carlos eduardo
andava pelo corredor do hospital indo entregar os raio-x mas meus pensamentos estavam longe, tanto que nem vi minha colega do trabalho se aproximar de mim e tocar meu ombro.
— eii, cadu? - ela me chamou e sorriu, então apenas olhei para ela esperando falar. — tá bom o pensamento na lua?
tô com o pensamento na ana luísa.
— pior que estou. preciso de um café. - falei enquanto colocava os exames em cima da mesa da recepção.
— eu também. vamos? - me perguntou e eu quando percebi já estava indo enquanto ela falava coisas que eu nem prestava tanta atenção, só concordava com a cabeça as vezes para não deixá-la sem graça. — aqui.
ela me entregou e eu dei um gole. ela era bonita mas nada demais. branca, cabelo preto, baixa e sobrancelha marcada. ela falava com muita animação, me lembrou a analu uns anos atrás, me senti bem por um minuto mas logo em seguida triste, por que não via mais esse lado a um bom tempo.
— poderíamos marcar de tomar uma cerveja depois do trabalho, o que acha? - me chamou e eu cocei a nuca, em seguida pousei minha mão bom a aliança em cima da bancada, deixando a mostra.
— eu não bebo cerveja, mas obrigado pelo convite. - menti.
— tudo bem, nos vemos por aí, cadu! - ela disse e passou por mim alisando meu braço.
(...)
nesse momento eu estava na casa da minha irmã, estava apenas eu, eloá, minha vó, meu vô e jéssica. tatiele estava trabalhando e ana luísa vindo. caía uma chuva tenebrosa e eu estava até preocupado em como a rua estava perigosa para analu dirigir sozinha por aí.
— bonitinha, né? - meu avô disse com um sorrisinho no rosto.
— ela fica quietinha no colo dele, tá vendo rodrigo? - dona januza falou toda orgulhosa e eu sorri ficando um tanto envergonhado.
— benza deus, vou te chamar mais vezes pra olhar ela pra mim, irmão. - jéssica falou rindo e eu ri dando um cheiro na eloá.
— você daria um ótimo pai. - minha avó falou e eu pensei por um tempo, em seguida concordei.
— ansioso por esse momento. - falei e abracei eloá mais um pouco.
— uma pena que não tenha acontecido ainda. - januza disse.
— é..- concordei em um sussurro.
senti uma sensação ruim, ficando um tanto desconfortável mas permaneci ali por mais um tempo. entreguei eloá para meu avô e peguei meu celular vendo que tinha mensagens da analu.
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esposa🤍
tá chovendo muito, vou voltar.
te espero em casa, não precisa voltar com pressa..❤️eu
tá bom
até mais tarde.❤️--
respirei fundo e guardei meu celular no bolso.
— analu não vem mais. - falei e eles se entrem olharam.
— porque? - meu avô perguntou.
— tá chovendo muito, ela teve que voltar. - falei e me sentei no sofá ao lado do seu rodrigo.
— ultimamente ela está distante, não é? me preocupo com a minha nora. - minha avó falou.
— essas coisas acontecem, januza. deixa a menina. - meu avô disse e tocou nas minhas costas me fazendo carinho.
eles se entre olharam, ninguém falou nada. talvez ficaram na expectativa de eu falar algo, mas me mantive em silêncio. não devo e não posso falar nada a eles, não cabe mais. me levantei pegando minhas coisas e saí.
— até mais, tenho que ir. - falei me levantando e eles ficaram olhando sem entender.
me incomodava o fato deles estarem percebendo a mudança da ana luísa, tenho medo que eles tenham uma impressão errada dela. me preocupo. no meio do caminho acabei vendo um ursinho que analu tinha comprado pra eloá, coisa que eu não entendi. ela esteve aqui? então por que mentiu dizendo que não? por que não veio falar com a gente?
tantas perguntas sem respostas.
corri até meu carro fugindo da chuva, dirigi o mais rápido que eu pude até em casa. quando cheguei analu estava sentada no escuro olhando pro nada, seu semblante era triste e seus olhos fundos. quando eu ia falar com ela meu celular começou a vibrar, quando peguei era mensagens da minha irmã dizendo que analu tinha ido lá em sua casa sim, mas não falou com ninguém.
— você foi na jéssica, não foi? - perguntei e ela me olhou, pareceu pensar e então respondeu.
— você sente muito por ainda não ter sido pai? - ela me perguntou e eu senti me atingir em cheio.
ela ouviu.
:)
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volto jajá.