ana luísa
mais tarde no churrasco, flamengo já tinha ganhado e estávamos comemorando, tinha me soltado e estava conversando com algumas pessoas, e eu e cadu já tínhamos nos acertado.
— aí, essa música é relíquia cadu, vem. - ryan falava acelerado e puxou meu amor para dançar, ele mesmo tímido foi.
em uma rodinha cadu e ryan começaram a dançar e eu ria vendo ele todo tímido mas ainda sim não parava de dançar.
— quebra, du! - maíra exclamou enquanto batia palma e eu ri fraco sentindo uma forçação de barra, mas não é da minha conta.
até que o nariz de ryan começou a sangrar e o clima ficou meio estranho, cadu se aproximou dele falando algo em seu ouvido e os dois saíram de cara fechada. maíra coçou a nuca ficando nervosa e foi atrás deles, não sabia o que fazer então só peguei uma lata de cerveja e fiquei olhando o morro que estava lindo sendo iluminado pelas luzes da favela.
— ou..- olhei e vi cadu com o semblante fechado. — vamos embora.
— vamos meu bem, ryan tá bem? aconteceu algo? - disse enquanto me virava pra ele.
— sim, mas vamos tá? - entrelaçou nossos dedos.
— vamos..- respirei fundo e quando estávamos indo dei tchau para algumas pessoas. — tchau, até mais.
fomos saindo da casa do ryan e eu estava preocupada com a mudança repentina de humor do carlos, assim que entramos no carro me virei olhando pra ele enquanto fazia carinho em sua perna.
— o que aconteceu, preto? - falei com calma e ele respirou fundo.
— nada. - disse só isso e eu concordei.
— me leva pra sua casa? esqueci meu carregador lá, depois vou pra minha casa. - pedi.
— tá, eu te levo. - disse e deu partida descendo o morro
o caminho todo fomos em silêncio enquanto eu fazia um leve carinho na perna dele. eu estava curiosa e preocupada mas não queria invadir a privacidade dele, então eu teria que lidar com isso.
(...)
já na casa de carlos eu procurava minha indentidade e meu carregador, tinha colocado em algum lugar mas não lembrava onde.
— você sempre leva essa identidade pros cantos, nalu. viu se está no bolso dos seus shorts? na sua bolsa? - ele perguntava preocupado.
— vou olhar, mas acho que não está. - falei resmungando e ele colocou a mão na cintura me olhando.
— relaxa, deve estar por aqui. vou tomar um banho rapidinho e te ajudo a procurar, tá bom? - disse enquanto tirava sua roupa e deixava no cantinho.
— tá, preto..vai lá. - disse sem olhar pra ele enquanto revirava meus bolsos procurando a bendita indentidade.
cadu entrou pro banheiro e eu continuei a procurar, até que lembrei que tinha pedido pra guardar com ele, então fui caçar em seus bolsos. fui mexendo em todos os bolsos e quando chegou no da frente estranhei algo, já senti meu coração acelerar por ter uma noção mais ou menos do que era, mas não queria acreditar. até que puxei o pino de cocaína do bolso dele e coloquei a mão na boca sentindo meus olhos arderem. eu não acredito nisso.
— amor, achou? - ele gritou no banheiro mas eu não respondi.
só deus sabe o pavor que eu tinha de drogas e saber que a pessoa que eu estava me relacionando estava usando mesmo sabendo de tudo que eu já passei por conta disso me magoava bastante.
chorando coloquei o pino em cima da bancada e comecei a cantar minhas coisas colocando tudo dentro da minha bolsa inclusive o carregador.
— ana? - ele me chamou e desligou o chuveiro, em passos longos enquanto enrolava a toalha na cintura veio pro quarto, quando viu o pino em cima da bancada e minha cara de choro ficou nervoso. — não é minha, eu juro!
— nessas horas a porra da droga não é de ninguém. - falei tentando fechar a bolsa e ele se aproximou tentando me encostar mas eu me afastei. — não encosta.
— amor, eu te juro que não é minha! - falou coçando a cabeça. — eu tenho pavor de drogas, nunca chegaria perto pô.
— então de quem é? - perguntei olhando nos olhos dele enquanto chorava e pude ver seus olhos marejados também enquanto negava com a cabeça. — de quem é carlos eduardo?
— eu não posso..- falou botando a mão na cintura.
— vai procurar ajuda, carlos. de verdade. - botei a bolsa no ombro e fui saindo do quarto dele.
— espera, eu te levo! - gritou enquanto tentava botar uma roupa qualquer.
— não quero ficar próxima de você, me deixa. - falei saindo do apartamento dele e bati a porta forte.
chorando desci aquele prédio todo o mais rápido possível enquanto pedia um uber.
eu não posso acreditar nisso, eu não posso!
eu estava assustada, decepcionada, confusa e chateada. acreditaria isso de qualquer pessoa, menos dele! levei carlos pra ver minha mãe junto comigo que também é uma viciada e ele faz isso? porra! podia ter ao menos me contado.
entrei no uber dando boa noite e desejei chegar o mais rápido possível em casa, eu só queria chorar e pensar nessa situação.
(: