei mais uma vez na mesma hora.

— mil vezes vestido sereia! - falei.

— então filha, entra nesse site aqui..- minha mãe puxou o notebook de mim e digitou um site, em minutos estávamos em uma site de vestidos de casamento, lá tinha um mais bonito que o outro. — entra na aba de vestidos sereias e vamos reservar, depois marcamos um dia e vamos experimentar lá na loja.

ela falou e eu me animei na mesma hora, comecei a favoritar diversos vestidos com a opinião dela, eu estava sentindo uma ansiedade fora do comum para ir experimentar logo. jesus, o quão bem me faz ficar perto de pessoas de estáveis, que me amam e que tem a energia lá em cima.

:)

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