Futuro - Brincos novos

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_E por acaso esperava que eu fizesse o que? Que eu inventasse alguma mentira? Que eu dissesse que tudo não passava de ilusão? Que aquilo eram meras fantasias criadas com a sua imaginação infantil? Acredite Alvo eu já tentei algo parecido no passado e não funcionou, pelo contrário só fez com que tudo piorasse – Severo disse elevando um pouco a voz, honestamente ele estava começando a perder a paciência com aquelas investidas e cobranças do diretor - se é isso que espera de mim, lamento, pois dessa vez terei que desapontá-lo – ele concluiu completamente certo daquilo.

_Não achei que fosse dado a esse tipo de sentimentalismo Severo – Alvo o encarou sabendo que aquilo o afetaria de alguma forma – use o bom senso, quanto mais a menina souber, mais arriscado será mantê-la em segurança.

_Ela é esperta Alvo, muito esperta – Severo disse ignorando a menção sobre a parte sentimental, ele não era sentimental, mas ultimamente nem ele conseguia explicar determinadas ações e comportamentos, era difícil admitir que aquela criança o estava mudando – como eu disse, tudo que ela disse mais cedo na ala hospitalar, aquelas conclusões foram formuladas por ela e não por mim.

_Você alimenta aquilo, quando não se posiciona – Alvo disse o cercando – eu nunca achei que iria precisar pedir para que você se comportasse com firmeza com algum aluno Severo, mas até nisso você tem me surpreendido – ele disse desapontado, Severo suspirou fundo, tentando manter ali o pouco de auto controle que ainda restava, ele sabia que Shara havia de fato se tornado a sua maior fraqueza, mas era inadmissível que a essa altura e depois de todo esse tempo o diretor ousasse repreendê-lo por algo assim, quem aquele velho pensa que é para ditar as suas regras de conduta dessa forma?

_Me posicionar? – ele pediu de forma irônica – deixa eu ver se entendi, você quer que eu me posicione diante do óbvio – Severo riu em deboche enquanto se aproximava mais dele, apenas para forçar aquele contato visual - são fatos Alvo, FATOS e não existe muito a ser feito nesse sentido, e você sabe disso - Severo o olhou com frieza.

_A criança, ela confia em você Severo, use isso – aquele era Alvo Dumbledore, sim, nenhuma surpresa, mas ele estava indo longe demais para o seu gosto ali, Severo cerrou os punhos.

_Enão é isso, você quer que eu me aproveite dessa confiança para a manipular – Severo apontou aquilo de forma rude – então essa é a sua orientação? - ele o olhou com desprezo, dando uma chance para que ele reformulasse aquilo, mas ele não fez - sabe, isso não deveria me surpreender afinal de contas, essa é à sua maneira de controlar as coisas, manipulando aqueles que estão a sua volta, não é mesmo? – ele o encarou, e o diretor entendeu exatamente o que ele estava insinuando com aquilo.

_Basta Severo, não se trata disso– Fazia tempo que Alvo não usava aquele tom de voz com ele – você não está pensando, não está sendo prudente, não vou tomar mais do seu tempo e nem perder o meu discutindo isso com você... não agora, descanse e reflita, quem sabe amanhã seja um dia mais...

_Essa é minha palavra final - ele o interrompeu, não havia mais nada a ser discutido ali.

_Pois bem, já que me obriga – Alvo disse se virando de costas para ele - dessa vez, isso não é um pedido Severo - ele disse com frieza – mas sim uma ordem - Severo se afastou, se aproximando da lareira, desde que Alvo o havia recebido naquele fatídico dia a tantos anos atrás e o acolhido, não houve um pedido sequer que ele não tivesse atendido, mas ele não conseguia abranger aquilo, por que ele estava agindo daquela maneira? A ponto de forca-lo a algo tão baixo, era óbvio que ele podia ver o perigo, mas era evidente também o quão esperta ela era e que ela chegaria lá, já que tudo que ela vinha fazendo até o momento desde o dia que ela pisou naquela escola era correr atrás das respostas, ele concordava com o fato de jamais revelar sua paternidade, ele não queria aquilo, ele nem sequer saberia o que fazer com aquilo, e haviam inúmeras razões que provavam o quanto isso não era a coisa certa a se fazer, ele colecionava inimigos, em ambos os lados, ela seria uma presa fácil, mas havia a sua ancestralidade e ele não conseguia entender o zelo excessivo do diretor em esconder aquilo, o que ele estava perdendo ali?  - Você não entende – Alvo disse se virando e ele parecia ainda mais velho ali, não ele não entendia, os últimos dias haviam sido esclarecedores, agora ele conhecia aquela criança como ninguém mais ali poderia, a dor, as humilhações e até mesmo as suas escolhas, ao seu ponto de vista Maeva morreu em vão.

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