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ana luísa

caminhava em direção a minha casa vendo aquela imensidão que chamamos de mar, o barulho que ele fazia quando ia e vinha deixava tudo melhor e levava meus pensamentos longe, quando me dei por mim estava dentro do elevador indo em direção ao meu apartamento. empurrei a porta e só vi yara, uma moça que trabalhava aqui em casa.

— boa noite, yara. - sorri chamando a atenção dela e fechei a porta atrás de mim.

— boa noite, filha..ó, dona taís e danúbia acabaram de sair, foram comprar umas coisas aí.

— sério?! tudo bem..- caminhei até meu quarto. — se precisar de algo vou estar no meu cantinho.

— tá bom, querida..vai lá. - continuou fazendo suas coisas e eu abri a porta vendo meu quarto arrumadinho e cheiroso.

peguei um blusão preto e um short de pijama e fui tomar banho enquanto cantava músicas que estavam presas em minha cabeça. 15 minutos depois saí e fui até minha cama deitando perto do meu notebook, abri meu Instagram de fotos e vi algumas curtidas, pessoas novas seguindo e marcando as outras em textos que eu postava.

tinha criado essa conta para postar algumas fotos que eu tirava e pra ser quem eu sou sem vergonha, filtros ou medo. era privada mas teve um dia que esqueci de trancar e algumas pessoas seguiram, eu acabei deixando por isso mesmo e agora eu tenho quase 10k de seres me seguindo lá. eu fico feliz até, eles gostavam das minhas fotos e de quem eu sou.

abri meu spotify e coloquei gal costa, lágrimas negras e fui até minha janela que tinha vista para o mar. a noite já tinha chegado mas mesmo assim ainda tinha pessoas na praia, entra elas o rapaz de mais cedo. pode soar psicopata, mas como eu não tinha mais nada de interessante para fazer fiquei observando ele enquanto comia uva verde sem caroço. se tinha uma coisa que eu gostava de fazer era de observar os outros e as coisas, me faziam pensar em como é a vida e qual o sentido. ainda não achei minhas respostas, e acho que nem vou encontrar, acho que é pessoal demais. o seu sentido de vida pode não ser certo pra mim, e está tudo bem. existe muitas verdades por aí.

saí do meu transe com a porta do meu quarto sendo aberta e minha mãe passou por ela.

— atrapalho? - disse se aproximando e me abraçou colocando as mãos no meu ombro olhando pro mesmo lugar que eu.

— não, tô atoa. - falei respirando fundo e ela concordou.

— vem, vamos jantar e depois tomar um vinho. - disse me olhando.

— vai me transformar em uma alcoólatra. - falei rindo.

— vira essa boca pra lá, garota. - riu e saiu do meu quarto e eu fechei a janela olhando pro mesmo lugar novamente, dessa vez o rapaz olhou mas eu ignorei fechando a janela e dando as costas.

em passos calmos fui até a sala de jantar e as bonitas estavam sentadas me esperando, sentei e já comecei a me servir a lasanha já que estava morta de fome. montei um prato que podia ser considerado grande o que fez danúbia se assustar.

— nossa analu, quanta fome..- falou de forma engraçada e eu e minha mãe começamos a rir. — comeu hoje não?

— não pequena, comi só besteira e não me encheu. - fiz bico e ela concordou e eu comecei a comer dando graças pelo dom de yara pra fazer comida tão gostosa assim.

tais puxou um assunto e começamos a conversar enquanto jantava, o que era muito legal e satisfatório.

(...)

já era 23h e danúbia já tinha ido dormir, restando só eu, tais, uma garrafa de vinho, duas taças e algumas pastas de fotos. nos sentamos na sacada aproveitando aquela vista da orla da praia.

— hm, olha aqui você. - disse após dar um gole em seu vinho tinto e puxou uma foto me mostrando.

— linda desde sempre né. - ri vendo a foto e peguei outra que era eu e ela no dia que fomos morar juntas. — esse dia foi bom.

— foi mesmo, uma das decisões mais importantes que já tomei na minha vida. - falou olhando pro nada parecendo lembrar.

— se arrepende? pode ser sincera, me conhece e sabe que não vou ficar chateada..- menti.

— com certeza não. - riu e cruzou as pernas ficando de frente pra mim. — graças a você eu sou quem sou hoje, mais madura e feliz. me arrependo de muita coisa, mas de te pegar pra mim nunca.

um sorrisão se formou em meus lábios e meus olhos brilharam.

— é que você era tão nova, pegou uma responsabilidade pra si que não precisava. - argumentei.

— não precisava mas eu quis, senti no meu coração que era pra ser e realmente era, olha onde estamos agora. - concordei com a cabeça. - tu é minha filha pô, pode não ser do ventre mas é do coração.

fiz biquinho segurando o choro e ergui os braços sinalizando que era pra ela me abraçar, e assim minha mãe fez, me puxou para um abraço apertado depositando todo seu amor e carinho.

— te amo mundos. - falei no meio do abraço e ela riu dizendo de volta.

nos afastamos e voltamos a conversar sobre diversos assuntos, fofocamos, discutimos sobre certos assuntos e no final ficamos um tanto bêbadas. uma coisa que eu tenho que por em prática é não beber vinho sentada, o resultado é triste.

— mãe, é pra cá..- falei embolado enquanto ria tentando levar taís para seu quarto.

— que pra cá, garota. - falou rindo e abriu a porta que eu tinha dito e era o quarto da danúbia que dormia tranquilamente. — tá pior que eu, hein.

— errei, é aqui. - abri a porta e era o quarto dela, minha mãe foi quase correndo e quando chegou perto da cama tropeçou em um dos seus pés caindo, o que nos fez rir.

após dar boa noite saí de lá me segurando na paredes indo em direção ao meu quarto e assim que cheguei lá fechei a porta e me joguei em minha cama apagando completamente.

(:

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