ana luísa
nesse momento eu estava terminando de arrumar as coisas do ravi para que enfim, irmos até o tribunal e resolver a questão da guarda. meu filho nesses dias estava quietinho, só queria saber de ficar grudado comigo e com o cadu, nem na escola estava conseguindo ficar.. acho que no fundo ele tinha um pouco a noção de que poderíamos ser separados.
— amor, vamos? - cadu me chamou da porta com a voz mansa, chamando a atenção de ravi lentamente.
apenas concordei com a cabeça e peguei ravi em meu colo e sua mochila onde tinha uma troca de roupa, suco, pão de queijo, fruta e seu ursinho. saímos de casa juntos, meu marido segurava minha mão e eu nosso filho em meu colo. quando entramos no carro coloquei ravi na cadeirinha e ele reclamou um pouco, mas quando entreguei seu ursinho e sua chupeta ele parou. cadu deu partida com o carro indo em direção a onde iria ocorrer a audiência. durante o caminho eu fazia carinho em sua mão e ele alisava minhas coxas, mas nenhum de nós dois falava algo.. exceto agora.
— estamos bem, amor. - ele falou baixinho e eu concordei segurando na mão dele firme.
— estamos! - concordei com a cabeça e forcei um sorriso.
finalmente chegamos e cadu estacionou, em frente já estava minha mãe, meu sogro e dona lúcia. saí do carro carregando a mochila do ravi e cadu com ele no colo. fui ansiosamente até minha mãe e ela me abraçou apertado, dona lúcia e meu sogro também.
— e aí, minha filha? - seu rodrigo disse e eu apenas sorri. — vamos nessa!
(...)
a audiência já tinha se inciado e eu não conseguia prestar atenção em nada, só pensava em ir embora com meu filho e continuar vivendo com a minha família em paz.
— senhorita, ana luísa? - me chamaram me tirando do transe e pude sentir a mão do cadu em minha coxa, me fazendo despertar.
— sim! me desculpe..- falei olhando para o juiz.
— a senhorita ouviu a pergunta que eu lhe fiz? - me perguntou e eu respirei fundo negando com a cabeça.
— se o senhor me permite dizer...- comecei a falar interrompendo ele. — eu já lhe peço desculpas pela minha falta de educação mas eu preciso muito falar!
cadu apertou forte minha mão, confuso com a minha atitude. as pessoas presentes também se sentiam confusas e eu entendo.
— eu te imploro para que me deixe sair desse tribunal com meu filho no colo junto da minha família. - falei em um ato de desespero. — o ravi me chama de mamãe, chama o meu marido de pai, chama a minha mãe e a minha sogra de vó, ele e minha irmã são melhores amigos. ele é da nossa família, você consegue entender isso?
cadu apertou minha mão mais uma vez, me encorajando a dizer o que estava entalado.
— senhor juiz, por favor! não me deixa perder mais um filho não..- falei sentindo as lágrimas caírem. — eu juro que não sei mais como viver sem o meu marido, eu simplesmente não consigo.. não faz isso comigo, por favor..- pedi em um sussurro e ele me olhou nos olhos por alguns instantes mas logo desviou, me fazendo tremer de medo.
eu tinha estragado tudo? eu vacilei? eu deveria ter ficado em silêncio? irei ver meu filho mais uma vez? meu coração foi acalmado por um pequeno instante quando senti os lábios de cadu tocarem meu rosto, me deixando tranquila.