Futuro - O Livro

109 8 4
                                    

Ao som de:
Fathers & Daughters (Michael Bolton)

_Com licença professor... eu posso entrar? – Shara perguntou, assim que o ultimo aluno da turma havia passado pela porta, liberando a sala de aula de poções... Shara estava nervosa e um tanto quanto impaciente também, não pra menos afinal os acontecimentos da noite anterior ainda estavam bastante vivos em sua mente, e tudo aquilo não a havia deixado dormir... o desfecho com a Hidra, os elos que Catie havia criado, nada ali havia sido racional e Shara não podia simplesmente ignorar tudo isso para se concentrar em qualquer outra coisa ou atividade, e como prova concisa a aula de feitiços daquela manhã havia sido um desastre completo, estando tão imersa em seu mundo e realidade ela acabou por confundir as orientações repassadas pelo professor e quase ateou fogo em metade da sala aula, ação que deixou o professor Flitwick um tanto quanto exaltado, e numa ação exageradamente temperamental, ele a dispensou da classe com alguns e nada sutis gritos de histeria... obviamente que Shara recebeu uma detenção além de um advertência mal escrita que Flitwick fez questão que ela entregasse ao seu chefe de casa, em suas próprias palavras... "imediatamente"... e bem... ali estava ela... esperando o pior é claro, seu pai ergueu uma das sobrancelhas em sua direção lhe lançando um olhar de reprimenda, sim... eles tinham um acordo explícito que se referia em não procura-lo ou interrompe-lo em suas atividades letivas... mas aquilo era uma exceção e ela estava apenas obedecendo ordens e bem... não era exatamente em horário de aula... enfim, fato é que... com o término daquele ano letivo, ninguém absolutamente ninguém estava prestando atenção neles ou naquilo que eles faziam... então não era exatamente algo a se preocupar... e haviam as mentorias, as mentorias sempre justificavam tudo, se fosse esse o caso.

_Seja breve – ele acenou de forma curta, enquanto organizava o que parecia ter sido as notas daquela aula, ela esticou o braço em sua direção, estendendo-lhe o bilhete, o obrigando a parar seja lá o que estivesse fazendo... para encará-la.

_Eu... tive alguns problemas na aula hoje – ela foi direta, nesse caso quanto mais breve e objetivo fosse, menos ruim seria... esse negócio de postergar o sofrimento não era muito do seu feitio... embora ainda assim Shara se sentisse apreensiva, afinal não era necessário conhece-lo bem para saber que a reação dele seria a pior possível... fato é que o semblante dele tornava-se cada vez mais tenso a medida que avançava na leitura... e ela quase podia tocar a aura de desaprovação que emanou dele quando seus olhos se levantaram do papel e a encararam com frieza... ele permaneceu em silêncio por um momento, fitando-a com uma intensidade que fez seu estômago revirar... - eu... sinto muito - ela tentou, não sabendo se faria algum efeito, mas tentando captar qualquer reação da parte dele... compaixão talvez?

_Bombarda... – ele exclamou entre os dentes.

_Bombarda máxima – ela o corrigiu se encolhendo um tanto e fazendo ele bufar... ele nitidamente estava tentando alguma espécie de auto controle ali.

_Confundir as instruções e quase incendiar a sala de aula de feitiços não é apenas um problema, Srta. Epson... – ótimo e agora ele estava usando o seu sobrenome - mas sim... uma negligência inaceitável - Shara se encolheu um pouco mais diante da maneira arrastada como aquilo foi dito, até por que... aquilo não era apenas sobre o que ele dizia, mas sim sobre a forma como ele fazia parecer ainda mais terrível ao dize-lo...

_Eu... eu sei que isso não justifica... eu sei ok?... mas eu não consegui dormir essa noite - ela meio que sussurrou, sua voz estava vacilante - os acontecimentos de ontem... bem... o senhor sabe, eles me deixaram muito agitada que... eu simplesmente não pude descansar... e eu estou exausta e estou... tentando processar tudo aquilo e... minha mente está a mil... eu não consigo parar... está uma bagunça aqui dentro – ela apontou para a própria cabeça e bocejou de forma indulgente, contudo aquilo havia sido involuntário... seu pai bufou mais uma vez, claramente nenhum pouco impressionado com suas justificativas.

Destinos improváveisOnde histórias criam vida. Descubra agora