Futuro - Antony de Cistina

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Severo caminhou até seus aposentos pessoais nas masmorras, seu pensamento estava acelerado, ele sabia que dificilmente iria conseguir dormir naquele estado, decidido, ele se aproximou do bar e abriu a garrafa de whisky de fogo que estava pela metade, segurando o copo em uma das mãos e a garrafa na outra com bastante firmeza, enquanto repassava um a um os acontecimentos daquele dia, mais especificamente os recentes, os das últimas horas, ele suspirou cansado, verdadeiramente cansado, seus dias nunca mais foram os mesmos desde que aquela criança pisou no castelo.

Ele estava tão terrivelmente bravo com ela, ela que havia mentido, o enganado e o desobedecido tão descaradamente, e então ele foi até ela, ele jamais deixaria algo assim passar, ele queria surpreende-la, humilha-la e fazê-la se arrepender da decisão que havia tomado... mas algo mudou assim que ele a viu naquele estado deplorável lá fora, a expressão de medo, e o horror marcado em seu semblante o fizeram recuar instantaneamente, e então ao invés de colocar os seus planos em prática e machucá-la com palavras... ele se viu preocupado com ela, querendo saber o que havia acontecido para deixá-la naquele estado, ele queria defende-la, protegê-la... sim naquele momento ele poderia ser capaz de matar por ela... e aquilo era um sentimento grandioso... que o paralisou, afinal que sentimento era aquele? E então ela se jogou em seus braços sem ressalvas, em busca de ajuda e de acolhimento, ele estava ciente do fato dela não gostar de se expor em público ou de chamar qualquer atenção sobre si, mas ainda assim ela não se importou com quem quer que estivesse assistindo aquilo, inclusive sustentou sua posição até o final... e isso despertou algo desconhecido dentro dele, além do fato de se sentir impotente, não sabendo exatamente como agir a partir daquele ponto, nem como retribuir e dar a ela a proteção que era necessário, ele nunca havia se sentindo assim antes, pelo contrário em situações como essas ele sempre era o primeiro a saber como agir e o que fazer, mas não ali, não com ela... ele fechou a garrafa outra vez, o copo ainda intocado... o que ele estava fazendo? ele não era dado a esse tipo de sentimentalismo, ele precisava espairecer... guardando os utensílios em suas vestes ele saiu.

Era tarde e o toque de recolher já havia passado a um bom tempo agora, os corredores estavam completamente vazios, então ele atravessou o castelo sem nenhuma barreira ou dificuldade, já do lado de fora, ele caminhou até o pátio central e se escorou em um dos arcos que faziam divisa do castelo com o restante do terreno da escola, a brisa estava ótima, e a luz da lua deixava o lugar ainda mais impressionante, aquela tinha tudo para ser uma noite como qualquer outra, se não fosse pelo perigo que rondava aquele lugar, especificamente do lado de fora daqueles arcos, ele abriu a garrafa derramando um pouco da bebida em seu copo.

_ Não sabia que costumava beber aqui fora - Minerva disse se aproximando, provavelmente ela também estava buscando um pouco de ar fresco, ele conjurou outro copo à servindo.

_Eu não costumo - ele respondeu brevemente.

_Dificuldades para dormir? - ela perguntou aceitando a bebida, e a bebendo de uma única vez.

_Também não costumo dormir - ele disse de forma vaga, e aquilo fez ela gargalhar um pouco, fato que ele achou exagerado.

_Pois deveria, costuma fazer bem - ela aconselhou com uma pontada de ironia, se virando para encarar o vazio a sua frente - Fugde acabou de sair daqui - ela informou - sabe... depois que você se ausentou a sala do diretor virou um circo, Alvo terá bastante em suas costas para lidar nos próximos dias - ela suspirou cansada.

_Tenho certeza de que o diretor já pensou em todos os detalhes e mantém tudo sob controle - Severo disse, conhecendo Alvo, sim ele sempre tinha estratégias em mente.

_Contudo, não será fácil, tivemos duas baixas nos nossos terrenos essa noite, baixas que aparentemente ninguém sabe explicar por quem ou como exatamente elas aconteceram. Fugde acha que poderá haver uma rebelião entre os aurores se os fatos não forem apurados adequadamente, e acredite ele pensa que podemos estar encobrindo algo assim, ah francamente eu não consigo entender como um homem como aquele se tornou ministro, por vezes sinto que estamos regredindo - Minerva parecia exausta, naquele ponto.

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