Passado - Natal de 1980

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25/12/1980 - o inicio (talvez essa fic devesse ter começado por esse capitulo... talvez...)

Ele não sabia dizer ao certo o que o levou a aquele endereço, justamente naquele dia, ele não era dado a sentimentalismo e pouco se importava com datas festivas, principalmente aquela, um feriado potencializado por trouxas, com decorações exageradas e de muito mal gosto, barulho excessivo e muita correria... mas ali estava ele, usando suas vestes de comensal, se camuflando na escuridão da noite, ainda sentindo na pele a adrenalina de pela primeira vez em meses, não obedecer as ordens de seu mestre, ele sabia o que aquilo poderia significar, mas estava arriscando... Lucius o estaria encobrindo naquela noite, uma pequena troca de favores entre eles, claro Lucius não fazia ideia de suas intenções, ninguém sabia, era melhor assim... mas ele deveria estar em Chelsea agora, famoso bairro Londrino, num ataque a comunidade trouxa local, seria apenas uma distração a ordem, e uma lição aos trouxas que perdiam seu precioso tempo, e gastavam seu dinheiro inútil, ostentando e comemorando lá.

Ele olhou para a casa à sua frente, era simples, ele esperava algo mais arrojado? talvez... e se ela estivesse acompanhada? Afinal ainda era natal, e se tivesse alguém da ordem à espreita? ele estava sendo um tolo? talvez... ele poderia estar comprometendo seu disfarce, mas algo dentro dele gritava para prosseguir... ele havia ido até ali, ele não era de retroceder e tão pouco desistir... ele queria muito fazer aquilo, era algo que ele vinha planejando desde que ela o abordou daquele jeito na cabeça do Javali aquele dia... quem ela pensava que era? E nos dias que se seguiram ele não conseguia deixar de pensar naquilo que ela havia dito, ele não se sentia à vontade com as palavras dela, ele queria confronta-la, e dizer que estava errada, por que isso o incomodava tanto?

Então ele tocou a campainha, é claro que seria mais fácil simplesmente entrar, mas ela não era uma bruxa qualquer, ela era esperta e muito poderosa, estava na Ordem a algum tempo e certamente haviam proteções, muitas delas, ele não queria causar nenhum alarde, não ainda... desse modo optou em usar os métodos trouxas tradicionais, era patético, ele Severo Snape, tocando a campainha de uma casa na Londres trouxa em pleno Natal, apenas por que achava que lhe devia uma resposta a altura... era o que ele pensava, mas não podia ser só isso... seu coração acelerou e ele quase recuou, mas não precisou muito para que alguém abrisse a porta e ali estava ela, de robe, cabelos presos de forma desajustada e pantufas... espera... pantufas... aquilo era um cisne? Ela usava pantufas rosas de cisne? Aquilo era ainda mais patético, ela se assustou ao vê-lo daquele jeito, sim as vestes de comensal não eram muito amigáveis e ela já as conhecia muito bem, mas ele não usava máscara, então ela se recompôs assim que o reconheceu, qual era o problema dela? Por que ela não sentia medo dele?

_Severo – ela disse segurando a porta – o que está fazendo aqui... Em Londres? – ela pediu fechando o robe melhor, ela havia corado e ele não pode deixar de notar a silhueta do seu corpo embaixo daquele tecido fino, ele sorriu com o canto da boca, ela era incrivelmente atraente, mesmo naqueles trajes, não era apropriado receber alguém assim... mas certamente ela não estava esperando por visitas a esse horário, ele a encarou, eles nunca foram muito próximos em Hogwarts, mesmo que fossem da Sonserina, eles haviam cursado apenas um ano juntos, em anos distintos, aquele havia sido um ano conturbado para ele, e ela era um ano mais nova, ainda assim ele se lembrava bem dela, aquela garota de cabelos castanhos e olhos verdes, ela chamava a sua atenção assim como chamava a atenção de muitos outros alunos, ela era impecavelmente bela... ela era...

_Quem está aí Maeva? – ele ouviu uma voz que interrompeu seus pensamentos... era uma voz masculina e aquilo o desconcertou, ele não sabia que ela tinha alguém, aquilo foi um erro e ele se arrependeu naquele mesmo instante de ter sido tão atrevido, ele recuou, descendo dois degraus.

_Não deveria ter vindo, obviamente está ocupada – ele disse fazendo menção em se virar, ele iria aparatar para longe dali.

_Não estou – ela disse para ele, enquanto se virava para dentro da casa – um amigo – ela respondeu para aquele que havia perguntado, um amigo? Ela havia dito, eles mal se falavam... eles estavam em lados opostos da guerra, eles deveriam se odiar, se matar talvez? ela havia sido gentil – ainda não respondeu minha pergunta Severo – ela se voltou para ele outra vez – como me encontrou? Por acaso andou me seguindo? – ela perguntou, ela estava esperando por respostas, respostas que ele não queria oferecer, não aquelas... estava se sentindo ridículo ali agora... aquilo era um erro, o que ele pensou que estaria fazendo?

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