cadu
ana luísa estava dormindo, ela tinha tomado um remédio e acordava chorando do nada e adormecia de novo, nosso filho estava com a minha avó e dona lúcia na pediatria terminando de tomar remédio, ele está com uma virose terrível, a técnica me explicou tudo certinho mas nesse momento eu estava preocupado e resolvendo as coisas da analu e nossa família, meu avô e taís estavam aqui comigo.
— então família, podemos conversar? - perguntou o doutor e quando eu ia responder senti minha esposa me tocar.
— amor, e o meu bebê? ele tá aqui, não está? diz que sim por favor..- ela falou chorosa e eu concordei com a cabeça dando um beijo na testa dela. — cadê o ravi?
— analu, tudo bem? eu sou doutor marques, a sua filhota tá bem, depois eu deixo você ouvir o coraçãozinho dela, tá bom? mas eu preciso que você fique tranquila.
— filhota? - taís perguntou colocando a mão no coração.
— poxa, vocês não sabiam? me desculpa. - o doutor disse sem graça.
— mais uma menininha pro time do vovô! - meu avô disse e a gente riu.
— eu falei, amor! - eu disse rindo.
— minha pretinha! - analu sorriu e tocou na barriga e taís colocou a mão por cima fazendo carinho.
— a notícia foi boa mas preciso conversar com vocês, pode ser? - o senhor marques disse quebrando o clima.
— o que tem de errado? - analu perguntou.
— analu, você teve descolamento de placenta..sua gestação é de risco, eu sinto muito em dizer mas vai ficar tudo bem, ok? contando que você tome todos os cuidados possíveis e impossíveis. - ele disse e minha mulher colocou a mão na boca tampando e eu toquei em seu ombro passando tranquilidade por mais que eu tivesse cagado de medo.
— o que isso significa, doutor? vai ficar tudo bem com a minha netinha? - meu avô perguntou.
— sim! mas isso depende da mãezinha aqui. - ele falou olhando pra analu. — eu preciso que você fique de repouso absoluto, nada de estresse, nada de pegar peso, cuidado com as escadas..eu sei que a senhora tem outro filhote mas por favor, evita de ficar pegando muito ele no colo, ok?
— ok..- ela respondeu em um suspiro.
— bom, sua obstetra vai cuidar de você e qualquer dúvida que surgir você tira com ela mas é basicamente isso. quando o sangramento cessar você pode voltar pra suas atividades normais, tá bom? eu creio que em breve, você ainda está na 20° semana da gestação, vai ficar bem. - respirou fundo e veio até minha mulher tocando no braço dela tranquilizando. — marca uma consulta o mais rápido possível pra resolver a questão de remédios e vitaminas.
— obrigada, doutor. - ela sorriu fraco e ele sorriu de volta e fez toque comigo.
(...)
chegamos em casa era 7h da manhã, até terminar de resolver as coisas e chegar em casa demorou, minha esposa e meu filho dormiam mas eu não conseguia pregar meus olhos de jeito nenhum, já tinha limpado a casa toda, comprei as coisas para ambos tomarem café mas o sono não vinha então resolvi treinar no quintal.
eu treinava pesado para tentar afastar os problemas da minha cabeça mas não conseguia de jeito algum, quando eu via estava orando pedindo a Deus força e sabedoria pra cuidar da minha família, agora com as complicações da gravidez da analu eu não sabia muito bem o que fazer. sentia tanto medo, não sei se aguento perder um filho, não gosto nem de imaginar.
e que loucura, no meio disso tudo me foi confirmado que vou ser pai de uma menininha, que benção! minha nala estava por vir.
saí dos meus pensamentos com a babá eletrônica tocando, ravi estava saindo do quarto. parei de treinar e quando entrei em casa meu filho já estava no meio da escada com o cabelo todo bagunçado e a chupeta na boca.
— fala, campeão..tá cedo cara, quer dormir mais não? - perguntei pegando ele no colo e ravi negou.
— quero ficar com mamãe e você. - meu filho respondeu e eu tirei a chupeta da boca dele, não tinha necessidade ele usar agora, por sorte ele nem reclamou.
— a mamãe tá dodói, então ela tem que descansar, entendeu? - perguntei enquanto colocava ele sentado na bancada. — quer tomar café?
ele concordou com a cabeça.
— mamãe dodói? - ele perguntou e eu concordei.
— a mamãe e a irmã, vamos ter que cuidar delas né..você sabe. - eu disse e ele pareceu pensar.
enquanto isso eu colocava uns pães de queijo no potinho pra ele e um suco de laranja natural na garrafinha.
— eu quero cuidar da mãe e da nala pai, elas vão sarar né? - ele me perguntou e eu concordei.
— sim filho! - entreguei o lanche dele. — aqui.
ele sorriu fraquinho e começou a comer, eu observava meu filho e sentia muita gratidão a deus por essa dádiva que é o ravi, esse menino é surreal.