Futuro - Desconfortos

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_Sinto em interrompe-lo a esse horário – Severo disse, passando pela gárgula que levava a sala do diretor, visivelmente contrariado depois de ter que repetir aquela senha absurdamente ridícula que era imposta por ele.

Snape havia refletido durante todo aquele dia, se deveria ou não reportar o ocorrido mais cedo na sala de defesa ao diretor, era grave, ele sabia e isso por si só já justificaria, mas ele não queria demonstrar preocupação com uma aluna em especifico e correr o risco de ser interpretado de forma errada por ele, porém depois de sua visita a sala comunal da sonserina essa noite, ele percebeu que aquela garotinha estupida iria ser sua ruina, era inconcebível ter que salva-la duas vezes no mesmo dia em situações tão distintas, e sem falar que o olhar dela o havia atingido em cheio, era o olhar de Maeva, porém personificado no corpo de uma criança negligenciada, por Merlin ele estava vivendo em um pesadelo, um pesadelo real, bem que ele queria jogar um copo de água no seu rosto e acordar, e a simples lembrança daquela cena icônica o fez querer rir, de tão absurdo e ridículo que tinha sido.

_Boa noite Severo – Alvo disse descendo lentamente os degraus da escada que levavam a parte superior do seu escritório, enquanto Severo aproveitava para se acomodar em uma das poltronas posicionadas em frente à mesa principal, não era o tipo de assunto que ele estava acostumado a tratar ali e aquilo também lhe causava um certo desconforto, mas principalmente por que ele sabia que havia sim uma pitada de preocupação e que não passaria despercebido, afinal desde quando ele o temível professor de poções se preocupava com um aluno a esse ponto, levando adiante algum assunto no primeiro dia de aula? – a que devo a honra, não é de costume receber visitas suas, principalmente a esse horário – ele disse enquanto sorria, por que ele sempre tinha que ser tão irritável mente alegórico? agindo como quem estivesse esperando que aquilo fosse acontecer.

_De fato Alvo – Severo disse encontrando os olhos azuis do diretor - tenho algumas considerações bastante pertinentes, e como meus próximos dias estão bem cheios achei que não seria prudente da minha parte esperar tanto, visto que me foi imposto um fardo do qual eu nunca tive e reforço não tenho nenhuma pretensão de carregar.

_Hummm é sobre a garota eu suponho – o diretor disse enquanto se sentava e oferecia um doce, doce esse que Severo nunca aceitou, ele não gostava de doces, e Alvo sabia.

_Ela vai ser um problema Alvo – ele disse de forma objetiva - um problema do qual por mais que eu queira ignorar, e acredite o que eu mais quero nessa situação é ignorar, mas você sabe muito bem que eu não posso, já que de todas as casas ela caiu de paraquedas bem abaixo daquela que está sob a minha responsabilidade, então não posso simplesmente fingir que ela não está lá ou que não existe, já que em apenas um único dia, seu primeiro dia letivo aqui nessa escola eu já tive que tira-la de duas ocorrências bastante sérias e que poderiam acarretar em danos físicos consideráveis, o que me faz estar aqui essa noite fazendo o que você sabe não ser um hábito, mas ela vai ser um problema, visto que ela os atrai assim como um imã.

_Entendo – ele fez uma pausa parecendo escolher as próximas palavras – Sabe Severo, antes mesmo de ser sua filha... – ali estava, Snape sabia que essa seria a primeira linha de raciocínio do velho, ele faria, já que ele havia interpretado tudo que foi dito por ele até ali como uma simples preocupação paternal, não se tratava disso, nunca seria.

_Não a chame assim! – Severo esbravejou, levantando o tom de voz, ele não toleraria esse tipo de menção, aquele velho precisava parar imediatamente - ela não é minha filha Alvo, eu não tive filhos eu nunca quis tê-los então não use essa referência ao citar ela pra mim nunca mais – Severo disse o interrompendo de forma brusca, ele não havia concordado com aquilo, e ele não precisava ser lembrando das circunstâncias pelas quais ela havia sido concebida, aquela garotinha era a filha de Maeva unicamente de Maeva, já que ela havia decidido por si só gerar uma vida sem o seu consentimento.

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